tag:blogger.com,1999:blog-28691956590581275872024-02-19T03:53:01.296+01:00Amigo ImaginárioAventuras e desventuras de três almas perdidas algures no fim do mundo...
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.comBlogger529125tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-81184041696740940882018-03-25T23:28:00.000+02:002018-03-25T23:28:39.747+02:00Ni juge, ni soumise<br />
<h3 style="line-height: normal; text-align: center;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">(onde se faz a apologia da sala de
cinema, </span></h3>
<h3 style="line-height: normal; text-align: center;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">quando queríamos era vender o filme)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Sou sincera: deixei de “ir ao cinema”
há anos, na verdadeira acepção do termo. Ainda me lembro de ver os horários dos
filmes no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Expresso</i> e de escolher a
sala de cinema em função disso. Muitas vezes meia hora antes de o filme
começar. Para quem vivia e estudava em Lisboa, a oferta era muitíssimo variada.
Apesar de ser uma cinéfila assumida, nunca fui uma cliente fiel de uma sala de
cinema específica. Quer dizer, só era fiel às pipocas da Lusomundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Até emigrar para a Bélgica. E descobrir
o “nosso cinema”, em Stavelot. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ciné
Versailles</i>, um dos mais antigos cinemas europeus. É uma pérola rara. Desde
que foi inaugurado, em 1913, nunca interrompeu a programação. Nem sequer
durante as duas grandes guerras. Creio que já devo ter falado nele algures por
aqui. Muito provavelmente porque o dono é anti-pipocas. É dificílimo conseguir
que nos venda um saco de pipocas. Com grande esforço, lá conseguimos
arrancar-lhe um saquito se formos ver uma comédia francesa qualquer. Nos “filmes
intimistas” não há cá pipocas para ninguém, para não incomodar o público. Mesmo
que só haja mais uma pessoa na sala. O problema é que, quatro anos depois de
termos começado a frequentar assiduamente o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ciné
Versailles</i>, ainda não percebemos bem o que é um “filme intimista”, que vai
variando consoante os humores do dono bastante <i style="mso-bidi-font-style: normal;">sui generis</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Contudo, é injusto reduzir esta sala
de cinema à problemática tão comezinha das pipocas. Porque a verdade é que a
programação é excelente. Estou desconfiada de que o dono também é
anti-americano. Os filmes da moda e os “oscarizáveis” nunca por lá passam. Muito
menos as comédias americanas. O cinema estrangeiro ligeiramente alternativo tem
sempre primazia. Não raras vezes os filmes são legendados, o que é um autêntico
achado neste país. Tanto mais que só pagamos 6 euros. E que o décimo filme é
sempre gratuito. Há quase sempre um documentário em cartaz. Ou um filme de
pendor ecológico/social. Não raras vezes, há sessões que contam com a presença
do realizador e que acabam com um debate muito interessante, que lança novas
pistas de interpretação. Mais do que uma sala de cinema, o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ciné Versailles</i> é um clube de cinema que nos conquistou de imediato.
Actualmente, já não frequentamos outros cinemas (excepto nas estreias do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Starwars</i>…). Deixamo-nos sempre levar
pela programação semanal do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ciné Versailles</i>,
apesar de só ter duas salas. Em caso de dúvida, seguimos o conselho do dono.
Nunca nos arrependemos. Quer dizer… houve dois filmes em que me arrependi amargamente
de ter levado o Vasco. O dono e a esposa já nos conhecem bem e estão habituados
a ver-nos chegar a quatro. O Vasco foi adoptado como “mini-cinéfilo” de excepção
e tudo lhe é permitido. Neste último filme, ainda ponderei dizer qualquer coisa
à saída … Tal como da outra vez, optei por me calar. Eu é que sou a mãe. Eu é
que devia ter feito investigações mais apuradas antes de irmos ver “Ni juge, ni
soumise”, de Jean Libon e Yves Hinant. Azar. O mal estava feito. A verdade é
que a linguagem a dada altura era tão crua, que o Vasco não percebeu nada.
Quanto à crueza da vida, faz parte… Coisa pequena adorou o filme, essa é que é
essa. Tal como nós, os adultos. Ou o adolescente resmungão de serviço. Se por
acaso passar por aí não percam, a sério. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">trailer</i>
parece anunciar um filme, mas não é. Trata-se de um documentário feito com a
juíza de instrução de Bruxelas, Anne Gruwez. É fenomenal. Das melhores coisas
que tenho visto nos últimos tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe width="320" height="266" class="YOUTUBE-iframe-video" data-thumbnail-src="https://i.ytimg.com/vi/_DlC7-cclhI/0.jpg" src="https://www.youtube.com/embed/_DlC7-cclhI?feature=player_embedded" frameborder="0" allowfullscreen></iframe></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<br />Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-13508323845651484622018-03-19T00:31:00.000+01:002018-03-19T17:47:00.410+01:00À distância de um telefonema<br />
<h3 style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde realizamos inesperadamente um
sonho)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Andei uns tempos perdida, depois de
ter desistido do meu projecto de empreendedorismo. Por um lado, sentia-me
aliviada por ter conseguido perceber a tempo que aquilo não era exactamente a
minha praia. Por outro lado, instalou-se um vazio que parecia interminável. Uma
escuridão profunda. O que diabo iria eu fazer da vida, em termos profissionais?
Sem os meus diplomas oficialmente aprovados, só podia aspirar a empregos sub-qualificados.
Não me entendam mal… não tenho qualquer problema em arregaçar as mangas e fazer
o que for preciso. Trabalhar nunca poderá ser sinónimo de vergonha, seja lá
qual for o trabalho. O problema é que eu não sei fazer nada. Essa é que é essa.
Toda a minha existência se construiu à volta da literatura e das línguas.
Trabalhei numa biblioteca. E numa livraria. Muito brevemente, numa editora. Dei
aulas de Português. Fui revisora. E tradutora. Geri uma livraria. Escrevi
artigos. Especializei-me em tradução e legendagem. Fui professora de Inglês e
Espanhol, enquanto o processo de reconhecimento dos meus diplomas na Bélgica
estava em curso. Geri um centro de documentação e comunicação, onde ninguém se
importava com as burocracias… E agora, o que raio poderia eu fazer?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Há já vários anos que andava
calmamente à procura de um emprego a tempo inteiro, porque financeiramente era
complicado viver apenas com um <i style="mso-bidi-font-style: normal;">part-time</i>.
Quando a “minha” biblioteca encerrou devido ao corte de subsídios, eu já sabia
que seria praticamente impossível voltar a ter a mesma sorte. Na Bélgica, é
preciso diplomas para tudo. Qualquer tipo de trabalho é feito mediante
habilitações próprias. Os poucos empregos que não exigem diplomas, requerem
impreterivelmente experiência. Ora a única experiência profissional que eu
tenho gira em torno dos livros, das línguas, do ensino… ou seja, de
conhecimentos que têm mesmo de ser certificados. Eis-me, então, presa num
círculo vicioso do qual era muito difícil sair. Foi precisamente para tentar
dar a volta a este problema que enveredei pela ideia do abrir um negócio meu, <a href="http://terumamigoimaginario.blogspot.be/2017/05/o-gestor-de-carreira-idealista.html">na sequência do insistente pedido do gestor de carreira idealista</a>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">E foi mesmo no escritório do Yannick
que a situação se desbloqueou, como que por magia. Em Janeiro recebi uma das
suas habituais convocatórias, para fazer um ponto de situação. Estávamos em
amena cavaqueira, quando entrou um homem na sala com um passo decidido. Sem
pedir licença, puxou de uma cadeira e instalou-se. Enquanto ligava o
computador, apresentou-se rapidamente: “Sou o chefe do Yannick. Já sei que
desistiu do seu projecto de empreendedorismo, por isso tenho aqui uns empregos
para lhe propor…”. Em apenas cinco minutos, fiquei a saber que os Serviços
Sociais tinham criado um estatuto especial que permite aos desempregados
trabalharem até terem direito ao subsídio de desemprego por completo, deixando
de depender de ajudas sociais. A entidade patronal são os próprios Serviços
Sociais que põem o trabalhador à disposição de um empregador a custo zero. O
tempo de trabalho varia consoante a idade, mas o salário é igual para todos.
Tendo em conta que a maioria dos cidadãos que recebe ajudas do Estado é um caso
perdido, sobram poucas pessoas aptas para o trabalho… como eu. “Você é normal”,
lançou-me o Chefe de chofre. Pela primeira vez na minha vida, a normalidade
deixou-me desconfiada. O facto de o pobre Yannick se contorcer pouco à-vontade
na cadeira também acabou por levantar suspeitas. Como sou lesta de raciocínio
(além de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">aparentemente</i> normal),
respondi: “Acho que estou a perceber... Vocês devem ter uma quota qualquer de
inserção no mundo do emprego e, como a maior parte das pessoas que recebe
ajudas sociais é pouco dada ao trabalho, eu vou ter mesmo que aceitar um
emprego qualquer que me proponha, certo?” A cara do Chefe abriu-se com um
sorriso: “Você faz parte dos 10% que sobram se excluirmos os toxicodependentes,
os alcoólicos, os que não têm quaisquer estudos, os que sofrem de problemas
psicológicos… e os completamente destituídos”. Fiquei a saber que os "destituídos" são pessoas incapazes de trabalhar por não terem qualquer tipo de
hábitos de trabalho… <i style="mso-bidi-font-style: normal;">tipo</i>, as pessoas
que já nasceram dependentes do sistema e que continuam a transmitir essa
dependência crónica à progenitura. “A Rita não se insere em nenhum destes
casos, pois não?” <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ehhh</i>… Acenei
lentamente que não e preparei-me para a sentença. “Ora, bem me parecia! Então,
vamos cá ver qual o emprego que mais lhe convém…”.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Vinte minutos volvidos, tínhamos
esgotado todas as fantásticas ofertas do Chefe. O Yannick parecia cada vez mais
infeliz. Eu estava a ficar ligeiramente em pânico. A “proposta” era clara: se
eu não aceitasse nenhum trabalho, arriscava-me a ficar sem o complemento do
subsídio de desemprego que os Serviços Sociais me pagam todos os meses. Decidi
ser sincera. A ideia de voltar a trabalhar agradava-me imenso. Desde que desisti
do meu projecto, caí numa espécie de buraco sem fim à vista. Além disso, o que
estava a receber não era nenhuma fortuna. O problema é que eu não queria passar
os próximos 18 meses da minha vida a fazer aqueles trabalhos horrorosos que o
Chefe me propunha. Tenho oito anos de estudos universitários. De certeza que
havia outros empregos onde poderia ser mais útil do que a limpar o lar de
idosos da <i style="mso-bidi-font-style: normal;">commune</i> ou a trabalhar na
lavandaria comunitária. O Chefe fechou o computador, tirou os óculos e
perguntou com interesse: “Útil? É importante para si sentir-se útil?” O Yannick
veio prontamente em meu auxílio: “Eu disse-te que a Mme Barroso era <i style="mso-bidi-font-style: normal;">diferente</i>…”. Tive de concordar. “Apesar
de ser <i style="mso-bidi-font-style: normal;">normal</i>, como o senhor disse,
sou ligeiramente <i style="mso-bidi-font-style: normal;">diferente</i>. Não andei
a estudar tantos anos para fazer um trabalho que qualquer pessoa pode fazer
melhor do que eu. Detesto fazer limpezas e passar a ferro. Aliás, em minha
casa, não engomamos a roupa. Agora que penso, nem sequer sei onde pára o ferro
de engomar… Mas, olhe, há outras coisas que eu posso fazer. Que eu sei fazer. Coisas
úteis… Se o senhor me está a oferecer um emprego de bandeja, acho que é o
momento ideal para encontrarmos algo que eu não conseguiria fazer de outra
maneira.”<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">O Chefe parecia ter desistido
definitivamente das suas fenomenais ofertas de emprego. O computador continuava
fechado. “A sua perspectiva é interessante... Pode dar-me um exemplo de um
sítio onde gostasse de trabalhar e se sentisse útil?” Respondi de rajada, sem precisar
de pensar: “Há cinco anos que respondo a anúncios para trabalhar nos diferentes
centros de acolhimento de refugiados. Já respondi a todo o tipo de ofertas de
emprego, nunca fui sequer chamada para uma entrevista. A verdade é que não
tenho qualquer experiência… Mas eu própria sou emigrante. Falo quatro línguas.
E acho que podia ser útil. Olhe, por exemplo, há várias semanas que ando a
acompanhar dois refugiados venezuelanos gratuitamente… podiam perfeitamente
remunerar-me por este trabalho.” O Chefe largou a rir e pegou no telemóvel. “Já
me podia ter dito. Colaboramos regularmente com o centro de refugiados estatal
da nossa região. Temos lá seis pessoas a trabalhar neste regime. Vou
ligar agora à directora a ver o que ela me diz…” A resposta chegou três semanas
mais tarde. Chamaram-me para uma entrevista. O serviço de Animação e o serviço
de Integração Local do Fedasil estavam interessados em “contratar-me”.
Decidiram criar um posto especial feito à minha medida, uma espécie de elo de ligação
entre os dois serviços. E eu – que para trabalhar no Fedasil, estava disposta a
fazer qualquer tipo de trabalho – fiquei incrédula por terem encontrado uma
função que é a minha cara. Sem nunca me terem visto, parecia que já me
conheciam e que estavam decididos a tirar partido do meu "potencial". O que quer
que isso fosse…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Comecei a trabalhar no dia 1 de Março.
E todos os dias percorro os 10 minutos que me separam do trabalho com um
sorriso de incredulidade. Ainda sinto vontade de me beliscar. Sabem o que é um
sonho tornado realidade? É o meu trabalho no Fedasil. Tenho sempre pressa de
chegar e saio sempre depois da hora. Se pudesse, passava lá a vida. Falo
diariamente as minhas quatro línguas e esforço-me por aprender algumas palavras
numas mil outras. Já ensinei jovens mães a fazer massagens aos seus bebés. E aprendi
a fazer crochet com uma senhora idosa, que conseguiu reproduzir fielmente as
pegas que a minha avó Clarisse fazia com as guitas de embrulhar as caixas dos
bolos. Consegui fechar um projecto de colaboração com a academia de música onde
andam os meus filhos, que me encheu de orgulho. Provei comida de terras longínquas,
generosamente oferecida por quem nada tem. Aprendi danças folclóricas com os
nossos residentes. E organizei uma palestra para pais solteiros. Fiz cartazes
que são verdadeiras obras-primas, em diversas línguas. Ajudei as crianças a
fazerem os trabalhos de casa, numa luta titânica contra a conjugação francesa. Participei
numa festa de homenagem aos nossos voluntários. Animei um atelier sobre a
situação dos refugiados para um 10º ano e consegui não chorar com as histórias
que foram narradas. Enchi-me de medo a conduzir uma carrinha por montes e
vales. Só passaram duas semanas e já fiz tantas coisas diferentes. Coisas que,
afinal, eu sei fazer. Que eu consigo fazer. Que eu gosto de fazer. Coisas que
fazem a diferença na vida de muitas pessoas. Mas, principalmente, na minha. Às
vezes, sinto-me cansada só de pensar nos constantes malabarismos que tenho
feito nos últimos cinco anos para nos conseguir sustentar. Não há meio de desencantar
uma rotina qualquer, que me permita finalmente baixar as armas. Parece que sou
constantemente obrigada a sair da minha zona de conforto. No fundo, sei que me
queixo sem razão. A verdade é que eu gosto de recomeços. De novas
oportunidades. De páginas em branco. De sonhos tornados realidade.<o:p></o:p></span></div>
<br />Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-74942763306916281332018-02-25T18:58:00.000+01:002018-02-25T18:58:17.205+01:00Um desabafo profético<br />
<h3 style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">(onde a crise dos refugiados</span></h3>
<h3 style="line-height: 150%; text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">nos entra
pela casa adentro sem pedir licença)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Desde que começou a crise dos
refugiados que abriram diversos centros de acolhimento na nossa região. Com
mais ou menos problemas, a integração foi-se fazendo. Aos poucos, habituámo-nos
à sua presença constante. À sua presença discreta. A ponto de se confundirem
com a paisagem, tornando-se quase invisíveis. O meu amor espanta-se sempre com
as histórias que tenho para contar sobre as pessoas com as quais me vou cruzando.
Porque para ele – e, sejamos sinceros, para a maioria dos belgas – a situação
dos refugiados tornou-se quase banal. Normalizar o inimaginável talvez seja
apenas uma questão de sobrevivência, não sei. Mas sempre achei preferível o
desconforto à ignorância. Talvez porque também sou estrangeira. E me “refugiei”
neste país. Talvez porque também sou mãe, o que mudou a minha forma de olhar
para todas as crianças. Talvez porque adoro uma boa conversa. Uma boa história.
Por isso, não perco uma ocasião. Um olhar compreensivo. Um gesto de simpatia.
Uma ajuda a explicar algo. Quase sempre recebo um pequeno relato em troca. Saio
sempre mais rica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Sei que o Vasco tem uma menina síria
na turma, a Zainab, que esteve dois anos sem ver o pai. Sei que na escola do
Diogo há vários menores não acompanhados (nome frio que designa a triste
realidade dos meninos que, sabe deus como, chegaram sozinhos a este país). Sei
que, na minha rua, mora um químico que trabalhava para o Ministério do Ambiente
num longínquo país africano e que, durante uma reunião em Bruxelas, soube que tinha
a cabeça a prémio. Sei que, na cozinha do restaurante chinês onde costumamos ir,
trabalha um jovem da Eritreia cujo maior sonho era tirar a carta. Sei que o
senhor afegão que passeava de motoreta sem capacete com o filho pequeno já
conseguiu arranjar casa (e capacetes). Sei que a carrinha do centro de
refugiados vem buscá-los ao fim da tarde, na praça em frente à nossa casa. E
que o motorista tem de contá-los cuidadosamente, porque se não o fizer leva
sempre mais do que os que trouxe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Até que a realidade com que nos
cruzamos nos irrompe casa adentro. Peito adentro. As breves narrativas
transformam-se numa longa história de vida com contornos dantescos, que aos
poucos vamos descobrindo. Já não sentimos um ligeiro desconforto, mas uma profunda
tristeza pela dor alheia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Os belgas têm uma qualidade que eu
adoro: são gente desenrascada. As coisas raramente são feitas <i style="mso-bidi-font-style: normal;">by the book</i>. O que interessa é o fim, os
meios são de somenos importância. Bate-se às portas que for preciso bater até se
obter resultados concretos. Porque de teorias está o mundo cheio. Foi assim
que, um dia, acordei com o telemóvel. Atendi atarantada, ainda meio a dormir.
Do outro queriam saber se era mesmo eu. Quem mais haveria de ser? Não-sei-quem
tinha dito que eu falava espanhol. Queriam saber se falava mesmo espanhol. Confirmei.
Outro-não-sei-quem tinha dito que talvez eu estivesse disponível para ajudar.
Porque tinha chegado um casal de refugiados venezuelanos que estava
completamente perdido. Que a assistente social encarregue do dossier queria
fazer o ponto da situação, mas tinha esbarrado numa total incapacidade
comunicativa. Eles não falavam uma palavra de inglês. Francês, muito menos. E o
espanhol dela nem para as férias em Maiorca servia. Será que eu poderia
ajudá-los… <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tipo</i>, dali a umas horas?
