terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Adivinhem onde é que eu estou!

(porque este ano o Pai Natal passou mais cedo pela terra do frio)

 
Passei tantos anos a receber prendas que nada tinham a ver comigo, prendas que detestava, prendas que tinha de abrir com um sorriso falso, que ainda sinto um frio na barriga sempre que vejo um embrulho à frente. Ainda não me habituei a ter alguém ao meu lado que me conhece como ninguém. Que gosta de mim tal como sou. Que não me tenta moldar à sua imagem e semelhança. Que não me quer transformar numa pessoa que eu não sou, nem nunca serei. Alguém que olha e vê, que escuta com atenção aquilo que eu nem sequer chego a dizer.
 
E este ano eu só queria mesmo uma coisa. Uma única coisa que, por me parecer inalcançável, não ousei verbalizar. Porque eu agora sei que a dor interposta ainda dói mais.
 
Mas o meu amor percebeu.
 
Por isso, aqui estamos. Com o céu azul. O Tejo. A luz de Lisboa. Este calorzinho bom que me aquece o coração.
 
Quando vislumbro Lisboa ao longe, vinda da outra margem, sei que cheguei a casa. Quando o meu pai me faz uma festinha na cara, depois de me dar um beijo, sei que cheguei a casa. E quando a minha mãe disfarça uma lágrima, sei que cheguei a casa. As minhas irmãs vão gozar comigo, como sempre fizeram. Vou mimar os meus sobrinhos. Abraçar o meu avô, que está tão velhote. Matar saudades dos amigos. Vou olhar para os meus filhos no preciso instante em que um novo ano começa. Dar um beijo ao meu amor e agradecer-lhe mais uma vez por me ler tão bem a alma. Vou ser quem sou, porque sei que cheguei a casa.
 
O meu amor diz que fico sempre diferente, quando estou em Portugal. Que irradio uma espécie de brilho. Que fico mais feliz. Leve.
 
É porque sei que cheguei a casa.
 
Desejo a todos um Natal assim... no sítio onde são mais felizes, com as pessoas que mais amam. Um Natal em que sintam que chegaram finalmente a casa.

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