sexta-feira, 15 de abril de 2016

Narrador subjectivo

(porque a nossa vida voltou à doce e caótica normalidade

que a caracteriza)



Pouco depois de escrever o último post, arrependi-me. Já estava no posto da Polícia, era demasiado tarde para apagar. Foi apenas um desabafo, mas despoletou diversas reacções. Por vezes esqueço-me de que também sou lida pela família e amigos chegados, que se preocupam connosco. Fica sempre tanto por dizer, aqui! Este blog narra as nossas aventuras e desventuras diárias através dos meus olhos. Que não são omnipresentes. Muito menos omniscientes. Que são assumidamente subjectivos. Parciais. Por isso, esta é a nossa história contada por mim. Abomino certezas absolutas (e os detentores das ditas). Acho sempre que a vasta gama cromática de cinzentos é muito mais rica do que a dicotomia básica de preto e branco. Por isso, sei que haverá outras versões desta mesma história. E faço questão de me diferenciar dos pregadores da verdade universal, que expõem e ofendem publicamente sem pejos quem ousa transgredir a sua visão encerrada e poucachinha do mundo.
No dia em que um dos meus filhos me pedir que pare de falar dele ou de mostrar fotografias, deixarei imediatamente de o fazer. Por uma questão de respeito. Respeito esse que é extensível à família paterna do Diogo e do Vasco. Já aqui tenho falado de situações que se passam comigo – exclusivamente comigo. Já aqui tenho deixado desabafos pequeninos e velados de coisas que me transcendem, que não consigo compreender, que me magoam, que me deixam ofendida. Profundamente enraivecida. Às vezes, assustada. Mas penso que nunca abordei nenhuma questão sob outro ponto de vista que não o meu. Pessoal e intransmissível. Não ataco, não denigro, não ofendo. Principalmente, não exponho. Esta tem sido a minha linha de conduta, tanto na minha vida como na narração da minha vida. Espero que um dia, quando os meus rapazes forem crescidos, se lhe apetecer percorrer este blog para recordarem a sua infância e juventude (sob o ponto de vista da mãe), não sintam vergonha, nem sintam que a sua intimidade familiar foi devassada.

4 comentários:

  1. Se os teus rapazes um dia lerem este registo de ponta a ponta, acho que vão é ficar extremamente orgulhosos da mãe que têm! :)
    És pequenina, mas grande!

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  2. Subscrevo inteiramente o primeiro post, na linha da sua afirmação de que os que interessam mesmo, os seus filhos, estão conquistados, eles percebem quanto a mãe é GRANDE!Beijinhos,Rita!

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