No centro de acolhimento de transição da nossa <i style="mso-bidi-font-style: normal;">commune</i>. Claro que sim. Como não? Nessa tarde, conheci o Jaime e o
Jhony. Um advogado e um artista plástico a quem a vida trocou as voltas demasiadas
vezes. Com demasiada crueldade. E recusei-me a ser mera espectadora da situação.
Nunca senti que estivesse a fazer grande coisa. Limitei-me a fazer aquilo que
outros fizeram por mim, quando aqui cheguei sozinha com duas crianças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Por circunstâncias várias, o Jaime e o
Jhony entraram na nossa vida quando outras pessoas à minha volta também
estavam a precisar de ajuda. O vizinho do lado, cuja mulher teve finalmente autorização
para deixar o Congo (talvez valha a pena referir que foi o presidente da Câmara
que conseguiu este feito, quando todas as vias legais se esgotaram). A minha
amiga Christine, que andava a lutar com um grave problema de saúde. E,
finalmente, a vizinha do outro lado, histérica com o seu novo cão. Quando dei
por mim, andava esbaforida a gerir mil outras vidas. A marcar consultas de
diversas especialidades. E a esperar séculos nas salas de espera. A tomar conta do cachorro, quando a vizinha ia
trabalhar à noite. A ver preços dos voos de Kinshasa para os diferentes aeroportos
aqui perto. A comprar o que faltava ao meu vizinho para melhor acolher a esposa. A correr todas as lojas da Cruz Vermelha de roupa em segunda mão. A
servir de intérprete no percurso do combatente da burocracia belga… Às tantas,
já não tinha tempo para mim, nem para os meus. Muito menos para as traduções
que nestes últimos meses têm vindo em catadupa. O meu amor desabafou: “Ou arranjas
depressa emprego a tempo inteiro ou esta casa vai acabar por se transformar no
Exército da Salvação!”. Sem que nenhum de nós soubesse, estas palavras vieram a
revelar-se proféticas. Afinal, ajudar os outros acabou por me salvar a mim. Mas
isso fica para outra conversa, que este <i>post</i> já vai longo.<o:p></o:p></span></div>
<br />Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-60155537214101257492018-02-06T22:16:00.002+01:002018-02-23T12:56:38.412+01:00Há vida em marte<h3 style="line-height: normal; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde se chega à conclusão que por vezes a idade faz milagres)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Filho crescido começou a tocar trompete com gosto.
Finalmente. Esperei nove longos anos por este dia. É de referir que o Diogo foi
forçado a escolher um instrumento de sopro, numa tentativa desesperada de
resolver os problemas auditivos de que sofria em criança. <b>[</b> se houver por aqui
pais à procura de soluções não-cirúrgicas/não-invasivas – sendo a
proposta mais comum a colocação de “tubinhos” – eis um excelente método
alternativo que superou todas as expectativas, tendo em conta que o Diogo chegou a
perder 70% de audição. <b>]</b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Aos sete anos, não lhe passava pela
cabeça tocar nenhum instrumento… muito menos, trompete. Admito que, não fora a
sugestão do otorrino, provavelmente nunca o teria incentivado a tocar um
instrumento. Não era exactamente uma tradição familiar. Não só não tenho
qualquer instrução musical, como sou completamente destituída de musicalidade.
Mesmo. C.o.m.p.l.e.t.a.m.e.n.t.e.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Eis-nos, portanto, na academia musical
lá do burgo, onde os miúdos aprendiam solfejo a martelo com adolescentes pouco
dotados pedagogicamente e o instrumento com um militar. Não estou a brincar, o
professor de trompete do Diogo era mesmo um militar no activo. Até eu tinha
medo dos berros do homem (e tinha uma porta a separar-nos). Obviamente, os
primeiros anos de aprendizagem foram um suplício. Para o Diogo e para mim. Suponho
que também deve ter sido traumático para o cão, que tem uns ouvidos mais
sensíveis do que os nossos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Quando viemos viver para a Bélgica, estava
fora de questão abandonar o trompete. Era o meu único meio de controlo da
audição do Diogo. E, verdade seja dita, descobri-lhe outra otite serosa
enquanto assistia a mais uma miserável aula. Foi, aliás, a última otite que o
Diogo teve até hoje. Já lá vão quatro anos. Por isso, há algum tempo, disse-lhe
que podia abandonar finalmente o malfadado instrumento de tortura (dele, minha,
do professor… e do cão). Na última consulta de otorrino, ficou claro que as
consequências dos problemas auditivos estariam sempre presentes (para seu
grande desgosto, o Diogo nunca poderá fazer mergulho com o meu amor), mas estava
curado. Há inúmeros problemas de ouvidos que se resolvem com o crescimento, pois
o próprio canal e o tímpano também crescem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Na altura da "libertação", já faltavam
poucos anos para o Diogo obter o seu diploma de fim de curso, pelo que decidiu
continuar. Apesar dos pesares. Sendo que… <i>hum</i>… o maior pesar neste caso nem
sequer é a pouca aptidão para tocar trompete. Ou a falta de amor pelo bicho em
si. A dificuldade intransponível do Diogo é o terror do público. Filho grande
pura e simplesmente não consegue tocar à frente de ninguém. Nem sequer de mim,
que sou mãe. E musicalmente surda.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Depois, da desgraça que foi <a href="http://terumamigoimaginario.blogspot.be/2017/02/fracasso.html">o último exame de trompete</a> – que era suposto ser, na realidade, o penúltimo exame da sua
longa carreira de trompetista forçado – obriguei-o a entrar para a banda dirigida
pelo professor. <a href="http://terumamigoimaginario.blogspot.be/2017/04/nem-sempre-e-bom.html">Tive mesmo de o obrigar, foi triste.</a> Mas, depois, as
coisas até correram bem. O Diogo acabou por decidir não se apresentar aos
exames finais e chumbar de ano. Custou-me a aceitar, mas compreendi a decisão.
E, aqui entre nós que ninguém nos ouve, achei-a bastante madura. Mas combinámos
que iria fazer um esforço no ano seguinte para obter o diploma. Já que tinha
chegado até ali, era uma idiotice desistir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Este ano – o segundo último ano – as coisas
não começaram bem. O professor do Diogo é algo especial, mas já nos habituámos.
O senhor conhece bem o <i>entusiasmo transbordante</i> do
seu aluno, mas acho que ficou ofendido por ver o amor crescente pelo órgão de
igreja. Os ecos desta paixão devem ter-lhe chegado aos ouvidos, por portas e
travessas. Não há muitos adolescentes na academia a escolher este instrumento.
Tal como não há muitos que conquistem o professor de órgão (este, sim,
verdadeiramente <i>sui generis</i>) e que
obtenham excelentes notas. Um leigo ainda pode argumentar que o miúdo tem “talento”, mas um velho professor de música sabe perfeitamente que a excelência só
se alcança com muito trabalho… trabalho esse que o Diogo sempre se recusou a
fazer nas aulas <i>dele</i>. Com o instrumento <i>dele</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Nos últimos meses, filho crescido
arrastou-se até às aulas de trompete com um andar ainda mais pesaroso. O
professor vingou-se airosamente dando-lhe partituras horrorosas, semana após
semana. Que o Diogo se limitava a tocar mal e rapidamente uns minutos antes da
aula. Decidi fingir que não via a desmotivação crescente do meu trompetista <i>en herbe</i>. Na vida, apanhamos com gente
muito diferente pela frente. E temos que aprender a engolir sapos e a lidar com
feitios lixados. Portanto, mandei-o calar e comer (que é como quem diz, calar e
tocar). Disse-lhe que aprender a dar a volta ao texto faz parte do crescimento. Ele que
se desenrascasse. Ou, então, que acabasse de vez com a história do trompete.
Para minha surpresa, o adolescente decidiu continuar. <b>[</b> ainda não tenho uma
teoria muito definida, mas estou desconfiada que uma das vantagens do ensino
precoce da música é dar <i>endurance</i>. Dir-me-ão que a prática desportiva na
infância tem o mesmo efeito… ao que eu responderei que a única
coisa que o hóquei fez pelo meu filho foi dar-lhe uma insegurança que perdura
até hoje. Mas tanto no Diogo, como no Vasco, parece-me que a música os
ensinou a persistir, a teimar, a repetir uma e outra vez sem desmoralizar. <b>]</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">A primeira decisão que o filho grande tomou
para tentar dar a volta à situação foi retomar os ensaios com a banda
do professor de trompete. E ensaiar mais as músicas que por lá se tocam. O
sadismo do professor não vai ao ponto de obrigar a "Ardennaise" em peso a tocar
músicas merdosas. E, aos poucos, a coisa deu-se… O Diogo tem andado a tocar quase
todos os dias. Há uns tempos, a vizinha mandou uma mensagem a perguntar se era um
CD que estávamos a ouvir ou o Diogo. Dá gosto ouvi-lo, claro. Mas, principalmente, dá gosto
ver o prazer com que toca. Não faço ideia se, no final do ano, conseguirá tocar
publicamente e obter o tão almejado diploma. Mas a verdade é que também já não
me interessa muito. Neste momento, nada me parece mais importante que vê-lo a
tocar tão bem o instrumento que lhe mudou a vida. Hoje, a música é uma parte
fundamental da existência do Diogo. Fala, respira e bebe música diariamente. Passa
horas infinitas a tocar órgão. A ouvir música de todos os géneros, especialmente
clássica. Vai frequentemente à Opèra de Liège. Conseguiu convencer a namorada a
voltar às aulas de violino, que tinham ficado pelo caminho há uns anos. Se o
Vasco conseguir acabar este ano o curso de solfejo deve-o sem dúvida à ajuda
(algo selvagem, é certo) do irmão. E eu, que não tenho uma única célula
musical, fico feliz por ver que o primeiro amor-ódio começou a receber a
atenção que merecia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin: 12pt 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dxYTLE4336mT0w9bazppSPKfjm-rVHoVtEHwOhqSnwYlQwOhm-Ih9QFd3RMQeMDDvumkvl54jR8OQaf0Jp8tA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; text-align: justify;">( como não podia deixar de ser, filho crescido está escondido atrás do microfone </span><br />
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; text-align: justify;">e do suporte das partituras… e recusou-se a usar aquelas calças muito pouco discretas! )</span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-59567851136427069402018-02-01T17:20:00.000+01:002018-02-01T22:40:36.504+01:00Nós, cinco anos depois<br />
<h3 style="line-height: normal; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde se atravessa momentos de
turbulência e se sai fortalecido… </span></h3>
<h3 style="line-height: normal; text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">para sempre)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Este nosso quinto ano foi difícil. Não
sei se terá sido <i style="mso-bidi-font-style: normal;">o mais difícil</i>, mas andou
lá perto. O mais estranho é que, quando olho para trás, não encontro assim
tantos motivos que o justifiquem. Há a questão do desemprego, claro. Estar
desempregado é das piores coisas na vida. Porque nos desocupa os dias e a
mente. Porque nos corrói a auto-estima e os sonhos. Porque nos faz ficar noites
a fio acordados a fazer contas de subtrair, com o medo a trepar por nós acima
até nos tirar o ar. Principalmente, o desemprego obriga-nos a olhar para o
futuro e a ponderar mudanças. A traçar novas rotas. E isso, num casal em que um
quer ficar e outro ir, abre brechas sinuosas. A liberdade individual esbarrou
contra a vontade comum. Tivemos muita dificuldade em admitir que o “nós” se
tinha sobreposto ao “eu” e ao “tu”. O amor tinha tomado as rédeas da situação,
sem pedir licença. Sem aviso prévio. Sem consentimento mútuo. Algures, começou
a escrever-se uma história que escapou por completo ao plano inicialmente
delineado. Fazer cedências desmedidas implicava que estávamos a construir um
projecto a longo prazo. Ora nós tínhamos imaginado isto como um conto. Nunca um
romance. Para sempre era demasiado tempo para mim. Mas, um dia, ele disse com uma simplicidade desarmante: “Vou amar-te para sempre”. Não senti
cosquinhas na barriga. Senti o medo a gelar-me por dentro. Sei lá eu se consigo
amar alguém para sempre. Mas, depois, pensei que tinha a certeza inabalável de
que amaria eternamente os meus rapazes. Sem questionamentos, nem cobranças. Um
amor bastante simples, afinal. Que se alimenta a si mesmo, pela inegável razão
de existir. Não respondi. Ou melhor, dei-lhe um beijo (que é a sempre a melhor
forma de encerrar uma conversa quando não sabemos o que dizer).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Depois, houve a questão do Diogo. Há
largos meses atrás, o filho mais velho adolesceu bastante. O que envolveu
algumas dores de crescimento. Sobretudo, nos adultos da casa. Quando não se tem
mais ninguém à volta, somos saco de pancada para toda a revolta juvenil. Mas eu
vi isso com bons olhos. Vejo sempre. Os miúdos só se conseguem opor a um adulto
em quem tenham absoluta confiança. Estou convicta de que, sem amor, não há
oposição juvenil possível. E a verdade é que ninguém cresce sem primeiro travar
as suas batalhas interiores. Cada vez mais acredito que adolescer é semelhante
a qualquer outro estádio do desenvolvimento infantil. Só quando uma etapa está consolidada
é que se pode passar à aquisição da seguinte. Nenhuma criança consegue lutar em
todas as frentes em simultâneo. O problema é que isto dificulta a compreensão
do verdadeiro problema. Como quando eles passavam uns dias rabugentos e uma
pessoa não percebia patavina até entrever um novo dente a romper. Com o Diogo
foi assim. Tivemos um período de turbulência inesperada. Incompreensível. Limitei-me
a seguir o meu instinto e a fazer o que sempre fiz: dou o peito às balas,
confiante de que a seu tempo perceberei. Mas esqueci que há instintos que se
sobrepõem ao meu. Tipo, a lei do mais forte. A dada altura, havia nesta casa
dois machos-alfa e a coisa descambou. Filho crescido irrompia em gritos e eu
ralhava. Aparentemente, não ralhava o suficiente. Ou com a autoridade
necessária. Passada a tempestade, o gabinete de crise reunia. E,
invariavelmente, o meu amor ralhava comigo. Com o Diogo, nunca se zangou.
Porque não era pai. Porque tinha medo de exagerar, dada a inexperiência. Porque
achava que há coisas que só se resolvem mostrando quem manda. Que se lixe a
diplomacia. E a teoria dos </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">touchpoints</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">
aplicada à adolescência. Às tantas, fartei-me. Isto parecia uma casa de
malucos. E, pela primeira vez, tratei o Diogo como um adulto e abri o jogo.
Disse-lhe que o comportamento dele estava a destruir a minha relação amorosa (</span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">o comportamento dele</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">, não ele). E que,
entre um filho e um homem, eu escolheria sempre um filho. Não porque houvesse
muitos homens disponíveis. Para mim, só havia este. Sabia que nunca mais
amaria outro (afinal, a <i>resposta</i> estava dada). Acima de tudo, sabia que nunca
mais encontraria outro que os amasse tanto. Portanto, ele que pensasse bem no
assunto. Ou mudava rapidamente de atitude ou perderia uma das pessoas que mais
o amava no mundo. Não que ela o fosse abandonar, mas porque eu não aguentava
tê-los aos dois debaixo do mesmo tecto. Não sei o que se passou na cabeça do meu
filho mais velho. Tão depressa como tinha surgido, a tempestade amainou por
completo. E, quando a poeira assentou, apareceu um novo Diogo, mais crescido.
Pronto para travar a verdadeira batalha que estava por trás de tudo isto, pois
estava seguro do afecto que nos unia.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Entretanto, começou um novo processo judicial.
Em teoria, sou apenas o braço armado do meu filho menor de idade. Na prática,
sou eu que recebo todos os golpes. Desta vez, recebi vários golpes baixos. Sujos,
muito sujos. O meu amor continua a servir-nos de escudo e a ser o homem do
leme. Nunca dá parte fraca. Raramente se queixa. É um manancial inesgotável de
ideias e recursos. De risos, quando só nos apetece gritar. Há muito que deixei
de chorar. Mas sinto uma raiva surda crescer aqui dentro. Este Verão, senti que
falhei em relação ao meu filho crescido. Que não fui capaz de protegê-lo como
devia. Por agora, creio que acabou. Tenho a certeza de que a Justiça nos fará
justiça. O meu amor tem algum receio, mas esconde-o bem. Só eu conheço as duas
rugas profundas que teimam em marcar-lhe o sobrolho, quando se põe a matutar. E
os abraços apertados que agora dá ao Diogo a toda a hora. Têm sido tempos tão
conturbados, tão espiados, tão extenuantes. Nunca mais tivemos momentos só
nossos. Exclusivos. E fazem-nos tanta falta! Eu reclamo mais do que ele, porque
sinto que não é justo. Digo-lhe frequentemente que outro qualquer já teria
içado vela há anos. Quando estou mais bem-disposta, digo-lhe que nos vamos
separar para dividir o mal pelas aldeias numa guarda alternada de crianças e
problemas. Ele responde logo que sim, mas não está a brincar. Se nos separássemos
mesmo, o meu amor seria incapaz de abandonar os dois rapazes que lhe roubaram o
coração empedernido. Cinco anos volvidos, este homem mudou tanto por nós. Por
eles. Não sei se se terá tornado uma pessoa melhor. Sem dúvida, teve de
aprender a viver com o coração fora do peito. E isso é dificílimo. Porque ele cuida
ferozmente dos que tomou como seus. Nós, a tribo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Quando me ponho a pensar, cinco anos
parece-me tão pouco para o muito que já vivemos. Este último ano foi sofrido,
mas creio que nos trouxe a maturidade que faltava à nossa relação. Para sempre
já não me assusta tanto. Tornou-se uma ideia reconfortante. Porque a verdade é
que continuamos apaixonados, apesar de nos amarmos. Continuamos a adormecer
todas as noites enroscados. A minha cabeça aninhada no buraquinho do ombro
dele, feito exactamente à minha medida. E acordamos sempre nos braços um do
outro. Ele diz que é o melhor momento do dia. Todas as manhãs pomos a mesa do
pequeno-almoço só para nós. Quando um cozinha o jantar, o outro lava a loiça. Nunca
discutimos tarefas, deveres, boleias, limpezas, decisões, agendas, dinheiro.
Aliás, nunca discutirmos sobre coisas comezinhas. Há um entendimento tácito
sobre inúmeros assuntos. E temos sempre conversa. Muitas vezes, ficamos noite
adentro a falar sobre coisa nenhuma. Somos os melhores amigos. Passamos a vida
na brincadeira. Nunca me ri tanto como nestes últimos cinco anos. Tentamos
não nos levar muito a sério. Ver o lado cómico da vida. Quando nos sentimos
submergir pela raiva, arquitectamos homicídios imaginários que nunca passarão
de palavras. Nenhum de nós é capaz de matar uma formiga. Continuamos a
projectar férias e passeios, que vamos realizando à medida das nossas possibilidades
mais reduzidas. Vivemos felizes com os rapazes, mas gostamos de fazer planos
para quando estivermos finalmente sós. Já só faltam <i style="mso-bidi-font-style: normal;">x</i> anos, dizemos muitas vezes. Somos despojados. Cultivamos diariamente o despojamento. Somos aquilo que somos, nunca seremos escravos daquilo que temos.
