sábado, 2 de novembro de 2013

Dias de uma Princesa

(Porque há coisas que nos tocam o coração)


No início desta aventura, quando me pus a limpar a casa recém-alugada de uma ponta à outra, fui recuado, recuado, recuando… até dar por mim enfiada no vão da escada, à espera que tudo à minha volta secasse… paredes, janelas, chão. Junto a mim estavam os meus poucos pertences. Liguei o computador, só mesmo porque não tinha mais nada para fazer. O ícone da Internet acendeu! Hoje sei que foi pura sorte, o único sítio onde consigo apanhar a Net dos vizinhos é debaixo da escada (onde instalei obviamente a minha secretária). Sem nada de especial para fazer, pus-me a ler o único blog que seguia, graças às crónicas na “Pais & Filhos”: Cócó na Fralda. E, depois de ler os últimos posts, avancei para os blogs que a SMS lê. Assim, cheguei ao Dias de uma Princesa.

Hoje, não leio muitos blogs regularmente, mas percebi que há alguns que vale a pena seguir. Porque me aproximam de Portugal, porque falam de uma actualidade que embora longínqua me interessa, porque são escritos por amigos, porque me tocam o coração e falam de coisas que me dizem directamente respeito… é o caso do blog da Catarina. A Catarina escreve muito bem. É mãe solteira. Tem dois rapazes. E vive com pouco, das palavras que escreve. A Catarina também acredita que a vida se resolve sozinha, à medida que a vamos vivendo. Que ter tempo (para os nossos filhos, para nós, para os nossos amigos-e-família, para as nossas palavras) é ser rico. A Catarina, que eu não conheço pessoalmente, tornou-se numa “blogamiga” sem saber.

Por isso, quando um dia destes vi um post dela a namorar os livros de receitas da Nutella, pareceu-me natural mandar-lhe o nosso. Porque aquilo é coisa do Demo e é melhor mantermo-nos afastados. Porque sou apologista que os livros se devem usar e passar ao próximo. Porque já sabemos que receitas funcionam e o que mais gostamos. E vai daí mandei-lhe um email. Ela deu-me a morada e eu enviei-lhe o nosso livro já sujo e usado (a pensar que era um presente envenenado, mas enfim).

Na volta do correio, recebo o livro da Catarina, “Dias de uma Princesa”. E eu, que comecei a lê-la há relativamente pouco tempo, fiquei feliz por ter oportunidade de voltar ao início. Já recebi o livro há dias, mas tenho andado a namorá-lo… leio um bocadinho e páro. Leio mais um bocadinho e volto a parar. E isto tem-me dado um gozo enorme. Fiquei a conhecer melhor a Catarina, que é um doce (mas isso eu já sabia). E voltei a ler na minha língua. Sim, porque uma coisa é ler os posts dos amigos no facebook, trocar emails com a família, ler edições online de jornais, ir espreitando os meus blogs de eleição… outra coisa, é ter um livro em português. Pronto, admito que deve ser coisa de emigra. Eu tenho uma família adorável, mas não há ninguém que me mande chouriças, nem alheiras, nem farinheiras, nem queijos de cabra, nem travesseiros de Sintra ou pastéis de nata de Belém. Ou livros em português. Isto dito assim, fica um bocado estranho, mas são as coisas de que tenho mais saudades. E a Catarina (afinal este post é sobre ela) é pessoa para perceber perfeitamente a minha gula e não se ofender.

[Resta dizer que a resposta ao “Mas-afinal-quem-és-tu, pessoa-estranha-que-me-lê-nesse-fim-de-mundo-e-me-quer-engordar-com-tentações-demoníacas-feitas-com-Nutella?!” originou o primeiro post do Amigo imaginário. Portanto, posso dizer que a Catarina é uma espécie de madrinha muito doce. E aqui fica o meu agradecimento sentido.]

3 comentários:

  1. Oh... Tb sigo o blog "Dias de uma Princesa" e lembro-me muito bem do post dela a comentar o livro que recebeu, longe de mim pensar que a Rita de "uma terrinha distante perdida por essa Europa" eras tu! a blogosfera é fantástica ;) beijinhos

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