quinta-feira, 3 de julho de 2014

"Deux jours, une nuit"

(onde se fica a conhecer a comissão de protecção dos filmes intimistas)


Sexta-feira, no final do dia, uma colega telefona à Sandra para lhe dizer que tem de ir imediatamente ter com ela à fábrica para falarem com o patrão. De baixa por depressão há meses, a operária preparava-se para voltar ao trabalho, quando é confrontada com a decisão do patrão de que a crise o obriga a optar entre o posto de trabalho dela e o prémio anual dos 17 colegas. É impossível pagar ambos e o pessoal foi chamado a votar: optaram pelo despedimento da Sandra. Dado que o contramestre da fábrica tinha andado a manipular o pessoal, o patrão aceita que a decisão vá novamente a voto na segunda-feira seguinte. 

Sandra tem, então, dois dias e uma noite para falar pessoalmente com todos os colegas e tentar convencê-los a desistir do prémio de mil euros para poder manter o seu posto de trabalho. A quantia parece irrisória, mas ganha outra dimensão aos olhos de pessoas confrontadas com filhos a estudar na faculdade, o desemprego do outro membro do casal, uma doença, um novo bebé, obras em casa… 

Marion Cotillard desempenha um papel fantástico neste filme dos irmãos Dardenne. Um filme belga, inteiramente filmado em Seraing, nos arredores de Liège. Gostámos, muito, muito… 

 

[ Apesar de o senhor que estava no bar (e na bilheteira e no vestiário e à entrada das salas) se ter recusado a vender-me pipocas, porque se tratava de um “filme intimista” e que as pessoas não gostavam de ser incomodadas com o barulho neste tipo de filmes. Mas podia vender-me um saquinho de amendoins ou um gelado. Pipocas é que não. Também podia escolher outro filme, obviamente “não intimista”, onde podia comer pipocas à vontade. Ficámos a pensar se um filme pornográfico seria considerado “intimista” e se o barulho das pipocas perturbaria o bom desenrolar do mesmo… ]
 
 

4 comentários:

  1. Até aposto que há um regulamento escrito a definir as regras do amendoim e da pipoca.

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  2. Por acaso concordo com este senhor e gostaria que todos os cinemas tivessem esta regra. De que interessa ter som surround e Dolby digital se so se ouve o barulho das pessoas as mastigar a porcaria das pipocas?

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  3. Ah... mas quanto ao barulho das pipocas poder ser incomodativo, eu estou completamente de acordo contigo! Acho que os cinemas devem decidir se vendem ou não pipocas e, quando escolhes determinado cinema, já sabes o que te espera. O que não me parece normal é haver "alguém" (sabe-se lá quem) que decida unilateralmente em que filmes se pode ou não comer pipocas!

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  4. Olha, tu devias era ter vergonha por ter pedido pipocas para veres um filme "intimista" (que no meu tempo se chamava apenas "bom cinema") ou qualquer outro filme, em verdade. Quando lá voltares manda da minha parte os parabéns ao homem multi-funções, que ainda por cima também tem essa magna responsabilidade de impedir que as crianças (e aparentados) perturbem o prazer dos outros a mascar alarvemente pipocas ;-)

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