Por isso, precisamos de muito pouco para sermos felizes. Às vezes, basta-nos um
passeio à volta do lago quando o sol aparece. Umas panquecas de banana no
Domingo à tarde. Todas as viagens de carro feitas de mãos dadas. Um café
quentinho a ver a neve cair. O telefonema que ele faz invariavelmente quando
estamos longe um do outro. Sabermos que amanhã é o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nosso</i> dia (sim, para nós funciona na perfeição termos um dia fixo
para fazermos aquelas coisas que os adultos gostam de fazer quando se apanham a
sós). A nossa série à noite, enroscados no sofá com o cão. É o nosso <i style="mso-bidi-font-style: normal;">reset</i> todas as noites, antes de
subirmos. Para mim, é o melhor momento do dia. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Chaque jour sufit sa peine</i>, costuma ele dizer. Acredito que
conseguimos sobreviver incólumes a estes anos todos exactamente porque compartimentamos
tudo e criámos uma gaveta específica onde, no final de cada dia, deixamos o que
mais nos fez sofrer. Nunca nos deitámos zangados. Nunca. Tal como nunca levamos
os problemas para o nosso quarto. Fica tudo em baixo, no fundinho da tal
gaveta. Deste modo, todos os dias há um renascimento. Algo feliz que começa.
Uma esperança que se renova. Este amor que se mantém inextinguível, apesar das
mudanças. (graças às mudanças?)<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzDmZ42m83DzkaZoY0cQreK2Gsr4L3vhkwjhEIx2cRHzcvV5K3ZcfsHra03RRSsKGeSXkfESnHbZ3cOytXE-AZdwL41n2JIDyk1uSF2goJ5qglSeLTOhZYmjr1INXgxh5fEV5kwOYT1Y0/s1600/DSC00095.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhzDmZ42m83DzkaZoY0cQreK2Gsr4L3vhkwjhEIx2cRHzcvV5K3ZcfsHra03RRSsKGeSXkfESnHbZ3cOytXE-AZdwL41n2JIDyk1uSF2goJ5qglSeLTOhZYmjr1INXgxh5fEV5kwOYT1Y0/s400/DSC00095.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<br />Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-37051113921945260282018-01-16T20:36:00.000+01:002019-01-17T00:24:57.527+01:00Os últimos seis meses<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde
se faz um balancete da tribo)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Celebrámos
os 16 anos do Diogo em Metz. Pela primeira vez desde que estamos na Bélgica,
filho crescido não tinha um exame no seu dia de anos, porque era fim-de-semana.
Obrigámo-lo a ir passear até França com os livros atrás. Acabou por admitir que
tinha sido uma óptima ideia intercalar o estudo com passeios turísticos. Bebeu
a sua primeira cerveja, com um orgulho desproporcional ao teor alcoólico da
mesma. Antes do jantar festivo num restaurante indiano de duvidosa qualidade, um
telefonema ditou o início do fim.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYToDkhOJiIil4yuSlTuQXaUCtjaTgUIqmQMc6UpwDTY8NHG1Ur0R6DHHHyxOsYVtQ7aWzPb3OI4HsxvoNJLnp_BBoKLNeNy5fvd3fHt3s4pXPKuuIoTqJcCp4VsoCXZrlJuFpzxhtzQo/s1600/DSC00052.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYToDkhOJiIil4yuSlTuQXaUCtjaTgUIqmQMc6UpwDTY8NHG1Ur0R6DHHHyxOsYVtQ7aWzPb3OI4HsxvoNJLnp_BBoKLNeNy5fvd3fHt3s4pXPKuuIoTqJcCp4VsoCXZrlJuFpzxhtzQo/s400/DSC00052.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Coisa
pequena enfrentou os exames finais com uma displicência inusitada. E uma enorme
lazeira. A pré-adolescência apareceu sem aviso prévio e apanhou-nos a todos de
surpresa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">A
queixa por ofensa à integridade física do meu filho mais velho foi finalmente
arquivada. Quatro anos mais tarde. Porque entretanto o “ofendido” fez 16 anos e
o tribunal achou por bem perguntar-lhe de sua justiça. Pobres crianças que
efectivamente são espancadas em Portugal. Talvez o problema ficasse resolvido
se, em vez de se limitarem a arquivar falsas-queixas, começassem a criminalizar
os falsos-queixosos para ver se os dissuadiam. A longo prazo, talvez restassem
apenas as queixas verdadeiras e se conseguisse acudir às reais vítimas em tempo
útil.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">O
Diogo desistiu de fazer o exame final do curso de trompete. Eu aceitei.
Contrariada, mas aceitei. O meu amor, nem por isso. Tivemos a nossa primeira
discussão sobre os rapazes. Foi estranho. Mas ambos concordámos que devia continuar a tocar na Ardennaise.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGjCgoJ8Q1KT9kxLsGT6y9Bac2MSOdcFJ4JeahZOnNFNYVRP7-eK2Lncxt3PDdNJ1xPCw2M1zxOojE03SPfUhNluNRJDfUdHBB4UlEcKgW7qjDQm5De4Wz0OKMwFbJs3s35mtKCyCICIc/s1600/IMG_0173.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1044" data-original-width="1159" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGjCgoJ8Q1KT9kxLsGT6y9Bac2MSOdcFJ4JeahZOnNFNYVRP7-eK2Lncxt3PDdNJ1xPCw2M1zxOojE03SPfUhNluNRJDfUdHBB4UlEcKgW7qjDQm5De4Wz0OKMwFbJs3s35mtKCyCICIc/s400/IMG_0173.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">O ano lectivo terminou. E eu suspirei de alívio. Passei nove meses a correr contra o tempo, sem nunca me conseguir organizar totalmente. Os rapazes tiveram bons resultados nos exames, mas nem esperámos por Julho para fugir de férias.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Passámos
duas semanas de sonho nos Açores. Dou por mim a rever aquelas fotografias vezes
sem conta. Pedacinhos de felicidade em imagem.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpRf_GIwB4r_7ceIs7gmXi0UaJ6je_0llJKgSHq1Sg3tRoJJvotyEnU9Ol1DRlp3KrhLRqkKGNyPVNpaQqtlGSX9A7EmoRezQJN09L_zQt0TlOFWC5Em7Djg2JpmtJ2HRHSuCSgCiBQGE/s1600/DSC00468.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpRf_GIwB4r_7ceIs7gmXi0UaJ6je_0llJKgSHq1Sg3tRoJJvotyEnU9Ol1DRlp3KrhLRqkKGNyPVNpaQqtlGSX9A7EmoRezQJN09L_zQt0TlOFWC5Em7Djg2JpmtJ2HRHSuCSgCiBQGE/s400/DSC00468.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Fizemos
obras em casa. Dias </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">e</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> dias </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">e</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> dias a fio. Jurei para nunca mais
(entretanto, já me passou). Ficou linda! Cada vez gosto mais desta casa. O
nosso lar. Se pudesse ficava aqui para sempre.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbYPothMG7sp9p5pPj44Alx1wNBWSe8SW1cf-XxDHR-zDTXTsjmAG_s_2ZIrPE7gbOvROyBIyDg47Sz1TJt7UmpvsM3_3vDg-vl1ggszCUMhLTlEaOxlqMahSnA-l9eP1AuR179O2Ezx8/s1600/DSC01293.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbYPothMG7sp9p5pPj44Alx1wNBWSe8SW1cf-XxDHR-zDTXTsjmAG_s_2ZIrPE7gbOvROyBIyDg47Sz1TJt7UmpvsM3_3vDg-vl1ggszCUMhLTlEaOxlqMahSnA-l9eP1AuR179O2Ezx8/s400/DSC01293.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">O
meu irmão Pedro mudou-se para Eindhoven. Agora, o meu bebé-tóxico está apenas a
duas horas de distância. Por ironia do destino, o Belga é o único que o compreende
quando desata a falar holandês (felizmente a </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">toxicidade</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> tende a desaparecer à medida que crescem).</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMGDsiZMODdnj6v2ZhN2a7kgIV1knFYbatLnZeyb7nB4f89-vZ5cKeup_pwaXnokP-aQ0L3oUX2p_BEkNRtP1jLl6RCgIwSvZgDN2rAbeym_bly7RCLzuJcZ_z6hyphenhyphenGBZDqwjhow1sigFU/s1600/DSC01224.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMGDsiZMODdnj6v2ZhN2a7kgIV1knFYbatLnZeyb7nB4f89-vZ5cKeup_pwaXnokP-aQ0L3oUX2p_BEkNRtP1jLl6RCgIwSvZgDN2rAbeym_bly7RCLzuJcZ_z6hyphenhyphenGBZDqwjhow1sigFU/s400/DSC01224.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Em
Agosto, rumámos ao sul da Bélgica. E ao Norte de França. Ainda não sabíamos,
mas passámos as nossas últimas férias do ano a dois, sem filhos. Estivemos uns
dias num hotel que parecia saído dos anos oitenta. Foi muito giro. Demos bons
passeios. Descansámos. Comemos divinalmente.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizc2FoIBhQMdF6i0o8AbwKz9ftITNrYATc64QMyqVfp6Gx-Vds_L-ABMhN6jcqKOjxVeDaj6bGSKQOMH0rIAlLkULZ3BEHyGk3mrnp0Ncf69JtB8-WfqRpKrmMYhlO3BqJhN5O-vXcIh8/s1600/DSC01253.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEizc2FoIBhQMdF6i0o8AbwKz9ftITNrYATc64QMyqVfp6Gx-Vds_L-ABMhN6jcqKOjxVeDaj6bGSKQOMH0rIAlLkULZ3BEHyGk3mrnp0Ncf69JtB8-WfqRpKrmMYhlO3BqJhN5O-vXcIh8/s400/DSC01253.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Em
França, vimos um espectáculo de aves de rapina absolutamente fabuloso.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_GJ2DIqquMkwcqiFTRB6zTLSwPoQMjV5KFxupNftBetH8e1mmILpKbCpbNB-Tk3pwFFuTqx1ZuTicXNWdtN3PPRMIuHBbVJakzbw6KWdmRGHLLYthyphenhyphenTrGdfaiZ212TGTkw1kTnBfgMl0/s1600/DSC01287.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_GJ2DIqquMkwcqiFTRB6zTLSwPoQMjV5KFxupNftBetH8e1mmILpKbCpbNB-Tk3pwFFuTqx1ZuTicXNWdtN3PPRMIuHBbVJakzbw6KWdmRGHLLYthyphenhyphenTrGdfaiZ212TGTkw1kTnBfgMl0/s400/DSC01287.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Filho
crescido decidiu que não queria passar mais férias com o </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">outro lado</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> e, mal fez 16 anos, escreveu ao tribunal a dizer isso
mesmo. Responderam-lhe que teria de continuar a ir até haver novo processo. Fiz-me
de desentendida. Durou até chegarem de férias, no final de Agosto. E eu receber
um </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">e-mail</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> a dizer que o Diogo era um
criminoso, um ladrão, um delinquente, um cobarde, um alienado… apenas porque tentou
levar às escondidas o violininho que o irmão pede em vão há anos para trazer. Percebi
que o inimigo tinha mudado de táctica. Filho crescido passou de bestial a
besta, para poder servir de prova na “fábula dos alienados”. Salva-se o Vasco,
que agora terá absolutamente de ser resgatado </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">in
extremis</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> da loucura que reina nesta casa. Se esta gentalha dedicasse metade
do seu tempo a escrever argumentos de telenovelas ainda ficava rica. Assim,
acabam apenas ridicularizados na barra do tribunal.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">No
início de Setembro, estiveram uns dias de sol maravilhosos. Durante os
fins-de-semana, fingimos que estávamos de férias. D. Fuas Roupinho foi a banhos
e, pela primeira vez, não entrou em pânico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTqrYoGTuneM6Q_ISRdrNb7wNKPgLWW33tZZ6uqD_5VQ5xLKkrnfxzHNMazhxAQRjxftQD-ZSSXNU0K1GCTK6pgX9UqDxvnAWmsGKlCYuyE0OZNhhy5RAMlCiuv5RdL1C0_9MwbDl3Nyw/s1600/DSC01310.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTqrYoGTuneM6Q_ISRdrNb7wNKPgLWW33tZZ6uqD_5VQ5xLKkrnfxzHNMazhxAQRjxftQD-ZSSXNU0K1GCTK6pgX9UqDxvnAWmsGKlCYuyE0OZNhhy5RAMlCiuv5RdL1C0_9MwbDl3Nyw/s400/DSC01310.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Filho
pequeno iniciou o seu último ano na escola primária e eu senti um alívio
indescritível. Seis anos. Finalmente, chegámos aqui. Os anos mais difíceis
ficaram para trás. Consegui driblar os horários das suas mil actividades
extracurriculares, não sei bem como. Olhando para trás, parece-me um feito
incrível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Filho
crescido iniciou o seu penúltimo ano. Parece que anda num daqueles colégios dos
livros da Enid Blyton. No 11.º ano, os alunos começam a ter favores especiais.
Organizam festas e actividades. E detêm uma sala exclusiva, onde podem aquecer
o almoço e comer. Os professores já os tratam como gente grande, mas ainda não consigo vê-lo voar sozinho...<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu59FD2pw2eY0brkzNpFBc1ny66Z6bUKugjolh3O9JJUh2B4Kn7w4RrsVPEkEX1MWogX4uxdaF_HxM4OO4ZMFQoqA4d4fTf7x8zdZNBo5VTwwurkepypKfUmsMVxZr6lxPJu8yU_5VojE/s1600/DSC00884.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu59FD2pw2eY0brkzNpFBc1ny66Z6bUKugjolh3O9JJUh2B4Kn7w4RrsVPEkEX1MWogX4uxdaF_HxM4OO4ZMFQoqA4d4fTf7x8zdZNBo5VTwwurkepypKfUmsMVxZr6lxPJu8yU_5VojE/s400/DSC00884.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">A
minha irmã mais velha veio visitar-nos com o meu sobrinho. Gostei tanto de a
ter cá. Acho que é das pessoas que mais falta me faz, nesta nova vida que creei.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Como
prenda de despedida, a minha irmã Ana ofereceu-me uma fritadeira de ar pulsado
e eu reconciliei-me com os rissóis de peixe. Há “fritos” que resultam melhor do
que outros, é verdade. Aos poucos, vamos aprendendo. As batatas fritas ficam
uma delícia! O mamarracho de fazer “fritos” saudáveis foi sem dúvida a grande
descoberta deste ano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Finalmente,
fui andar de balão. À terceira, foi de vez! Aproveitámos para passar o</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> fim-de-semana em
Waterloo. Sobrevoámos aquela zona ao pôr-do-sol. Admito que tive um ligeiro
ataque de pânico quando vi a quantidade de pessoas que ia trepar para dentro do
cesto gigante. Aquilo mais parecia um autocarro voador. Mas quando estamos no
ar, cada grupo no seu cestinho separado, até nos esquecemos uns dos outros. Foi
muito giro. E durou uma eternidade. Contrariamente ao que imaginei, não fiquei enjoada (o meu amor
explicou porquê, mas eu ainda estava na fase pós-pânico e não percebi nada).
Nem com medo. Nem com nada. Estamos a tantas centenas de metros do chão e a
vida parece que pára. Só nós e a paisagem. Nós e o céu a pintar-se de
cor-de-rosa. Beijei o meu amor ao pôr-do-sol, foi o ponto alto da
viagem.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm4qx8zY0pYkdckishsvNRKhWyTDZ53GKVzbsMCOGZeReVwE-dVK6NhAqAo14TKKUddhQ0OSgcFT7uitlJsGxTAKeerL73vlZsXkLNlmUGtxwuvGt9THsokiTdAb2MP28FoIMFPQyiA9E/s1600/DSC01613.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhm4qx8zY0pYkdckishsvNRKhWyTDZ53GKVzbsMCOGZeReVwE-dVK6NhAqAo14TKKUddhQ0OSgcFT7uitlJsGxTAKeerL73vlZsXkLNlmUGtxwuvGt9THsokiTdAb2MP28FoIMFPQyiA9E/s400/DSC01613.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Fui
uma boa vizinha este ano. Ajudei os que estão literalmente à minha volta. O meu
amor ainda não se habitou a ver entrar vizinhos pela porta traseira, mas eu
adoro o pragmatismo da vida no campo. É tão mais fácil e rápido recorrer a quem
está mesmo ao nosso lado. Simplifica a existência de todos nós. Faz-me sentido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">O
Vasco agora faz parte do grupo dos mais velhos da escola e isso continua a
parecer-me estranho. Eu, que ainda o vejo tão pequeno. Percebi que o melhor
amigo, basquetebolista ucraniano, deve ter a mesma opinião. Vejo-o muitas vezes
no recreio, com um braço protector à volta do meu baixote. No outro dia, a
escola organizou uma actividade ao ar livre. Coisa pequena liderou um grupo de cinco
crianças mais novas num percurso aventureiro através dos bosques. Pior que
temer que nunca mais encontrasse o caminho de volta, foi pensar que podia
perder alguém pelo caminho. Enchi-lhe a mochila de doces e avisei-o que
os fosse distribuindo amiúde, de modo a manter o rebanho
motivado. E unido. Principalmente, unido. Chegaram em penúltimo lugar, mas
vinham todos. Em que condições, não sei. Provavelmente, sedentos. E com um pico
de glicémia. Mas não faltava ninguém. Foi uma vitória. Filho pequeno chegou a casa com </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">aquele</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> seu sorriso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdW6pnonarPkMab6rL5PcY1ltDmARuVmRWohGOiNMi8TVB06Uf6wzqNHgE9M0C8vv06hmCq74q7GTWD_fo6rwsUYiLp5vxEtCGJTOHkS8v6n5byq-iHzE5ZFYAGruors9WhyphenhyphentoJd94zsk/s1600/DSC00538.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdW6pnonarPkMab6rL5PcY1ltDmARuVmRWohGOiNMi8TVB06Uf6wzqNHgE9M0C8vv06hmCq74q7GTWD_fo6rwsUYiLp5vxEtCGJTOHkS8v6n5byq-iHzE5ZFYAGruors9WhyphenhyphentoJd94zsk/s320/DSC00538.JPG" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Fiquei
oficialmente desempregada. E não voltei a ter traduções. Tive muito tempo para
pensar. Demasiado tempo para pensar. Alturas houve em que perdi um bocado o Norte,
de tão à deriva que andei. Entretanto, uma luz ao fundo do túnel começou a
delinear-se devagarinho. Às vezes, parece que temos de sofrer um bocadinho para
crescer.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Iniciei
o curso de empreendorismo e, na recta final, percebi que não era nada daquilo
que eu queria. Talvez a formação em gestão e contabilidade tenha contribuído <i>ligeiramente</i>. Não me custou nada
abandonar aquele sonho. Não sou uma empreendedora. Acho que o auto-conhecimento
é sempre uma mais-valia. Quanto mais me conheço, mais sei o que quero (e, principalmente,
o que não quero). Além disso, encontrei pessoas extraordinárias. Aprendi
imenso. Continuo a pensar que o mais importante é o acto de aprender, não o
conteúdo da aprendizagem. Gosto de aprender.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Neste
último ano, deixei cair definitivamente as barreiras. E ganhei o afecto
inesperado de uma nova família. Boas pessoas geram boas pessoas. O meu amor tem
os melhores pais do mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">O
Vasco e eu passámos um dia mãe-filho fantástico, no jardim zoológico de Aachen,
na Alemanha. Descobrimos que há recintos de animais com uma espécie de entrada para
humanos, que não permite a saída da bicharada. Muito giro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA1-bug2VWamnpLa9j6w881e1UWSVLZ7_V-AAld_-dnjP_jdP7FlAj3bFWuK3zNgfkVtAwACu09Lq-23X4Zqq5qjqM5W2xppcUBEJqEDeaer_4cayy4PV3n7bStzW2sfSoQr1_vEB3xUQ/s1600/DSC01556.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA1-bug2VWamnpLa9j6w881e1UWSVLZ7_V-AAld_-dnjP_jdP7FlAj3bFWuK3zNgfkVtAwACu09Lq-23X4Zqq5qjqM5W2xppcUBEJqEDeaer_4cayy4PV3n7bStzW2sfSoQr1_vEB3xUQ/s400/DSC01556.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Tornei-me
auto-suficiente em inúmeras coisas: alimentação, produtos de limpeza, produtos
de higiene… Depois, percebi por que razão a Béa Jonhson perde tanto tempo no
seu livro a falar dos erros e exageros iniciais. Encontrar o ponto de
equilíbrio é essencial a uma gestão saudável do tempo. Acho que estou no bom
caminho.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLypUP7SPMoggo0Oi4tgypssqIiqlK2RONwKx15fwYsvIOdOmItzTBIKS2_UWcrvMIpsKLehxfxC4Gr1pCFp7m1hi-0y67VyvOxHkUi3fHb-4II85GTnTLgZkgrPyp4eR9yo_Esf3f_wk/s1600/IMG_0282.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1196" data-original-width="1600" height="298" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLypUP7SPMoggo0Oi4tgypssqIiqlK2RONwKx15fwYsvIOdOmItzTBIKS2_UWcrvMIpsKLehxfxC4Gr1pCFp7m1hi-0y67VyvOxHkUi3fHb-4II85GTnTLgZkgrPyp4eR9yo_Esf3f_wk/s400/IMG_0282.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif; text-align: justify;"><span style="font-size: x-small;">[ fiambre caseiro... acabaram-se os corantes, o açúcar, o excesso de sal e os sulfitos ]</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">O
meu amor e eu vivemos a nossa primeira separação. Durou uma semana. “Cinco
dias”, corrige o meu amor. “Quase uma semana”, defendo eu. A verdade é que me pareceu
interminável. O Vasco nem deu por isso, porque o meu amor está muitas vezes
fora. O Diogo gozou connosco. Passou uma (quase) semana a dizer que não sabíamos
viver um sem o outro. Tinha razão. Pagámos a factura de termos construído
uma relação baseada na premissa da liberdade individual. Cinco anos volvidos,
nenhum de nós queria continuar nessa direcção. As coisas mudaram. Nós mudámos. Mas
esquecemo-nos de o confessar. Ou tivemos pudor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGaM_a1-xI49xbccQlNCJ9N4ay8AH1z8aEj3MjXhOpOf9zLseDdzvnpCIiVbSL-jgcZm8TgOX8S-Prz3IOc_V3ANGZhXaoL9tzH98uoHoClFrqbVExV2K2pm2sCOEGwWh91_D0bIiY0Kg/s1600/DSC01246.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGaM_a1-xI49xbccQlNCJ9N4ay8AH1z8aEj3MjXhOpOf9zLseDdzvnpCIiVbSL-jgcZm8TgOX8S-Prz3IOc_V3ANGZhXaoL9tzH98uoHoClFrqbVExV2K2pm2sCOEGwWh91_D0bIiY0Kg/s400/DSC01246.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Na
noite em que o meu avô António faleceu, o meu amor voltou. Numa hora, apenas.
Secou-me as lágrimas. Comprou-me os bilhetes de avião. Fez-me a mala. Levou-me
ao aeroporto. E aguentou as pontas em nossa casa durante uns dias. Quando
regressei, falámos. Mas não dissemos grande coisa. Decidimos que para onde um
de nós for, o outro irá atrás. Sempre. Porque só fazemos sentido juntos. Pela
primeira vez, admitimos que “sempre” já não é demasiado tempo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Encarei
a morte do meu avô com alívio. Quando a cabeça já não está cá, o corpo também
deve ir indo. É uma questão de respeito pela pessoa que outrora ocupou aquele
receptáculo (e mais uma vez respirei de alívio por viver num dos países mais
progressistas do mundo em termos de eutanásia). Apesar de tudo, há um
sentimento de perda. Perda de memórias de uma infância que parece </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">cada vez</span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">mais
distante, onde os meus avós paternos foram tão presentes e importantes. Perda
de um futuro cada vez mais próximo, na velhice dos meus pais que não posso
acompanhar de perto. Salva-se a família. A de sangue e a de coração, ambas tão
chegadas. Gostei muito de ver a família toda. E de ver que nos unimos sempre
que um bocadinho do nosso mundo desaba.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfKqRRwa4CkK-epxdpT6surwm-ApvL7ChkdCt-rI3LixG8YKb4URKQ20ZVLuYw4ELvu9oJgu_JK7GHADA7ZbA3TZDg54HBCgFKwZgehjm89aI8kugfd-kRYNABjCQQTAIRUBjaXKsY_Lw/s1600/644555_478253768871616_8637314_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="701" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfKqRRwa4CkK-epxdpT6surwm-ApvL7ChkdCt-rI3LixG8YKb4URKQ20ZVLuYw4ELvu9oJgu_JK7GHADA7ZbA3TZDg54HBCgFKwZgehjm89aI8kugfd-kRYNABjCQQTAIRUBjaXKsY_Lw/s400/644555_478253768871616_8637314_n.jpg" width="291" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Filho
pequeno celebrou os seus 11 anos como os ciganos, com uma festa de três dias. Enfim,
foram três dias separados por várias semanas. A primeira festa foi no
Halloween, com a casa decorada a rigor para receber os amigos. A segunda, em
casa dos pais do meu amor. A terceira, num restaurante brasileiro em Dublin (o
bolo de aniversário foram brigadeiros). A quarta, quando chegámos. A última, na
escola. Em Dezembro. Não somos supersticiosos, o Vasco pode fazer anos antes e
depois da data marcada, ninguém se incomoda. Bem vistas as coisas, também andei
nove meses grávida a celebrar a vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYxwuAudxtxLgAlyBNxWIzjYRITP5ehMBeIrchSDi32ZwGpEza3_EFiXMYIAnsmZyzIRhXIpSKaWD5IjOqgLH2MnBPmkK4m1cEVQ-6zAzNL2bDgrqbOMM2CfVf0ebgye-gbNWXUsCvO_k/s1600/DSC01802.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYxwuAudxtxLgAlyBNxWIzjYRITP5ehMBeIrchSDi32ZwGpEza3_EFiXMYIAnsmZyzIRhXIpSKaWD5IjOqgLH2MnBPmkK4m1cEVQ-6zAzNL2bDgrqbOMM2CfVf0ebgye-gbNWXUsCvO_k/s400/DSC01802.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Este ano, começou a nevar no Outono. Felizmente, ainda não tinha tido tempo para trocar os pneus-neve do Inverno passado, pelo que não fui apanhada desprevenida como é hábito.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Em
Novembro, estivemos em Dublin com o tio Rui. Não ficámos no hotel do Bono só
porque não calhou… arranjámos outro, um nadinha mais em conta. </span><span style="font-family: "wingdings"; mso-ascii-font-family: Arial; mso-bidi-font-family: Arial; mso-char-type: symbol; mso-hansi-font-family: Arial; mso-symbol-font-family: Wingdings;">J</span><span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"> Mas foi espectacular. Fazia um frio
de rachar, embora estivesse sol. O meu amor arrastou-se estoicamente atrás de
nós, a espirrar desalmadamente. A última vez que o vi ter uma crise alérgica
destas foi em Frankfurt… com o Rui. Acho que ele é alérgico ao Rui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_175egw80j6a4vQ5Or3TdtURBky5_fcS_NIoqYobQpoIophgXTqY9QEu4hwy4FTb5z6Bp6Q-U3AgZEjr-9A7o3ms5Hvon-rhKd2Vj3zFt7T2AuogKsVwNQu0oHTp1xoFtC32_cqDmxng/s1600/DSC01845.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_175egw80j6a4vQ5Or3TdtURBky5_fcS_NIoqYobQpoIophgXTqY9QEu4hwy4FTb5z6Bp6Q-U3AgZEjr-9A7o3ms5Hvon-rhKd2Vj3zFt7T2AuogKsVwNQu0oHTp1xoFtC32_cqDmxng/s400/DSC01845.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Nos
últimos seis meses, fiz dez viagens de avião. Tão cedo não me apanham noutro. </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">Hum</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">… pelo menos, antes de Abril.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"> </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">O
Saint-Nicolas trouxe-nos imensas prendas e umas camisolas pirosas de Natal, com
que andava a sonhar há anos. Iniciámos uma tradição pirosona do melhor e
fizemos furor no jantar de Natal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Passámos
o Natal na Holanda com a avódrasta, o tio Pedro e o bebé-tóxico. Comemos
bacalhau da Deolinda. Só faltou mesmo a Deolinda. Mas o bacalhau da Lena à
Deolinda estava excelente, é preciso que se diga. Nunca tinha
oferecido uma prenda que tivesse tanto sucesso como a garagem que dei ao Luca. Foi
o cabo dos trabalhos montar aquele mamarracho com ele a brincar ao mesmo tempo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio-Rf8oSH-hKrk4aRG7HduC3Ka2ycJotXSOgw3PW5t7xwsTHOgmRrIUxYLx_JZetGXLUrP9B2id_32I8qXADiI9sIpB73a5WEGhQkykqnmiPx1YVXbZf-4Goj2gXcZdrNwPtmVtjC2zwE/s1600/DSC01879.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio-Rf8oSH-hKrk4aRG7HduC3Ka2ycJotXSOgw3PW5t7xwsTHOgmRrIUxYLx_JZetGXLUrP9B2id_32I8qXADiI9sIpB73a5WEGhQkykqnmiPx1YVXbZf-4Goj2gXcZdrNwPtmVtjC2zwE/s400/DSC01879.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Pela
primeira vez, chegámos ao final do ano com saldo positivo em termos de lixo. Em
Janeiro, a </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">Commune</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> distribui os sacos
que julga necessários ao agregado familiar. É unânime que o Estado belga tem um
optimismo a raiar o utópico em relação aos dejectos dos cidadãos. Não conheço
ninguém que não precise de começar a comprar sacos do lixo lá para o Verão. Este
ano, sobrou-nos quase um rolo de sacos. Para mim, foi uma das nossas maiores
vitórias ecológicas de 2017.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Deixei-me
de merdas e permiti que o pai do meu amor me salvasse um dente que estava dado
como perdido. Ele fez magia. Fez uma obra de arte, na verdade. E ficou tão
feliz e orgulhoso! Pela primeira vez na minha vida, larguei à gargalhada na
cadeira do dentista. Retribui com uma visita ao circuito de fórmula 1 de
Spa-Francorchamps (com direito a dar umas voltinhas na pista num carro de
corrida).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Coisa
pequena começou a fazer o trajecto casa-escola-casa completamente sozinho. Nunca
chegou atrasado. Ainda não perdeu a chaves, nem o chapéu-de-chuva. Nem a
mochila. Nem o casaco. Não vos consigo dizer o quão orgulhosa estou deste
feito.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Com
tantas viagens a Portugal, estes últimos seis meses estive muito próxima da
minha amiga Ana. A eterna madrinha de tudo e mais alguma coisa. Companheira de inúmeras aventuras (a última das quais bastante rocambolesca, que a malta recusa-se a crescer). A sua ausência
custa-me todos os dias.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrgVL8oGpisckx8zQZNV0GHqP9nZVrqS6Mz40LzcZTOYNw9zHhC6dOWmxQorTMGoKyMtaTMEMsy9m3lMxkxaZXV4QAhFXzbvdReWCtoTJjQ-idwh6brYNzC7llef3XDOsmjLJyQeXcB3I/s1600/63806_434179514829_6140071_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="461" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrgVL8oGpisckx8zQZNV0GHqP9nZVrqS6Mz40LzcZTOYNw9zHhC6dOWmxQorTMGoKyMtaTMEMsy9m3lMxkxaZXV4QAhFXzbvdReWCtoTJjQ-idwh6brYNzC7llef3XDOsmjLJyQeXcB3I/s400/63806_434179514829_6140071_n.jpg" width="255" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">O
Vasco iniciou o seu último ano do curso de solfejo, com uma voz ainda tão
cristalina! E o primeiro no conjunto de cordas, ao lado de vários adultos. Diz
que é demasiado falador. Ralhei com ele. Parece que não melhorou.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Desisti
de fazer bolos paleo…e, com isso, da alimentação paleo <i>tout court</i>. Fazer bolos sem usar açúcar ainda consigo. Fazer bolos
sem usar farinha de trigo é impossível. Parabéns a quem consegue, sois os
maiores! Eu capitulei. Prefiro que os miúdos continuem a deliciar-se com os
lanches que mando para a escola e não se atirem a outros doces para compensar. Os
meus bolos nunca serão tão saudáveis como eu gostaria, mas são bons. E
caseiros. Há que saber as batalhas que queremos ganhar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Iniciei
mais uma batalha judicial. Desta vez, a pedido de um filho. Mas o outro também
quis fazer ouvir a sua voz. Sei que não será a última. Porque os rapazes
crescem e isso implica mudanças. Infelizmente, até agora as mudanças vão sempre
no sentido de se aferroarem a nós como carrapatos. Lá haverá o dia em que
hão-de começar a querer viajar sozinhos por esse mundo fora. Aguardo com
ansiedade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNswNtcRAazzIwasPt5Byd1OOnDH45eTIh3CiI_nwMd9CGekQrdDpUv3aJWdDQOFMcIRgiiqE3Qlfp0PUe3exrOwg84XO3LgjhdTE4GlLi2opUH84AVQcH1jxvY94nHfSDXheRI3EpL70/s1600/DSC00113.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNswNtcRAazzIwasPt5Byd1OOnDH45eTIh3CiI_nwMd9CGekQrdDpUv3aJWdDQOFMcIRgiiqE3Qlfp0PUe3exrOwg84XO3LgjhdTE4GlLi2opUH84AVQcH1jxvY94nHfSDXheRI3EpL70/s400/DSC00113.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">O
Diogo trabalhou bastante nestes últimos tempos. Sempre com brio e
profissionalismo. Mesmo doente. Mesmo em dias de enchente, quando abriram as
pistas de esqui na Baraque. Mesmo quando só lhe apetecia passear com a
namorada. Continua a adorar aquele restaurante como se fosse a sua segunda casa
(terceira, vá… a segunda casa é a escola). Mais do que dinheiro, ganhou
maturidade. E comprou uma vespa em segunda mão com as suas economias. Tento
calar o medo comprando capacetes luminosos e luvas à prova de bala. Não resulta
lá muito bem…</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Mandei
pela primeira vez o filho pequeno sozinho para Portugal. Começou a chorar ainda
nem tínhamos saído de casa. Encerrei 2017 a fazer um das coisas mais difíceis
deste longo ano. E a semana seguinte não foi mais fácil. Recebemos dezenas de SMS
todos os dias. Cada um de nós. Dezenas. “<i>ET phone home</i>”, repetiu ele à exaustão. E não pude deixar de
pensar que este meu menino tem uma sensibilidade enorme para interpretar emoções.
Possa essa ser a sua maior arma de defesa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Celebrámos
o ano novo a fazer voluntariado. Filho grande e a namorada decidiram
acompanhar-nos. À meia-noite, estava cada um para seu lado. Eu estava a
carregar pilhas de loiça para a cozinha. Não houve tempo para pedir desejos. Achei
que foi mesmo bem passado. O meu amor derreteu corações à sua passagem e estive
quase, quase para dizer “É meu” (mas tive vergonha). Filho grande recebeu
rasgados elogios. Dessa vez, disse logo que era meu sem vergonha nenhuma. Humildade
em demasia não faz bem a ninguém. Estranhamente, parece que os jovens gostaram muito
desta passagem de ano altruísta (o facto de terem enchido o bandulho de permeio
deve ter tido uma enorme contribuição).</span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-42817880186673757392017-12-27T14:51:00.000+01:002017-12-27T15:04:32.001+01:00Modernices<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde
se vê um filho pequeno a léguas da sua zona de conforto)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Coisa
pequena anda dividida. A professora de ballet está de baixa prolongada e foi
substituída por um professor de outra academia. O facto de, pela primeira vez,
ter aulas com um homem foi muitíssimo bem acolhida. Há quatro anos que o Vasco
anda imerso num universo exclusivamente feminino sem direito a contraditório. O
problema é que este professor é um apaixonado por dança contemporânea. E a
nossa coisa pequena detesta dança moderna. No 4.º ano era suposto complementar
a formação clássica com aulas de dança jazz obrigatórias, mas conseguiu escapar
com a desculpa de que mora longe <i>e</i> está
no último ano de solfejo <i>e</i> tem as
aulas de violino <i>e</i> o conjunto de
cordas… Não sei bem como, lá arranjou maneira de dar a volta à professora. Ela
ainda tentou convencê-lo a ir para o sapateado que tem uns horários mais
flexíveis, mas o Vasco fez um ar de vómito tão realista que a senhora não
insistiu. E assim andava coisa pequena, feliz da vida com o seu estatuto de
excepção de apenas 2 horas de dança clássica semanais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Até
que apareceu o Monsieur Dumont a estragar literalmente o esquema todo. Acabou-se
a música clássica. As coreografias, agora, são modernas. Filho pequeno tem
aguentado estoicamente, pois anda encantado com o professor. E porque deixou de
fazer o treino intenso no solo, que o deixava estafado. Parece que estas aulas
têm a vantagem de serem um pouco mais ligeiras. Mas o drama deu-se quando o
professor se lembrou de fazer uma pequenina demonstração para os pais, no final
do 1.º período. Só para mostrar o que andaram a fazer, em Dezembro. Avisou que os
últimos passos só tinham sido ensaiados no início daquela aula e que o
objectivo não era apresentar uma coreografia perfeita. Mas nós, que estamos
proibidos de assistir e apenas vemos o espectáculo bienal, ficámos
contentíssimos. Dez minutos antes do fim da aula, já estávamos todos à porta.
Para piorar as coisas, diz que fiquei demasiado perto e que me pus a filmar. Coisa
pequena estava zangada comigo. E muito pouco à-vontade. Mas eu ia lá perder uma
oportunidade destas…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dySA5KrqNbgm7Mh9gAummTlkMM-CUdazSk45T3EJPakoxUNQB8viXXATQiUVm16XE9BSx2AZYe7tR_8rh8XWA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><span style="font-family: arial, sans-serif;">(... e ainda bem, porque o Vasco está farto de me pedir para ver o vídeo. Não é para defender a coisa pequena - apesar de adorar este meu filho, não sou cega ao ponto de achar que é o próximo Nureyev - mas ele é dos poucos que estava a seguir o tempo. O irmão fartou-se de gozar e diz que não consegue ouvir o professor a dizer repetidamente "lentement"... Eu estava lá e ouvi. No entanto, para quem conhece bem o Vasco, a piada deste vídeo é precisamente a vergonha que é tãoooooo rara nele!)</span></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-67421946280981826632017-12-23T23:19:00.000+01:002017-12-23T23:23:52.155+01:00Natal de pessoas<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde
aguardamos com a ansiedade infantil a véspera de Natal)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Finalmente,
um Natal banalíssimo. Ou talvez não, porque esperámos muito por ele. A vida dá
tantas, tantas voltas. E, no final, tudo fica no sítio certo. Ou, então, somos
nós que já aprendemos a encaixar. A dar um jeitinho. A dançar ao som da música.
As coisas não têm sido simples, nos últimos tempos. O que nos salva são sempre as
pessoas. Acredito mesmo nisso. Na força e no poder transcendente dos afectos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Amanhã,
vamos dar um pulinho à Holanda. A ceia de Natal terá bacalhau vindo de
Portugal. E bolo-rei que fui comprar ao Luxemburgo. Cervejas e <i>macarrons</i> da Bélgica. Tantos países e,
no fundo, sempre o mesmo. As pessoas. Nós. Os meus rapazes. A avódrasta. O meu maninho.
O bebé-tóxico mais fofo do mundo. Não preciso de mais nada. Exagerei nas
prendas, como sempre. Mas é porque estou feliz. Porque lhes quero mostrar o
quanto os amo. O quanto enriquecem a minha vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">No
dia de Natal, recebemos os pais do meu amor. E a palavra de ordem é mesmo essa:
receber. Acolher. Abrir as portas da nossa casa e do nosso coração. Agradecer
tudo o que têm feito por nós. A sorte que tivemos por o nosso caminho se cruzar.
Não posso recuperar o tempo perdido a fugir de um afecto que julgava imposto. Mas
posso mostrar que este bem-querer é sincero. E a gratidão que sinto também. O
Vasco ganhou os dois avós de que precisava. E o Diogo soube ter a generosidade
e a maturidade de ceder o palco ao irmão (mas só porque é o menino da sua
avódrasta). Coincidência ou não, é a avódrasta que vai trazer </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">de Portugal </span><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">a prenda para a
minha sogra. Como se diz por aqui, </span><i style="font-family: arial, sans-serif;">la boucle se boucle</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">. O ciclo fecha-se.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Neste
Natal desejo-vos paz. E que tenham por perto quem vos ame e cuide. Agradeço-vos
do fundo do coração por continuarem por aí, apesar da minha ausência. Um dia
destes prometo falar sobre isso, assim o filho crescido permita. Tenho umas
saudades imensas de escrever livremente, acreditem. Beijos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp41pqAMVdQ3bjbwC24sPgbteV-2OROtnLRlhxUVKzR5XNAlqVmPbJ7j5r7wwQjjN3TGgQwOjyIxTJ5FLVVpasj6NdfLvF5ObPhtoSJWYCisB6EWlGLpjI-SiKV5qfNiv7xAFxsH293Xk/s1600/DSC00935.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjp41pqAMVdQ3bjbwC24sPgbteV-2OROtnLRlhxUVKzR5XNAlqVmPbJ7j5r7wwQjjN3TGgQwOjyIxTJ5FLVVpasj6NdfLvF5ObPhtoSJWYCisB6EWlGLpjI-SiKV5qfNiv7xAFxsH293Xk/s400/DSC00935.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(Eles, claro. O meu Natal.) </span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-13262372114870984562017-12-14T12:45:00.000+01:002017-12-14T12:45:49.752+01:00Extensão materna<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">(onde
percebemos que somos literalmente unos com a </span><s style="font-family: Arial, sans-serif;">força</s><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> filhos)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ontem
foi a estreia do novo filme do <i>Star Wars</i>.
Para não variar, em plena época de exames do Diogo. Depois de um dia gelado, em
que a neve não deu tréguas. À tardinha, os miúdos estudavam. Eu estava enredada
numa tradução (e numa mantinha). Confesso que fiquei feliz da vida quando, já
mesmo em cima da hora, percebemos que os bilhetes de cinema tinha desaparecido
para parte incerta. Foi a prenda de anos que o Diogo ofereceu ao irmão.
Comprou-os há muitos meses atrás e foram connosco para Dublim, juntamente com as
outras prendas todas. E cheira-me que devem ter ficado por lá, perdidos no meio
dos papéis de embrulho que equilibrei com mestria no diminuto cesto do lixo do
quarto de hotel. Infelizmente, filho crescido lembrou-se a tempo que podíamos
mostrar os bilhetes digitais no iCoiso. E lá fomos nós para Liège. Eles numa
excitação parva. E eu com espírito de sacrifício monumental.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Assim
que se sentou na sala de cinema lotada, coisa pequena pôs os óculos 3D,
atascou-se ao saco gigante de pipocas, chegou-se bem à frente e nunca mais ninguém
a ouviu. Quer dizer, eu ouvi-o chorar imensas vezes ao longo daquelas <i>longaaas</i> horas. Filho crescido estava
demasiado nervoso para comer e só conseguiu sorver litros de Coca-Cola que sabe
estar proibido de beber. Mas, desta vez, não me pediu autorização, nem
dinheiro. Atascou-se a mim, com agradecimentos melosos e uma cumplicidade
emocionada que eu mostrei <i>claramente</i>
que estava longe de sentir. Nada o demoveu. Nem mesmo o facto de lhe ter suplicado
que se afastasse, porque o cheiro das hormonas adolescentes nervosas começou a
dar-me cabo do sistema olfativo. O Diogo estava num daqueles seus momentos de mãezice
aguda, misturados com uma alegria parva.<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Quando
os anúncios começaram, com dois ursos pardos muito apaixonados a velejar rumo
ao infinito para vender não sei que produto, comentou logo que eram tal e qual
o meu amor e eu. E repetiu pela enésima vez que eramos <i>tãooo</i> felizes. Grunhi que não. Que falasse por ele. Filho grande, imbuído
da certeza do amor materno a toda a prova, respondeu-me a rir que sabia
perfeitamente que eu estava a dizer aquilo “só para o estilo”, para me fazer de
difícil. Insisti que não. Ele abraçou-me e suspirou: “Ó mãe, sei perfeitamente
que estás feliz por estar aqui comigo a viver ISTO.” Pronto, tive de desistir.
Percebi que o Diogo estava mesmo convencido que a emoção era partilhada. Aos 11
anos, é impossível pensar que a mãe pode não gostar de <i>Star Wars</i>. Aos 16, é impossível pensar que a mãe pode não ficar
feliz por partilhar a felicidade filial em relação ao<i> Star Wars</i>. É evidente que a pedagogia infantil reviu a coisa em
baixa. Não são só os bebés que pensam que são uma extensão da mãe. Segundo
consta, os adolescentes também pensam que eles e a mãe são um ser uno, no que à
felicidade diz respeito.<o:p></o:p></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-51006943130886828462017-12-13T17:34:00.000+01:002017-12-13T17:35:20.470+01:00Um de nós está feliz<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(porque
já levamos um mês disto </span></h3>
<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">e ainda estamos em negação profunda)</span></h3>
<div>
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dzQxDyIuqObST3uVBxmia02TgLuQLj2c-0e1t1uzvckxO-HazE1sC-thv2BFs4CFN5Re-XBqi2woWV623M4fA' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<div>
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-91986529271158398272017-11-30T16:47:00.003+01:002017-11-30T18:37:36.569+01:00Paisagem extraterrestre<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde
se vem falar sobre as férias nos Açores </span></h3>
<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">e as memórias nos submergem)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Primeiro,
quis ser astrónoma. Não sei bem que idade teria, mas ainda devia andar na
Primária. Desisti quando apareceram os números negativos e percebi que a
Matemática era demasiado abstracta. Ou que eu era demasiado concreta. <b>[</b>o senhor
do banco ficou muito admirado quando lhe disse há uns tempos que não precisava
de uma conta corrente que pudesse ir a negativos, porque o meu número limite
era o zero… deve ter pensado que estava a falar em sentido figurado, mas eu
estava a ser o mais literal e honesta possível<b>]</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Nessa
mesma época, 2500 km a Norte, o meu amor também queria ser astrónomo. Mas
enquanto ele comprou um telescópio para ver as estrelas, eu comprei um livro. Já
nesse tempo a minha via láctea era feita de letras. Era um livro técnico da
Europa-América e eu não percebi grande coisa. Não percebi nada, para ser mais
exacta. A oferta de literatura infantil no Portugal dos anos 80 era limitada. De
qualquer modo, os meus pais abominavam a adjectivação ‘infantil’ por princípio.
Como era teimosa – eu achava que era apenas uma astrónoma em potência muito
persistente – decidi ler tudo até ao fim. Salvou-me o meu avô, que um dia veio
almoçar a casa e me trouxe um álbum lindíssimo sobre astronomia, repleto de
fotografias. O meu avô António trabalhava na Editorial Notícias e conseguia
sempre desencantar livros que não se viam em mais lado nenhum. Apesar de ser um
homem de números e andar sempre muito aprumado de fato e gravata. <b>[</b>passados uns
dias, o meu tio João achou aquele conhecimento todo demasiado livresco e
levou-me à Faculdade de Ciências. A minha avó Clarisse ia morrendo de susto,
quando leu o papel que lhe deixámos a dizer: “Fomos conhecer cientistas a
sério. Não lanchamos.” Não me lembro do lanche, nem dos cientistas. Muito menos
dos laboratórios. Lembro-me de pensar que a Faculdade de Ciências era muito
feia comparada com a de Letras<b>]</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Um
dia, o meu pai foi ao Brasil a trabalho. Pouco depois de os meus pais se
separarem, combinámos que ele me traria sempre um presente das suas viagens.
Nunca falhou. Tive uma enorme colecção de ursos de peluche do mundo inteiro até
um dálmata com mau feitio decidir vingar-se de uma tarde de estudo no café.
Quando ia para a faculdade (a mais bonita, a de Letras), nunca se zangava…
quando ia estudar para a esplanada sem o levar, tinha sempre uma pequena
vingança à minha espera. Nunca percebi como é que ele sabia para onde eu ia,
levava os mesmíssimos livros debaixo do braço. Nessa tarde, foram dezenas de
cabeças e patas de ursos espalhadas pela casa. Mas – estava eu a dizer – um dia,
o meu pai foi ao Brasil. E mandou-me um postal do Pão de Açúcar, que dizia: “Filha,
é uma parvoíce querer ir à Lua, sem antes ter conhecido o mundo. O Brasil é
lindíssimo.” Ora eu nunca tinha recebido um postal destas suas viagens de
trabalho. E ainda por cima fui a única que recebeu um postal lá em casa. Fiquei
a pensar que o Brasil devia ter mesmo paisagens muito bonitas e que tinha de ir
lá o quanto antes. Também me lembro de pensar que os adultos às vezes são um
bocado ignorantes. Ser astronauta não é o mesmo que ser astrónoma. <b>[</b>nessa
viagem, não recebi um urso de peluche. Recebi uma enorme tablete de chocolate.
Nunca tinha visto uma tablete tão grande na minha vida. Na manhã seguinte,
acordei o meu pai para lhe perguntar se me ia levar de carro à escola e fui
escorraçada. Voltei ao ataque mais duas vezes. Na última vez, o meu pai
avisou-me que me matava se acordasse o meu irmão mais novo. Resignei-me a ir a
pé. Eu, a mochila pesada, o cesto com o termos e a minha tablete gigante de
chocolate para dividir com os amigos. Pedi à empregada que fosse buscar a
tablete ao quarto com muito cuidado para não acordar o bebé. Depois de muito
remexer na minha secretária, apareceu na sala com um esquadro. E eu gritei que
aquilo não era uma tablete. E o meu irmão Pedro acordou a chorar. E o pai apareceu para me
dar umas valentes palmadas. Valeu-me a empregada que não sabia distinguir uma
tablete de um esquadro, mas que avisou que eu já estava bastante atrasada. Fui
de rabo dorido a correr para escola. Eu, a mochila pesada, o cesto com o termos…
e a minha tablete gigante de chocolate. O que só prova que os princípios
educativos naquela casa eram muito pouco consistentes. Há uns tempos contei
esta história aos rapazes e o Diogo disse que, se fizesse o mesmo, o chocolate
teria voado logo pela janela. Os meus filhos conhecem-me bem<b>]</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">No
Verão de 2017, a tribo passou duas semanas de sonho nos Açores. E eu lembrei-me
do postal do meu pai. E do livro do meu avó António. E do meu sonho de ser
astrónoma. Aquela ilha encantou-me pela sua paisagem extraterrestre. Senti que
estava dentro de um daqueles livros de ficção científica que aprendi a devorar
com esta estranha família. <b>[</b>uma das coisas que recordo com mais carinho, no
velório do meu avó António, no mês passado, foi ter ido novamente lanchar com o
meu tio cientista<b>]</b><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidl1aFE46E33nbxDd07EdqhYqw5kOcw_LSAhmJS-7vwUd3mr1bHYwsngtf4qvZdwYWuc_XAcaea0b6RtQdLvPKpHbDrYKi5EzYVH4mnadP_8PaKAgJ3XPRmWoKFbTfTM1D9tQdvUg4GX4/s1600/DSC00176.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidl1aFE46E33nbxDd07EdqhYqw5kOcw_LSAhmJS-7vwUd3mr1bHYwsngtf4qvZdwYWuc_XAcaea0b6RtQdLvPKpHbDrYKi5EzYVH4mnadP_8PaKAgJ3XPRmWoKFbTfTM1D9tQdvUg4GX4/s400/DSC00176.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNXYD5ZCmdDsTgde8rQ0qBkRBzsiSkBuJp4GAHztD4Yr12xW5ri0xuLUpUBpmxLpe2zFgiTAMsyfIP4uwzdwF31w-aJcW29S5fExIh45xnqXJRJJcAwcQmABx_Nigj-KnR3C5MVVmhV3U/s1600/DSC00248.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNXYD5ZCmdDsTgde8rQ0qBkRBzsiSkBuJp4GAHztD4Yr12xW5ri0xuLUpUBpmxLpe2zFgiTAMsyfIP4uwzdwF31w-aJcW29S5fExIh45xnqXJRJJcAwcQmABx_Nigj-KnR3C5MVVmhV3U/s400/DSC00248.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgno_2_RCznFYkb0FLYIwkYG_2rdlofeZVnGsnBKnoGECS675pGetLIOnm1N88H9wH0KLmQTWV4HR9DD8K9iLV1A0qKSImCERpUa0ObNESWAf1B-x3gI2yXbIDwRVJd1JXKSRp20wb9W0s/s1600/DSC00237.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgno_2_RCznFYkb0FLYIwkYG_2rdlofeZVnGsnBKnoGECS675pGetLIOnm1N88H9wH0KLmQTWV4HR9DD8K9iLV1A0qKSImCERpUa0ObNESWAf1B-x3gI2yXbIDwRVJd1JXKSRp20wb9W0s/s400/DSC00237.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7QEBcuPr5BLG2lfxFTrk-zXujeKa3Zvj8MEwQ5RR939m7V_X6k5g_IZpwkk6AwedRFHXDDy6Lj1gfzLpZeA05_uIRFgEwTRrW8F7CSO801ui_7M0fDQccbgfrUin3sZdBUMTSHmLzQ1I/s1600/DSC01066.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7QEBcuPr5BLG2lfxFTrk-zXujeKa3Zvj8MEwQ5RR939m7V_X6k5g_IZpwkk6AwedRFHXDDy6Lj1gfzLpZeA05_uIRFgEwTRrW8F7CSO801ui_7M0fDQccbgfrUin3sZdBUMTSHmLzQ1I/s400/DSC01066.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-45453065876660420852017-11-25T00:05:00.000+01:002017-11-25T21:10:05.698+01:00Onze anos cheios de vida<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(porque
ver o Vasco ganhar mundo</span></h3>
<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> tem sido das melhores coisas desta nossa aventura)</span></h3>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_sxRRBeMpWvQXr8lHu6uz1C3bycMYt9wek1N88wmxIesDrfgxQXSVRQZKP28zLYkBVxb0SF27zZfSsco_zchxKcfB1dVfoBTFmjJYsHI_xdwYporYghFE2WpbEcV2oOWxJVSY-sqKTKM/s1600/DSC00244.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_sxRRBeMpWvQXr8lHu6uz1C3bycMYt9wek1N88wmxIesDrfgxQXSVRQZKP28zLYkBVxb0SF27zZfSsco_zchxKcfB1dVfoBTFmjJYsHI_xdwYporYghFE2WpbEcV2oOWxJVSY-sqKTKM/s400/DSC00244.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
vimos golfinhos a nadar mesmo ao nosso lado em São Miguel.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
comemos um gelado no cimo da Torre Eiffel.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
nos perdemos à noite na confusão da Jemaa el-Fna.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
calçámos uns sapatos de bronze em Malmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
nos enterrámos na lama do Mar de Jade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
atravessámos os Pirenéus a dormir profundamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
nos arruinámos numa marisqueira na cidade do Luxemburgo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
nos assustámos com as múmias no British Museum.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
nos deliciámos com uma gauffre com morangos na Grand-Place.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
percorremos os canais de Amesterdão num barco a motor.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
comprámos Legos em Copenhaga.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
nos refugiámos do calor a ver o Bosch no Prado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Já
molhámos os pés em Dezembro na Praia Grande.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Hoje,
no dia dos seus onze alegres anos, quem sabe o que nos espera em Phoenix Park.<o:p></o:p></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-42957753788657798902017-06-28T10:08:00.001+02:002017-06-30T11:04:59.645+02:00A emissão volta dentro de momentos<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde
se vai sem data de regresso)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Este
ano lectivo foi muito difícil por diversos motivos. O final do ano foi
especialmente dantesco. Estou bastante contente com o desempenho dos rapazes. Na
escola e nas suas mil e uma actividades. Mas não estou satisfeita comigo
própria. Algo falhou, sinto que andei meses a tentar acompanhar o ritmo sem
conseguir. Impõe-se um período de reflexão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Este
ano decidimos ir de férias ainda antes do final das aulas. Ambas as escolas
deram a sua autorização. Suponho que a minha cara de morta-viva deve ter
ajudado. O meu amor organizou tudo, dentro do espírito que tinha ficado acordado
no Verão passado: dar a conhecer o nosso país aos rapazes, antes de
continuarmos a mostrar-lhes mais terras longínquas. E, pela primeira vez, partir juntos
à descoberta de uma nova paisagem. A escolha foi fácil, dado que o meu amor ainda
não conhecia os Açores. Nós também não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">As
férias, este ano, querem-se "férias" no verdadeiro sentido da palavra. Ou seja, muito tempo no mesmo sítio. Tempo para ler.
Para estarmos juntos. E sozinhos também. Tempo para descansar. Não quero visitar um
sítio novo, tirar meia dúzia de fotografias e partir a correr para o próximo.
Quero estar. Mais do que ver, quero observar. Com calma, tempo e paz. Sem a obrigação de limpar a casa
e cozinhar. Enfim, férias.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Depois
de uma paragem em Lisboa para matar saudades da família e dos amigos, eis-nos, então, em São Miguel. A emissão volta dentro de momentos.</span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-23411312807955113592017-06-28T09:57:00.000+02:002017-06-28T22:24:48.701+02:00Na minha Commune<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde
a vida floresce e se cuida da natureza)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Digo
muitas vezes que me volto a apaixonar por este país todos os Outonos, quando a
natureza nos oferece um espectáculo de cores lindíssimo. Mas também poderia
perfeitamente dizer que me volto a apaixonar pela minha <i>commune</i> todos os Verões. Quando o calor aparece ainda meio tímido,
Vielsalm renasce. As entradas e os parapeitos das casas enchem-se de flores. A
câmara instala canteiros nas ruas e no cimo dos candeeiros. E hotéis para insectos.
Os monumentos dedicados às duas Grandes Guerras são limpos e engalanados. Como
todas as vilas e aldeolas perdidas das Ardenas, Vielsalm também sofreu muito
com a guerra e a memória quer-se bem presente nas novas gerações. Os miúdos voltam
a andar em grupos pelas ruas, vinte ou mais em fila, com um só professor à
cabeça. É normal a escola vir para a rua, quando o tempo assim o permite. Vão
ver exposições, buscar livros à biblioteca, fazer ginástica em frente ao lago
ou simplesmente passear. No outro dia, a directora da escola do Vasco invadiu a
esplanada em frente à nossa casa com os pequeninos da creche para comer um
gelado. Os pais nunca são avisados destas saídas e é sempre engraçado
deparar-me com o Vasco a meio do dia, sem estar à espera.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Este
ano, houve novas alterações que me agradaram especialmente. Todo o caminho à
volta do lago foi arranjado. Construíram espaços de piquenique, bancos de
madeira com canteiros e instalaram maquinetas para fazer exercício. Apesar de
correr por ali quase diariamente, ainda não tive coragem de os experimentar…
contrariamente aos velhotes todos da </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">commune</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;">!
Na zona do lago dedicada à pesca, construíram um espaço específico para as
cadeiras de rodas, abrindo a actividade a um novo leque de utilizadores
normalmente afastados destas lides. Além disso, ao longo das ruas, foram criadas
hortas públicas com ervas aromáticas e pequenos legumes biológicos, onde a
população se pode servir. Segundo me explicou um trabalhador da câmara oriundo
de um centro de refugiados, há um cuidado especial em manter os insectos e
abelhas da </span><i style="font-family: Arial, sans-serif;">commune</i><span style="font-family: "arial" , sans-serif;"> durante a época de
polonização, pelo que não são utilizados quaisquer pesticidas. E eu que pensava
que as flores que nos invadem nesta época eram apenas uma questão estética!</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvQjd2sk05ReuLyJDhWTaLBVkSVNv-V4mhK5eotFK3LPloRONf_TH0ZZlYmvUIdIDcQFwcGo3p2uak5ZOB-MIs70rJtJtjSQkP3EgyLh-udcy3ANyeXipoRMHFIPk2Ua0HfIslYCp3SyQ/s1600/008.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvQjd2sk05ReuLyJDhWTaLBVkSVNv-V4mhK5eotFK3LPloRONf_TH0ZZlYmvUIdIDcQFwcGo3p2uak5ZOB-MIs70rJtJtjSQkP3EgyLh-udcy3ANyeXipoRMHFIPk2Ua0HfIslYCp3SyQ/s400/008.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWQD1ptqh2VOCjq1rkQsXsnL3-vewddPuu2xqg-NR7_EwRzNuW5c9kipd7RsYSKlfi8SFFH2db2wuNqdOpcU-ut8UfqtfKGRZ21TPs8S4SO3Xdl9degVnfwQOhZ5KwNQASfqNEL09vrYM/s1600/009.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjWQD1ptqh2VOCjq1rkQsXsnL3-vewddPuu2xqg-NR7_EwRzNuW5c9kipd7RsYSKlfi8SFFH2db2wuNqdOpcU-ut8UfqtfKGRZ21TPs8S4SO3Xdl9degVnfwQOhZ5KwNQASfqNEL09vrYM/s400/009.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9Tq2EVnbVca5LoWnEskyXgkg8NQ02jvmvfSRCntOK1zBYHeBePWEyzldKlr1eFpo3T_CZHANE-AwH9AZV9N0A5cIhnEeXhinWH9r6Abjsavfnw3qn1lINMCKWESVcrnWhMJhMC_NmB_M/s1600/006.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh9Tq2EVnbVca5LoWnEskyXgkg8NQ02jvmvfSRCntOK1zBYHeBePWEyzldKlr1eFpo3T_CZHANE-AwH9AZV9N0A5cIhnEeXhinWH9r6Abjsavfnw3qn1lINMCKWESVcrnWhMJhMC_NmB_M/s400/006.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmV9iEhWKZqPkhK7Dlsds828ABYLNkGLv0CU4S_PWzQG3WW8rZ-aSG7H69TYY7gLbns_r4h0b18eji3RlaiCALnRNsPZRxRDKUlfvwcw2BHxWX5cHe1BJ2FGz_TGBOea68QS0ZsWAdL3g/s1600/004.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmV9iEhWKZqPkhK7Dlsds828ABYLNkGLv0CU4S_PWzQG3WW8rZ-aSG7H69TYY7gLbns_r4h0b18eji3RlaiCALnRNsPZRxRDKUlfvwcw2BHxWX5cHe1BJ2FGz_TGBOea68QS0ZsWAdL3g/s400/004.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRbQxl85FnQ8S_guhhk2vhY81F86hrPZoxm0d0yZ4Tpmue_6_X-Nep4DWLLa_SEazYOhLKBmlNnrZ7cB1HlDrg5ERIeh7uAKuoXbZUtp9rEK_taUyJy5IYN6T38ivqtCqxFjLeAQV5S0g/s1600/032.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRbQxl85FnQ8S_guhhk2vhY81F86hrPZoxm0d0yZ4Tpmue_6_X-Nep4DWLLa_SEazYOhLKBmlNnrZ7cB1HlDrg5ERIeh7uAKuoXbZUtp9rEK_taUyJy5IYN6T38ivqtCqxFjLeAQV5S0g/s400/032.JPG" width="300" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh09kbQjtSy22x71wVY3z-cl14ASrCFajPQlnnYrfBVzmK3B5w6oXPPo2BjFMdtPP7nEaZs69OF5JR2mt-sab44sLCRuiCe2wBQ9Xme4hewUvoujqDr6FFFpgZp06fC01kfBQxQNWHNhI4/s1600/031.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh09kbQjtSy22x71wVY3z-cl14ASrCFajPQlnnYrfBVzmK3B5w6oXPPo2BjFMdtPP7nEaZs69OF5JR2mt-sab44sLCRuiCe2wBQ9Xme4hewUvoujqDr6FFFpgZp06fC01kfBQxQNWHNhI4/s400/031.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_ir4Z1Q_vMUtiFi99AoTcVoz_vRTMIr2RCp-h1EeraG0tQlF-0HfWU7JqrbY8TEPK8pm9eauIdX6eyrCBlAWARdasVPYs9yzUI3_rJTip7L6BFUstQFAadRTjn67sM1cU1FXiqBFB29g/s1600/001.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_ir4Z1Q_vMUtiFi99AoTcVoz_vRTMIr2RCp-h1EeraG0tQlF-0HfWU7JqrbY8TEPK8pm9eauIdX6eyrCBlAWARdasVPYs9yzUI3_rJTip7L6BFUstQFAadRTjn67sM1cU1FXiqBFB29g/s400/001.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVXY2kzys90Xdz-N5d0vC0HN78n2DkpoZTEHHR79mIEpMT5z-nZrEIrBY4th45eZv2aSb6Dvt07DbVYFDyGYg225dcHEDY6n7YybOkqYxkseQoJD3nCwf9UvH3s89Na4ESP7WJ6dPtr_Y/s1600/030.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVXY2kzys90Xdz-N5d0vC0HN78n2DkpoZTEHHR79mIEpMT5z-nZrEIrBY4th45eZv2aSb6Dvt07DbVYFDyGYg225dcHEDY6n7YybOkqYxkseQoJD3nCwf9UvH3s89Na4ESP7WJ6dPtr_Y/s400/030.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb-CfVyP_QmyaNeGjRcke64onUebluNs5hB4ZVAgd8lmd0lJKqoAz40CH3b68YxR-yJQMaMA5x02mgwa8pHFkJCbNOJSH_r2fLHEvMmBpPM_lUBousQ9Gckg4ON923KfVfOM1kIZFjdi8/s1600/007.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgb-CfVyP_QmyaNeGjRcke64onUebluNs5hB4ZVAgd8lmd0lJKqoAz40CH3b68YxR-yJQMaMA5x02mgwa8pHFkJCbNOJSH_r2fLHEvMmBpPM_lUBousQ9Gckg4ON923KfVfOM1kIZFjdi8/s400/007.JPG" width="400" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb3sBv8zPyxrjcd3iT6Ak9XxVEx_DVE8LsjweP-L2cpC94RLFOqpYtcNeuSTYpzC7tFhUOrcEqI6b_1CEGfZZ5zmM6Cl74eU1oPX2LQgD1CX903WaryxAEYOpjZZYZNf6npoeHJYejpS0/s1600/005.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjb3sBv8zPyxrjcd3iT6Ak9XxVEx_DVE8LsjweP-L2cpC94RLFOqpYtcNeuSTYpzC7tFhUOrcEqI6b_1CEGfZZ5zmM6Cl74eU1oPX2LQgD1CX903WaryxAEYOpjZZYZNf6npoeHJYejpS0/s400/005.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-1951719889319936392017-06-20T19:49:00.000+02:002017-06-20T19:49:39.933+02:00Uma acusação parva, quatro respostas idiotas possíveis<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">(porque
acabei de receber por SMS uma fotografia </span></h3>
<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">e uma queixa da mãe de um colega do
Vasco, </span></h3>
<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">a dizer que tenho <i>mesmoooo</i> de falar com o meu filho selvagem)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">a)
Não te passou pela cabeça perguntar ao teu filho como raio é que o Vasco
conseguiu mordê-lo na axila?! É que quando se aperta a cabeça de alguém com
força debaixo do braço arriscamo-nos a que a pessoa se defenda com a única
parte do corpo que tem livre… os dentes!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">b)
É uma pena a mordidela não ter sido mais forte. Gostava de mandar essa fotografia à ortodontista do Vasco para lhe dar os
parabéns pela magnífica mandíbula superior.</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> Afinal valeu bem o investimento dos
quatro aparelhos dentários, caraças!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">c)
Estás cheia de sorte que o Vasco não sabe andar à bulha e defende-se como um
miúdo pequeno. Estou cá desconfiada que outro Tuga qualquer de 10 anos lhe
teria mandado dois belos sopapos nas trombas só para início de conversa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">d)
É que dá insistirem em meter o miúdo na bola! Ele já te disse várias vezes que
quer ir para o ballet com o Vasco, mas vocês acham que o futebol é que é um
desporto de homens… Mal por mal, ponham-no nas artes marciais. É másculo e
ainda aprende imobilizar por completo uma pessoa dos pés </span><s style="font-family: Arial, sans-serif;">aos dentes</s><span style="font-family: Arial, sans-serif;"> à
cabeça!</span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-7426385462099752182017-06-19T18:24:00.001+02:002017-06-19T18:24:22.678+02:00Quando as palavras não chegam<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif; text-align: justify;">(porque
há momentos em que só a música nos salva)</span></h3>
<span style="font-family: Arial, sans-serif; text-align: justify;"><br /></span>
<span style="font-family: Arial, sans-serif; text-align: justify;"><br /></span>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Apetece-me
escrever o que me vai na alma, mas as palavras têm dificuldade em sair. Em
articular-se. Estou farta de ver a floresta em Portugal a ser dizimada por
incêndios no Verão. Tal como estou cansada dos atentados que propagam o medo
tão perto de nós, nos últimos tempos. Tantas vidas ceifadas. Aos poucos,
aprendemos a ser indiferentes. A seguir com a nossa vida, como se nada fosse. Deixamos
de pedir notícias à família espalhada por essa Europa fora quando algo
acontece, convictos de que nunca serão os nossos. E suspiramos de alívio
porque, apesar de tudo, nos sentimos seguros nesta terriola nos confins das
Ardenas. Não sei o que será pior: a calamidade ou a nossa própria indiferença e
tranquilidade por nos sabermos a salvo… Até quando?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Não
tenho por hábito mostrar os meus filhos a tocar, porque acho que as crianças
não são macaquinhos de circo. Mas hoje abro uma pequena excepção. O Diogo foi
dispensado do exame de órgão em Abril, por estar numa visita de estudo em
Oxford. No final deste segundo ano, teve por isso de apresentar quatro músicas
na audição. É o único instrumento que o filho crescido consegue tocar sozinho em
público. Não está em palco a dar espectáculo, está numa igreja a falar com ele
próprio. Não está a exibir-se virado para a assistência, está face a face com o
mais belo instrumento. No final, o director da Académie deu os parabéns aos dois
jovens músicos, o Noé e o Diogo. Pela excelente prestação mas, principalmente, por serem uma pequeníssima minoria (por coincidências da vida
são ambos portugueses e têm um percurso de vida muito semelhante). O órgão de
igreja não é um instrumento popular entre os adolescentes. É preciso ter coragem
para ser diferente e lutar contra o <i>mainstream</i>.
E força de vontade para ter aulas numa igreja fria, em pleno Inverno. Para além
da humildade de se não se poder mostrar a ninguém o que se faz no recolhimento daquele
espaço sagrado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Poder-me-ão
perguntar qual a relação entre as catástrofes que nos assolam e o órgão de
igreja (para além do facto de acreditar que a música é salvadora, nestes momentos). A resposta, para mim, está na educação. De uma maneira ou de outra,
estou convencida de que só conseguiremos mudar de paradigma educando as novas
gerações para pensarem “fora da caixa”. Sozinha não consigo fazer nada para
travar o aquecimento global. Ou para combater o terrorismo. Provavelmente, a
única coisa que poderei fazer é educar os meus dois rapazes para serem
anticonformistas, para não terem medo da diferença. Para pensarem pela sua
própria cabeça. Para serem conscientes e defenderem o planeta que os alberga
com todas as suas forças. Para serem empáticos, para se tentarem sempre pôr no
lugar do outro. Para serem altruístas e porem o bem maior acima das suas
próprias necessidades comezinhas. Para criarem pontes entre povos, culturas, línguas,
países. Para terem uma mente aberta, sã, liberta, evoluída. Sobretudo, para serem
imaginativos. Acho que estamos desesperadamente a precisar de pessoas com
imaginação. O mundo tal como o conhecemos está a deixar de fazer sentido, mas
nós continuamos todos cegamente agarrados a uma forma antiga de fazer. De ser e
de estar. Não sou nada defensora do “na minha época é que era”. A minha geração
está a chegar ao poder. Já detém inúmeros cargos de chefia e posições
importantes. E, salvo raras excepções, é uma desilusão. Possamos, pelo
menos, ser bons educadores para que as coisas mudem daqui por uns anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dzZz77TO01CgKU1Ps2IZtJbEMc1mHd0i1z82gZVuUmlPGxYMBtTCn-IWRrmrSO6OMcvFHj6Zyb1qL7mwUIDjw' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-70117277454601141342017-06-15T20:07:00.000+02:002017-06-15T20:07:45.846+02:00A ler com atenção<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">(quando um
profissional que muito respeitamos chama a atenção</span></h3>
<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"> para os perigos da “moda” da
alienação parental)</span></h3>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="_1dwg _1w_m" style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 12px; padding: 12px 12px 0px;">
<div style="font-family: inherit;">
<div class="_5x46" style="font-family: inherit; margin-bottom: 11px;">
<div class="clearfix _5va3" style="font-family: inherit; margin-bottom: -6px; zoom: 1;">
<a aria-controls="js_3um" aria-describedby="js_3un" aria-haspopup="true" aria-hidden="true" class="_5pb8 _8o _8s lfloat _ohe" data-ft="{"tn":"m"}" data-hovercard-prefer-more-content-show="1" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100004032775040" href="https://www.facebook.com/julio.vaz.777?fref=nf" id="js_3uo" style="color: #365899; cursor: pointer; display: block; float: left; font-family: inherit; margin-right: 8px; text-decoration-line: none;" tabindex="-1" target=""><div class="_38vo" style="font-family: inherit; position: relative;">
<img alt="" aria-label="Julio Machado Vaz" class="_s0 _5xib _5sq7 _44ma _rw img" role="img" src="https://scontent.fbru1-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-1/c129.48.604.604/s50x50/426969_112783215532770_1344897428_n.jpg?oh=c90a66e20092edff0226685e948fa182&oe=59D89E00" style="border: 0px; display: block; height: 40px; width: 40px;" /></div>
</a><div class="clearfix _42ef" style="font-family: inherit; overflow: hidden; zoom: 1;">
<div class="rfloat _ohf" style="float: right; font-family: inherit;">
</div>
<div class="_5va4" style="font-family: inherit; padding-bottom: 6px;">
<div style="font-family: inherit;">
<div class="_6a _5u5j" style="display: inline-block; font-family: inherit; width: 428px;">
<div class="_6a _6b" style="display: inline-block; font-family: inherit; height: 40px; vertical-align: middle;">
</div>
<div class="_6a _5u5j _6b" style="display: inline-block; font-family: inherit; vertical-align: middle; width: 428px;">
<h5 class="_5pbw _5vra" data-ft="{"tn":"C"}" id="js_17z" style="font-family: inherit; font-size: 14px; font-weight: normal; line-height: 1.38; margin: 0px 0px 2px; padding: 0px 22px 0px 0px;">
<span class="fwn fcg" style="color: #90949c; font-family: inherit;"><span class="fwb fcg" data-ft="{"tn":";"}" style="font-family: inherit; font-weight: bold;"><a data-hovercard-prefer-more-content-show="1" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100004032775040&extragetparams=%7B%22fref%22%3A%22nf%22%7D" href="https://www.facebook.com/julio.vaz.777?fref=nf" style="color: #365899; cursor: pointer; font-family: inherit; text-decoration-line: none;">Julio Machado Vaz</a><a href="https://www.facebook.com/julio.vaz.777?fref=nf" style="color: #365899; cursor: pointer; font-family: inherit; text-decoration-line: none;"></a></span></span></h5>
<div class="_5pcp _5lel" style="color: #90949c; font-family: inherit; position: relative;">
<span class="_5paw _14zs" data-ft="{"tn":"j"}" style="font-family: inherit;"></span><span style="font-family: inherit;"><span class="fsm fwn fcg" style="font-family: inherit;"><a class="_5pcq" href="https://www.facebook.com/julio.vaz.777/posts/1065226406955108" style="color: #90949c; cursor: pointer; font-family: inherit; text-decoration-line: none;" target="">Yesterday at 9:48am</a></span></span><span aria-hidden="true" role="presentation" style="font-family: inherit;"> · </span><div aria-label="Shared with: Public" class="_6a _29ee _4f-9 _43_1" data-hover="tooltip" data-tooltip-content="Shared with: Public" id="js_1fg" role="img" style="display: inline-block; font-family: inherit; position: relative; vertical-align: middle;">
<span style="font-family: inherit;"><i class="_1lbg img sp_HbsN6CU7Rbp sx_75b7be" style="background-image: url("/rsrc.php/v3/yq/r/GU172dY4i39.png"); background-position: -51px -121px; background-repeat: no-repeat; background-size: auto; display: block; height: 12px; margin-top: -1px; width: 12px;"></i></span></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<div class="_5pbx userContent" data-ft="{"tn":"K"}" id="js_181" style="font-family: inherit; font-size: 14px; line-height: 1.38;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Roubado a Clara Sottomayor.</span></div>
<div style="display: inline; font-family: inherit;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Isto é muito preocupante e repito o que já disse aqui e no O Amor é...: claro que há mulheres - e homens! - que manipulam crianças na sua luta contra o outro progenitor, todos os envolvidos no processo devem ter a preparação e o empenhamento necessários para avaliar as situações. Mas quando se começa a decidir baseados em diagnósticos </span><span style="font-family: inherit;">e rótulos, </span><span style="font-family: inherit;">ainda por cima discutíveis e discutidos, a injustiça espreita em cada esquina</span><span style="font-family: inherit;"> </span><span class="_47e3 _5mfr" style="font-family: inherit; line-height: 0; margin: 0px 1px; vertical-align: middle;" title="frown emoticon"><img alt="" class="img" height="16" role="presentation" src="https://www.facebook.com/images/emoji.php/v9/fcb/1/16/1f641.png" style="border: 0px; vertical-align: -3px;" width="16" /><span aria-hidden="true" class="_7oe" style="display: inline-block; font-family: inherit; font-size: 0px; width: 0px;">:(</span></span><span style="font-family: inherit;">. E os números referidos no artigo são impressionantes...</span></div>
</div>
<div class="_3x-2" style="font-family: inherit;">
<div data-ft="{"tn":"H"}" style="font-family: inherit;">
<div class="mtm" style="font-family: inherit; margin-top: 10px;">
<div class="_6m2 _1zpr clearfix _dcs _4_w4 _59ap" data-ft="{"tn":"H"}" id="u_jsonp_4_6" style="box-shadow: rgba(0, 0, 0, 0.1) 0px 0px 0px 1.5px inset, rgba(0, 0, 0, 0.05) 0px 1px 1px; font-family: inherit; max-width: max-content; overflow: hidden; position: relative; z-index: 0; zoom: 1;">
<div class="clearfix _2r3x" style="font-family: inherit; zoom: 1;">
<div class="lfloat _ohe" style="float: left; font-family: inherit; width: 476px;">
<span class="_3m6-" style="font-family: inherit;"><div class="_6ks" style="font-family: inherit; line-height: 0; position: relative; z-index: 1;">
<a href="http://www.huffingtonpost.com/entry/how-parental-alienation-syndrome-is-changing-custody_us_5939d367e4b094fa859f1719" rel="nofollow noopener" style="color: #365899; cursor: pointer; font-family: inherit; text-decoration-line: none;" tabindex="-1" target="_blank"><div class="_6l- __c_" style="font-family: inherit; position: relative;">
<div class="uiScaledImageContainer _6m5 fbStoryAttachmentImage" style="background-position: 50% 50%; background-repeat: no-repeat; font-family: inherit; height: 249px; overflow: hidden; position: relative; width: 476px;">
<img alt="" class="scaledImageFitWidth img" height="249" src="https://scontent.fbru1-1.fna.fbcdn.net/v/t45.1600-4/p476x249/19115516_6084042644503_4669691377120968704_n.jpg?oh=a64f025898299cf695c62f3eee6fb41c&oe=59A41A95" style="border: 0px; height: auto; min-height: initial; position: relative; vertical-align: bottom; width: 476px;" width="476" /></div>
</div>
</a></div>
<div class="_3ekx _29_4" style="font-family: inherit;">
<div class="_6m3 _--6" style="font-family: inherit; height: auto; margin: 10px 12px; max-height: 100px; position: relative;">
<div class="mbs _6m6 _2cnj _5s6c" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 18px; line-height: 22px; margin-bottom: 5px; max-height: 110px; overflow: hidden; transition: color 0.1s ease-in-out; word-wrap: break-word;">
<a href="https://l.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.huffingtonpost.com%2Fentry%2Fhow-parental-alienation-syndrome-is-changing-custody_us_5939d367e4b094fa859f1719&h=ATNMO6pMGBMu7_0N8ahzRF3dtwRMFAbe4bSHG51PB6wvRlA9VCBzntJhjA-rzFNIhdtVOB-YGIR_vPx2q7cAO82yNixT8bwUHVsMBHC3bTXxvh129GhoJ-xVYjpwnlRP7BOnBADU6ausYSQxkcOh4mP2CN0&enc=AZOSGGR12oyFAG7mlFbXhUDQZYu91HfQtiBfxQGHPeCeGyT0ho2uX2p-HuE2eVK4euEhMyclSsS8Y_UiaMvYsneou2sxkM8p19EXLWAeS9YcbizdHnZXTL8rQEqqJQnSILcCoNdE-bEKxoC4PkJphcPx283Mn1s1S5rS8zDvZZyFlH13o5EdUgE-m1NCh7iY8CQuXe9vyTpQEWnntEE5HrPt&s=1" rel="nofollow noopener" style="color: #1d2129; cursor: pointer; font-family: inherit; text-decoration-line: none; transition: color 0.1s ease-in-out;" target="_blank">How parental alienation syndrome is changing custody cases across the U.S.</a></div>
<div class="_6m7 _3bt9" style="font-family: inherit; line-height: 16px; max-height: 80px; overflow: hidden;">
By Marisa Endicott, Common Sense News When Jaclyn moved to Ohio with her two young children, she thought she could begin a new life. She and her hu...</div>
<div class="_59tj _2iau" style="font-family: inherit; padding-top: 9px; position: relative;">
<div style="font-family: inherit;">
<div class="_6lz _6mb ellipsis" style="color: #90949c; font-family: inherit; font-size: 11px; line-height: 11px; overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; text-transform: uppercase; white-space: nowrap;">
HUFFINGTONPOST.COM</div>
<div class="" style="font-family: inherit;">
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</span></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
</div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-ansi-language: EN-US;">Eis um cheirinho do artigo…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-ansi-language: EN-US;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span lang="EN-US" style="font-family: "Arial","sans-serif"; mso-ansi-language: EN-US;">“One three-year study is looking at thousands of cases involving abuse,
custody and alienation. A preliminary examination of 238 cases indicates that
fathers accused of abuse (adult or child), who in turn accused the mother of
alienation, won their cases 72 percent of the time. They won 69 percent of the
time when child abuse was alleged and 81 percent of the time when child sexual
abuse was alleged. In the seven cases where judges credited both abuse and
alienation in the ruling, the father won every time. When the court credited
abuse but not alienation, fathers only won 16 percent. The researchers defined
winning as any time the litigants received some or all of what they requested,
ranging from more visits to full custody.”<o:p></o:p></span></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><i><a href="https://www.blogger.com/goog_146342680"><br /></a></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><span style="font-family: Arial, sans-serif;"><i><a href="http://www.huffingtonpost.com/entry/how-parental-alienation-syndrome-is-changing-custody_us_5939d367e4b094fa859f1719">http://www.huffingtonpost.com/entry/how-parental-alienation-syndrome-is-changing-custody_us_5939d367e4b094fa859f1719</a></i></span></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-67789267948734246502017-06-14T10:56:00.001+02:002017-06-14T10:56:51.481+02:00O stress dos exames<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">(onde
se mostra o resultado de fazer exames bianuais desde o 1.º ano)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwEIyz39d1NOQoRDC7VQXkHOErs2lfafHEtbd1Or3KC4qzk_FqWHGFr-fSCrsrEUucRRMEAp0tdpvWyOhmak-U0yYkWBXUlz7hhoXXyNcbUtWOqNkRcLkZbICnG9HLA6A7JAT06nv8guo/s1600/v+002.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1600" data-original-width="1200" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwEIyz39d1NOQoRDC7VQXkHOErs2lfafHEtbd1Or3KC4qzk_FqWHGFr-fSCrsrEUucRRMEAp0tdpvWyOhmak-U0yYkWBXUlz7hhoXXyNcbUtWOqNkRcLkZbICnG9HLA6A7JAT06nv8guo/s320/v+002.JPG" width="240" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-34316347946068987322017-06-11T20:36:00.000+02:002017-06-12T23:11:43.519+02:00Dezasseis anos de filho grande<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(porque
se não fossem aqueles olhos escuros iguaizinhos aos meus </span></h3>
<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">e o amor infinito que
lhe tenho,</span></h3>
<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">duvidaria que é mesmo meu filho)</span></h3>
<div>
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTs-MjXQsf_8FqljieZJWu1-XJi_u_DJfW_UTMhNQl4w-6aprbACL-lOaWjfNBVaX-9J_y09MoH_P3N0kztJll8lpAi08GJ1exB_dcdxNDAdWkK3FU6sXJqdr2KogmTPmE9evIYbM6arE/s1600/045.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTs-MjXQsf_8FqljieZJWu1-XJi_u_DJfW_UTMhNQl4w-6aprbACL-lOaWjfNBVaX-9J_y09MoH_P3N0kztJll8lpAi08GJ1exB_dcdxNDAdWkK3FU6sXJqdr2KogmTPmE9evIYbM6arE/s400/045.JPG" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Defende
ideias de direita. Mesmo muito à direita. Tanto, tanto, tanto, que chega a
tocar ligeiramente à esquerda sem se aperceber.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Tem
valores morais inalcançáveis. Conservadores, como se pode calcular.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">A
língua afiada é de crítica fácil. O decote daquela é demasiado pronunciado.
Aquele vem das barracas. O comportamento do outro é deplorável. Acolá está um
bando de bêbados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Adora
a escola. Sabe-lhe sempre a pouco. Por ele, encurtava as férias todas pela
metade. Ainda assim, seria imenso. Defende a rigidez do regulamento interno com
a vida. A autoridade docente também é inquestionável. Relembra as datas dos
testes e nunca deixa passar os trabalhos de casa em branco. É o terror dos
colegas, excessivamente imaturos e palermas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Abomina
a adolescência tresloucada. A que é passada em noitadas de bebedeira, deboche e
drogas. A adolescência perdida, desinteressante e ridícula. Mal-amanhada. Mal
vestida. Ignorante. Que só sabe escrever textos encriptados, numa espécie de
linguajar infantil sintetizado que aboliu as vogais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">A
música moderna devia ser erradicada do mundo. Tal como a televisão, que nos
tenta manipular sub-repticiamente. E a superficialidade da comunicação social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Aguarda
ansiosamente o regresso dos <i>serial
killers</i> que lhe irão garantir um emprego no futuro. Enquanto isso vai devorando
livros de crimes. Reais ou ficcionais, tanto faz. As profundezas da maldade
humana atraem-no.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Quando
adora uma pessoa, os seus defeitos são “queridos”. Mas se alguém cai em
desgraça é incapaz de perdoar. A traição é o pior defeito do ser humano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Tem
uma sensibilidade exacerbada ao erro ortográfico, que corrige compulsivamente.
Nada escapa ao crivo do seu lápis azul: SMS da namorada, comentários dos amigos
no Facebook, cartas de amor da namorada do irmão, artigos de jornais…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">É
sobranceiro e altivo. Elitista. Arrogante. Superior.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Detesta
mudanças, transformações, reviravoltas. O mundo devia ser imutável. A ordem dos
objectos fixa. A mínima modificação consegue deixá-lo fisicamente maldisposto.
Seja uma cadeira fora do lugar, um quadro ligeiramente torto ou um bloco de
folhas desordenadas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Ostenta
com orgulho uma certa forma de pudor. O corpo não deve ser demasiado exposto
(muito menos tocado). As manifestações de afecto querem-se discretas. As
emoções exacerbadas e demonstrativas são sintoma de fraqueza humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Tem
um sentido estético apuradíssimo. A indumentária é sinal de distinção. As
marcas não são importantes, a originalidade também não. A excentricidade
assusta-o. Há que ser discreto.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Gosta
muito de viajar e de conhecer novos mundos. Novas culturas. Tem imensa curiosidade
perante a diferença. Apesar disso, o melhor de tudo é voltar a casa. Ao refúgio
imutável e seguro.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-59744434550142887472017-06-09T18:20:00.000+02:002017-06-11T18:12:16.464+02:00Ninguém me encomendou este fado<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde
se passa momentaneamente para o lado de lá)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Nestes
últimos cinco anos, tenho ouvido todo o tipo de pergunta. A nossa vida parece
suscitar curiosidade. A temática da emigração é recorrente. Questionam-me sobre
a Bélgica, as diferenças entre os dois países, a problemática do bilinguismo, a
distância da família, as saudades que sinto dos amigos, o isolamento… Às vezes,
perguntam-me como é educar dois rapazes sozinha. O meu amor também é alvo de atenção.
A nossa relação a quatro, que está a anos-luz da típica família recomposta.
Muito raramente me questionam sobre a relação do Diogo e do Vasco com o <i>outro lado</i>. E eu agradeço o respeito
pela privacidade dos meus filhos. No entanto, penso que seria interessante inverter
esta questão. Ou seja: que tipo de mãe seria eu se estivesse do <i>outro lado</i>? Esse assunto atormentou-me largos
meses, durante a disputa pela guarda do Diogo, em 2014. Estranhamente, nunca
ninguém me fez essa pergunta. Talvez preferíssemos todos manter a esperança de
que ambos os rapazes ficariam comigo na Bélgica e ninguém quisesse imaginar
cenários derrotistas. Excepto eu e a minha mente atormentada. Passei muitas
noites acordada a pensar no que faria, caso o Diogo fosse viver para Portugal. Felizmente,
tal não aconteceu e já esquecemos esses tempos negros. Amanhã, o filho crescido
faz 16 anos. Pela primeira vez, pediu expressamente para não receber a visita
do <i>outro lado</i>. A sua vontade foi
respeitada. Mas hoje, ao espreitar pela terceira vez a caixa do correio vazia,
fiquei com a sensação de que a sua vontade foi também castigada. E voltei a
pensar no que eu faria, se fosse o progenitor que está longe.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Acredito
que é possível contrariar o paradoxo de nos mantermos presentes na vida de um
filho que está longe. A distância pode ser colmatada de diversas formas. Não
será o ideal, mas é exequível. Assim haja vontade de ambas as partes e – o mais
importante – assim o progenitor em questão tenha capacidade para se apagar e pôr
os filhos em primeiro lugar. Não vale a pena seguir cegamente a lei e obrigar
toda a gente a viver no medo. Não vale a pena obrigar os filhos a falar todos
os dias a determinada hora, só porque é o que está estipulado legalmente.
Principalmente, se esse tempo for usado para falar do trabalho do progenitor,
dos resultados da bola, do tempo que faz em Portugal e da vida de outras crianças
que entretanto apareceram. A longo prazo, o que vai acontecer é que os miúdos vão
associar esses telefonemas a uma obrigação isenta de prazer. E, quando perceberem
que o tal medo instituído era meramente fictício, deixarão de atender o
telefone. Nesse momento, já não haverá lei nem presença física que valha para
reconstruir a relação filial. O telefone é um excelente meio de comunicação,
mas a partir de certa idade deve ser deixado a cargo dos filhos. Quando um
filho tiver algo importante para dizer, liga. Até lá cabe ao progenitor distante
fomentar a vontade de falar. Se pensarmos bem, não é assim tão difícil… Mandar uma
mensagem a dizer que se está em tal sítio e se lembrou de uma história divertida
passada. Partilhar um <i>post</i> qualquer interessante
no Facebook, o <i>trailer</i> de lançamento
da série preferida, o <i>cover</i> de uma
música que o filho gosta especialmente, um artigo que possam posteriormente
discutir, etc. Hoje em dia, há tantas redes sociais que se torna fácil manter em
aberto diversos canais de comunicação. Por que não manter um <i>blog</i> fechado para trocarem impressões e
fotografias? <i>Verba volant scripta manent</i>.
Além do mais, a escrita tem a vantagem de colmatar lacunas na língua materna dos
filhos que estão a crescer num país estrangeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Cada
vez mais, as pessoas parecem centrar-se unicamente no imediatismo do contacto
humano. Mas o Skype ou o Facetime diários nunca poderão substituir um postal ou
uma carta mais longa (a escrita… novamente, a escrita!). Mostrar o crescimento
de alguém através do iCoiso não substitui fotografias actualizadas que poderão ser
revistas e, inclusivamente, mostradas aos amigos na escola. Tal como, mais
importante do que dizer que se comeu este ou aquele prato num novo restaurante
(ou em casa de familiares), é enviar por correio um produto português qualquer que
os miúdos apreciem. Quem está longe sabe a alegria que é receber um chapelinho
de chocolate da Regina, uma farinheira ou uma caixa de "Chocoflakes". Ou outra
coisa qualquer. Não é só pela comida, como é evidente. É também pelo facto de
sabermos que somos importantes, que alguém pensou em nós, que nos conhece os
gostos e os anseios. No ano em que estive na Bélgica, recebia frequentemente
cassetes, livros e jornais. Por vezes, uma peça de roupa. E cartas… recebi centenas
de cartas, que guardei anos a fio com imenso carinho. Não percebo por que diabo
não se pode continuar a enviar estas coisas por correio. A Fnac, por exemplo,
permite fazer entregas em países diferentes por um custo ridículo. Os jornais e
os livros ainda não se tornaram obsoletos! Obviamente, convém que os periódicos
confirmem a versão cor-de-rosa do que dizemos passar-se no jardim à beira-mar
plantado…<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Por
outro lado, uma das vantagens da sociedade actual é a democratização dos preços
das viagens de avião. Que tal apanhar um avião em cima da hora para fazer uma
surpresa aos filhos? Basta activar um alerta nos principais <i>sites</i> de voos <i>low cost</i> para receber notificações automáticas, quando houver bilhetes
a preços convidativos. No ano em que o meu amor esteve em Itália, raramente
gastava mais de 70 euros nos voos ida e volta. Normalmente, comprava-os com bastantes
meses de antecedência, mas também aconteceu aproveitar lugares de última hora. Dir-me-ão
que os hóteis são caros… Mas pode-se sempre alugar um airbnb, que também
permite poupar nas refeições. De qualquer modo, o que interessa mesmo é o tempo
passado juntos a construir memórias. Não me parece que os miúdos se importem de
andar de transportes públicos ou de dormir em casa de alguém. Faz tudo parte da
“aventura”, assim o progenitor que está longe esteja disposto a deixar cair a
imagem de pessoa abastada e séria. A vantagem de se viver no centro da Europa é
que depressa se está noutro país vizinho. Talvez inclusivamente se possa
aproveitar a viagem para dar a conhecer novos mundos aos filhos. O tempo em
família é essencial para se criarem novas dinâmicas, mas o tempo passado em
exclusivo com os filhos é a base de toda a relação filial futura. Acredito que
esta dedicação dará os seus frutos um dia mais tarde (ou a falta dela).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">A
verdade é que os miúdos crescem demasiado depressa. Num abrir e fechar de
olhos, a divisão das férias deixa de lhes convir. Acredito que as concessões serão
sempre mais benéficas do que as obrigações. Quando as imposições legais
desaparecerem, vamos basear-nos em quê? Nas hipotéticas obrigações morais? Na simples
chantagem emocional? Mais tarde ou mais cedo, os verdadeiros sentimentos virão
à tona. Em vez de obrigar os filhos a passar quinze dias na Páscoa fechados em
casa (ou, pior, a saltar por diferentes casas de familiares), por que não aceitar
que venham apenas metade do tempo, desde que venham felizes? Há que deixar
que, a dada altura, a vida deles seja o centro de tudo. Que tal compensar com
visitas mais frequentes? É normal que os miúdos queiram mostrar a vida <i>deles</i>, os amigos <i>deles</i>, as namoradas <i>deles</i>,
as actividades <i>deles</i>, a escola <i>deles</i>. O país <i>deles</i>, porque é ali que vivem e se estão a construir como pessoas.
Os filhos não têm culpa se um dos progenitores foi viver para longe. Ignorar essa
parte das suas vidas é ignorá-los a eles. E ignorar a sua identidade, que será
sempre dúbia. Mais importante do que férias forçadas é assistir a concertos de
música, estar presente naquele exame mais difícil, levá-los àquela estreia tão
aguardada. Se o sonho de um filho é visitar um museu que fica apenas a 4 horas
de distância do local onde vivem, custa assim tanto ao pai ausente levá-lo lá?
Fará algum sentido oferecer uma entrada à pessoa que está com ele todos os dias
para o levar? Até que ponto a guerra que movemos contra o outro progenitor nos
impede de vermos o quão importantes são os nossos filhos? Quando há amor, “não
há longe nem distância”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">[ Ninguém me encomendou este fado, é certo. Mas o Diogo faz 16 anos amanhã e, se eu fosse o progenitor que está longe, insistiria numa visita noutra data, no final dos exames. Ou antes, era indiferente. Insistiria em levá-lo a passear. Pelo menos, teria enviado uma carta bonita. E teria encomendado o iPod que ele tanto quer, para entregar em casa dele. Independentemente do sítio onde ele estivesse. ]</span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-50019532173881420502017-06-07T17:04:00.000+02:002017-06-07T17:04:00.003+02:00Agente imobiliário em potência<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">(onde
se percebe que o Vasco é um bocadinho mórbido)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Estávamos
no cemitério com o meu “pai belga”, o homem mais crente que conheço. Pareceu-me
um local feiinho e sem graça, mas abstive-me de fazer comentários. O facto de
ficar colado à igreja de Santo António basta-lhe. Diga-se em abono da verdade
que a igreja também deixa muito a desejar. É demasiado moderna. Paredes
brancas, caiadas. Deslavadas. Vitrais de cores primárias, que retratam cenas
seculares de forma contemporânea. Quase abstracta. Até o órgão é electrónico.
Tudo aquilo me enoja. É claustrofóbico. O cheiro deixa-me maldisposta. Esforço-me
por encontrar algo simpático para dizer. Sei o quanto adora aquele lugar, onde
se recolhe diariamente para rezar. E onde insiste em levar-me com frequência.
Sabe-se lá porquê, Santo António divide alegremente o altar com Santa Rita. O
que, aos seus olhos, parece ser motivo suficiente para me fazer gostar daquela
pequena igreja. Precisamente aquela. Embora eu seja ateia. Mas esse sempre foi
o nosso ponto de discórdia. Passamos horas incontáveis a discutir assuntos
celestes. Ou terrestre, depende da perspectiva. Honra me seja feita, sou
bastante diplomata nos meus argumentos. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer
do meu filho pequeno, que desta vez nos acompanhava. Estacámos em
frente a um espaço relvado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Papi:
Reservei esta sepultura. Quero ser enterrado exactamente aqui.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Vasco:
E já o experimentaste?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Papi: Como?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Vasco:
Sim, já te deitaste aqui para ver se o lugar é mesmo bom? Se é confortável, se te sentes bem...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Papi: Ehhh... não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Vasco:
Compraste um lugar para seres enterrado para todo o sempre sem experimentares
primeiro?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Mãe
(a tentar mudar rapidamente de assunto): Acho que escolheste muito bem,
este lugar é melhor do que aqueles ali ao fundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Vasco:
Lá isso é verdade, papi! Aqui, a vista é melhor! E é mais espaçoso!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Papi:
Pois, ali ficam as sepulturas das crianças.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Vasco:
Boa, vou já lá deitar-me para experimentar o meu lugar!</span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-48891346195349092062017-06-06T16:19:00.000+02:002017-06-06T16:19:24.755+02:00Explicar o que parece inexplicável<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">(onde se
tenta analisar o outro lado de uma questão </span></h3>
<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">que me é muito cara)</span></h3>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<a href="http://beijo-de-mulata.blogspot.be/2017/06/historias-de-desamor-as-criancas.html" style="font-family: Arial, sans-serif;">http://beijo-de-mulata.blogspot.be/2017/06/historias-de-desamor-as-criancas.html</a></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-3004348849142385852017-05-29T09:59:00.000+02:002017-05-29T09:59:48.972+02:00Sempre foste andar de balão, Rita?<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">(onde
o mundo desaba em cima das nossas cabeças)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Sábado
amanheceu quente e ensolarado. Muito quente e muito ensolarado. Aliás, esta
semana as temperaturas mantiveram-se excepcionalmente elevadas para a época e
para o país em questão (e, se quisermos ser mesmo rigorosos, para a região das
Ardenas onde nós vivemos). Daí o nosso espanto quando o meu amor recebeu um SMS
da Montgolfiere.be a dizer que o voo do dia seguinte tinha sido anulado, porque
havia risco de trovoada. O meu belga andava a acompanhar o estado do tempo há
uns dias num <i>site</i> para malta
especializada que percebe destas coisas (já vos disse que, para além de
marinheiro, o meu amor também é piloto privado?). De facto, anunciavam
tempestade para o final da tarde… mas o nosso voo era ao nascer do dia. Ficámos
desolados. Quer dizer, eu fiquei desolada. O meu amor ficou possesso. Parece
que o voo incluía champanhe, entre outras pequenas surpresas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";">Durante
todo o dia, o tempo manteve-se bom. Um céu azul e limpo como é raro ver por
aqui. O sol brilhava. E estava mesmo calor! À noite, o Diogo deu o seu primeiro
concerto com a Filarmónica e voltámos para casa de madrugada, sem precisarmos
de vestir os casacos. Feito completamente inédito, por aqui. Olhei espantada
para o céu estrelado… parecia impossível que aquela gente anulasse o meu voo
por causa de uma hipotética tempestade!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , sans-serif;">Mas,
depois, domingo amanheceu meio cinzento. Um calor abafado. E, passado pouco
tempo, deu-se o dilúvio. Ainda bem que eu estava com os pés bem firmes em
terra!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "arial" , "sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dypASe1VT0B9pRgRXHy7tPQc8N_Afc9cPVrwB-A4qY-oYP4XSVVWAEdnGQfSrxkmuqdQe5uHqdsEmWodT_EAQ' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-32050289638156787632017-05-22T00:25:00.000+02:002017-05-22T00:25:00.265+02:00Desmancha-prazeres<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">(onde
se estraga a surpresa ao primeiro indício)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">O
meu amor andava há semanas muito misterioso, a dizer que tinha uma surpresa
preparada para os meus anos. Por mais que eu repetisse que este ano não queria
festejos, percebi que o homem estava decidido a fazer algo em grande. Não acho
nada de especial fazer 41 anos… parece uma coisa meia deslavada. Fartei-me de
lhe explicar que queria passar directamente dos 40 para os 42, que já me parece
um número mais jeitoso. Uma idade gira. Tipo, mais madura. Mas, não. Tanto
tenho pregado a ideia das “prendas-experiência”, que o meu amor decidiu aderir
ao conceito contra a minha vontade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Ontem,
lembrou-se finalmente de dar as primeiras informações para o bom desenrolar da
surpresa, no próximo fim-de-semana. A ideia era apenas organizarmo-nos, uma vez
que o Diogo vai tocar com a filarmónica na noite anterior. “No domingo, temos
de sair de casa às 5h30 da manhã...”, começou o meu amor. E eu gritei de
imediato: “Vamos andar num balão de ar quente!!!”. Fez-se silêncio à mesa. Os
rapazes ainda olharam para o meu amor à espera que ele negasse. Mas o Belga
ficou calado. Decididamente, estou a ficar mesmo boa nisto!</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">Coisa
pequena ficou absolutamente incrédula. Assim, um misto de espanto e de medo. A
raiar o transcendente. Cheira-me que vou conseguir manter a minha reputação de
mãe-adivinha por mais uns tempos. É de dizer que, no outro dia, logo após a
primeira jogada do Cluedo, eu atirei: “Foi o Coronel Mostarda, na sala de
estar, com o candelabro”. E não é que acertei?!</span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2869195659058127587.post-70865337081058742792017-05-18T16:34:00.000+02:002017-05-18T16:34:08.331+02:00A interminável saga das aventuras capilares<h3 style="text-align: center;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;">(onde
se tenta fazer uma boa acção e se fica irreconhecível)</span></h3>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Como
já aqui disse, decidi aproveitar a reviravolta que aconteceu na minha vida para
realizar sonhos e desvarios. Ora há muito tempo que acalentava o desvario de
doar o meu cabelo à Think Pink, uma espécie de liga contra o cancro aqui do
burgo. O mínimo era 20 centímetros. Depois de muito pensar, achei que com um
bocadinho de esforço conseguiria chegar aos 30 centímetros. É certo que o meu
cabelo cresce depressa, mas tenho a sensação de que demorou séculos. Nos
últimos seis meses comecei a ficar mesmo farta, confesso. Já não aguentava ter
o cabelo tão comprido, que exigia imensos cuidados para o manter o mais
saudável possível. De modo que aproveitei a onda de mudança e fui ao
cabeleireiro. Descobri na Net um salão aderente não muito longe de Vielsalm. O
corte era gratuito e o envio ficava por conta deles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Sábado
de manhã, lá fomos. O meu amor quis estar presente para dar apoio moral e a
coisa pequena veio atrás, sempre pronta para novas aventuras. O filho crescido
ficou amuado em casa, pois desde o início manifestou-se veementemente contra (e
acreditem que isto é um eufemismo). Demorámos bastante tempo a encontrar o
cabeleireiro. O GPS bem repetia que tínhamos chegado, mas nós não víamos nada. Excepto
campos e vacas a perder de vista. Até que decidimos estacionar em frente a um
curral e explorar a zona. O estranho cabeleireiro ficava num anexo da quinta.
Entre o curral e a casa, para ser mais precisa. A cabeleireira veio a correr
abrir a porta, à hora marcada. Trazia uma criança adormecida nos braços e
queixou-se que era a mulher dos sete ofícios. Olhando para trás, percebo que
era a minha deixa para fugir. Infelizmente, pensei que ser cabeleireira (e
proprietária de um cabeleireiro-anexo) seria um desses ofícios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Três
rabos-de-cavalo de 30 centímetros foram diligentemente medidos e cortados. O
restante cabelo ficou ligeiramente acima dos ombros. Perfeito! Era exactamente o
que eu queria. Estranhei a cabeleireira não lavar o cabelo e começar às
tesouradas por ali afora. Ainda tentei dizer que gostaria de pagar o corte,
apesar de saber que fazia parte da campanha “<i>Coup d’éclat</i>” da Think Pink. A senhora contrapôs e continuou a
cortar. Zás, zás, zás! Quando dei por mim, tinha o cabelo cortado a viés. À esquerda,
acima do ombro… à direita, pelo queixo. A medo, perguntei: “Mas não está tudo
torto?”. Respondeu-me que era propositado. Era um corte “destruturado”. Olhando
para trás, percebo que era a minha segunda deixa para fugir. Mas limitei-me a engolir
em seco e explicar que gostava de estrutura na minha vida, a começar pelo
cabelo. A cabeleireira cortou o lado mais comprido, como é óbvio. E, de uma
assentada só, conseguiu igualar o horror. Saí de lá com menos 40 centímetros de
cabelo. Tristíssima. O Belga dizia que adorava. O filho pequeno também. Só tive
uma opinião honesta quando o Diogo me viu entrar em casa: estava horrorosa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Passei
o resto do fim-de-semana a perguntar ao homem se não achava que o corte estava
todo torto, mas ele garantia que não. Estava linda. Ficava-me a matar. Muito
mais jovem. Dava-me um ar traquina. Enfim… Acabei por desistir. Na
segunda-feira, decidi-me finalmente a pintar o cabelo. Estava a precisar, mas preferi
esperar pelo corte para ter menos trabalho. A embalagem de sempre, a cor de
sempre. Se houve coisa que acabei por aprender com o cabeleireiro-vidente foi a
manter-me fiel a estes dois parâmetros. Fiz a aplicação como sempre. O fim de
15 minutos, passei por um espelho. Estranhei a cor estar tão escura. Corri para
o espelho da casa de banho para confirmar. E, a seguir, corri para o caixote do
lixo: “Garnier Nutrisse Castanho médio”. Corri para o duche… o mal já estava
feito. Não sei o que raio se passou, tendo em conta que a embalagem tinha sido
comprada há pouco tempo e estava fechada. Uma vez seco o cabelo, deparei-me com
a Beatriz Costa. Excepto a franja. E o corte certinho.<o:p></o:p></span></div>
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<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
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<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Terça-feira
de manhã, mal deixei o Vasco na escola, entrei no primeiro cabeleireiro que
encontrei aberto. O meu aspecto era tão desolador que a cabeleireira aceitou
receber-me naquela tarde, no meio dos outros clientes. Aqui, normalmente, só
com 15 dias de antecedência. Avisou que ia tentar (frisou bem T-E-N-T-A-R)
salvar a situação. Decidi confiar. O meu desespero era tão grande, que teria
confiado no diabo. Apesar de tudo, fartei-me de repetir que não era uma fútil,
nem nada que se parecesse. Mas que pura e simplesmente não me reconhecia. É
estranho passarmos por um espelho/montra/vidro e vermos uma pessoa que não
reconhecemos. Eu estava nesse estado. Para ser sincera, já tinha amaldiçoado um
cento de vezes a ideia da doação de cabelo. Nem nunca vivi de perto uma situação
dessas, não sei o que me terá passado pela cabeça (literalmente). Como dizia o
meu filho mais velho, as senhoras com cancro ficam muito bem de lenço na
cabeça. Em certas zonas neste país, grande parte da população feminina anda de
cabeça coberta. Raios partam o meu espírito voluntarioso e empático.<o:p></o:p></span></div>
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<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Entrei
no cabeleireiro às 14h30 certinhas. Saí de lá, já passavam das 17h. Duas
cabeleireiras andaram à minha volta a tentar perceber o que se poderia fazer.
Chegaram à conclusão de que tinha de me livrar daquele cabelo preto e acertar o
corte. “Acertar o corte, não! Fazer um corte como deve ser…”, explicou uma
delas. Tive muita dificuldade em fazê-las acreditar que não tinha sido eu a
cortar os 30 centímetros de cabelo com a tesoura da cozinha. Não tenho a
certeza absoluta de que tenham acreditado. No entanto, confirmaram o mistério
da cor trocada. Parece que já não era a primeira vez que lhes entrava uma alma
de cabelo escuro pelo salão adentro com as mesmíssimas queixas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Começaram
por me descolorir o cabelo. De permeio, queimaram-me os neurónios e o couro
cabeludo. E serviram-me um café. Fiquei com a cabeça amarela. Amarela cor-de-pintainho.
Depois, estive séculos com uma máscara que era suposto reparar os efeitos
nefastos da descoloração. Mas continuava amarela, embora me doessem menos os
neurónios e o couro cabeludo. Bebi mais um café. Entre elas, decidiram a cor
que me iria “iluminar”. Aparentemente, é preciso estarmos “iluminadas” depois
dos 40. Apesar de garantirem que eu estava muito longe de parecer ter 40 </span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">anos</span><span style="font-family: Arial, sans-serif;">.
Seja como for, parece que o facto de “iluminar” o rosto me faria esquecer o
corte de cabelo. Ou a ausência de cabelo. Era ponto assente que aquilo teria de
levar um jeito valente (as cabeleireiras usavam muitos “petit” para aligeirar a
coisa, à falta dos nossos “inhos”). Fiquei, então, loira. Acho que estou loira.
Filho crescido acha que estou loira. Os belgas (incluindo o filho pequeno, que
se diz meio-belga) acham que louro é outra coisa qualquer mais clara. Para a
generalidade do mundo (belga), tenho o cabelo castanho clarinho. Seja.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">A
seguir, veio o corte. Estava a ver que as cabeleireiras me iam tirar uma
fotografia com o cabelo ensopado e penteado. Definitivamente mais curto de um
lado do que do outro. Com as pontas assimétricas. E em escadinha atrás. Foram
chamar outra cabeleireira para apreciar o trabalho. Até a esteticista veio lá
das catacumbas ver aquele espectáculo. Para além de todas as clientes
presentes. Findo o demorado conciliábulo, decidiram que a única coisa a fazer
era cortar tudo por igual, exactamente do mesmo comprimento da mecha mais curta.
Ou seja, por cima do queixo. Ao verem-me de lágrimas nos olhos, nem ousaram propor
escadeados, <i>degradés</i>, franjas, nem
merdas do estilo. Para pior, já basta assim, como diz a canção. Fiquei com o cabelo
curto, mas direitinho. Fiquei loira e “iluminada”. Decididamente, não gosto do
resultado final. Mas sei que passei uma tarde com várias pessoas à minha volta
a tentar desfazer o erro da “talhante”, como apelidaram a primeira colega. Não
ousei dizer que o salão-anexo ficava situado entre o curral e a casa. No final,
propuseram-me um chá. E sei que aligeiraram bastante a factura, porque afinal eu
“tinha apenas tentado fazer uma boa acção”.<o:p></o:p></span></div>
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<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Passaram-se
uns dias. Filho crescido continua a ser defensor do uso do lenço, nos casos de
cancro. Detesta ver-me assim e é de uma honestidade desarmante. Mas olha para
mim com um ternurento ar de condescendência. Filho pequeno anda encantado. Já
me pediu para ficar assim “para sempre”. O Belga não poupa os elogios, mas acho
que é só para evitar que corte os pulsos ou parta os poucos espelhos que há
nesta casa. Quanto a mim, continuo sem me reconhecer, quando me cruzo com a
loira de cabelo curto. Eu sei que o cabelo cresce (e o meu cresce depressa). E
sei que isto é tão fútil e desprezível, face ao que certas pessoas sofrem. Mas,
pronto, estou zangada comigo mesma. Aproveitei para informar o pessoal da casa
que, na próxima vez que me apetecer fazer um disparate destes, têm a obrigação
de me impedir.<o:p></o:p></span></div>
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<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">Disclosure</span></i><span style="font-family: "Arial","sans-serif";">: Entretanto, desafiei-os para o
seguinte desvario. Infelizmente, nenhum deles pôs um travão a tempo. Tornámo-nos
todos voluntários num refúgio para animais abandonados. E já passámos umas
horas a passear cães. Ah… e apadrinhamos a Jasmine.<o:p></o:p></span></div>
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<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0H-rbKrCWRXpJplKBhlT-L6NeKqNiRrQVJqLEF-RrWlCD6XYvJsWVpo0fywEsrGyOhTZ_Oql_icl59uWRg5J4hV6u3-BU8peltqwOfSWsBEQNEfISiRWdPYmKNmZguoTpMZyvXWIgVy4/s1600/IMG_6564.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0H-rbKrCWRXpJplKBhlT-L6NeKqNiRrQVJqLEF-RrWlCD6XYvJsWVpo0fywEsrGyOhTZ_Oql_icl59uWRg5J4hV6u3-BU8peltqwOfSWsBEQNEfISiRWdPYmKNmZguoTpMZyvXWIgVy4/s400/IMG_6564.JPG" width="300" /></a></div>
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<span style="font-family: "Arial","sans-serif";"><br /></span></div>
Amigo Imagináriohttp://www.blogger.com/profile/10973414677878927612noreply@blogger.com8