terça-feira, 11 de março de 2014

Passado, presente e futuro

(porque a Primavera pede tempos de mudança)

 
Estas férias que agora terminam marcaram o fim de uma época. Portanto, foram vividas com uma certa nostalgia. Com saudade.

Voltei a Portugal, mas já não sou da terra. Não há volta a dar, o meu olhar é completamente diferente. Stranger in a Strange Land. Espectadora da vida que continua. Voz passiva de uma realidade que já não é minha.

Sinto que a roda voltou a girar e que uma nova mudança se avizinha. Uma espécie de turbilhão de vento que se aproxima devagarinho e que ameaça mandar pelos ares a acalmia que, aos poucos, se foi instalando nas nossas vidas.

A casa de Malempré tornou-se demasiado pequena para nós. Estas paredes azúis que acolheram uma mãe e duas crianças parecem agora demasiado estreitas para dois adultos que constroem os alicerces de uma relação, um adolescente que anseia por privacidade e um menino que precisa de espaço para dar asas ao corpo. E um cão. Mais um coelho, um porquinho-da-índia e um hamster. Todos meio malucos. Precisamos de um espaço que não invada o espaço do outro. Um espaço que acolha esta nova dinâmica que entretanto se criou.

A escola de Malempré que, com o seu ambiente familiar e os seus vinte alunos fez maravilhas pelo meu filho Diogo, não é o lugar ideal para a coisa pequena. O Vasco precisa de mais gente. De mais mundo.

E, de qualquer modo, eu preciso de o ter mais perto do meu novo trabalho, que já começou a trazer desafios importantes. Traduções e adaptações. Co-autoria de novos textos. E um friozinho bom na barriga.

Mais do que um trabalho, um emprego. Com toda a segurança que isso implica. Que me permite ter as tardes livres e estar em casa quando os meninos chegam da escola. Que após reorganização de horários, locais e turmas me permite levá-los às diversas actividades musicais, desportivas e de lazer. Porque a malta também é dada à folia. Mas este dia-a-dia é gerido ao minuto e começo a acusar algum cansaço.

Também é gerido ao cêntimo. Não deixa de ser um emprego em part-time. Tenho a sorte de conseguir conjugá-lo com as aulas em horário pós-laboral. Que juntamente com os abonos de família permitem-me viver de forma muito controlada. Mas independente.

E depois pergunto a mim mesma se tenho mesmo de suportar este cansaço sozinha. Se a luta pela minha independência não merecerá umas tréguas. No fundo, pergunto a mim mesma se estarei preparada para não me perder numa nova cumplicidade.

Os ventos de mudança começaram a soprar suavemente… A nossa vida vai novamente sofrer alterações a médio prazo. Seremos já suficientemente fortes para dançarmos ao sabor do vento ou será demasiado cedo?

6 comentários:

  1. Já dançaste no sopro de um furacão... este será ligeiro, não?

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  2. É verdade, Gabzia! Uma pessoa às vezes até se esquece do que passou... :)

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  3. Acho que já deu para perceber que a tua intuição é sábia e saberá o que fazer no meio da ventania.

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  4. Nunca se perde nada por experimentar novos ventos!

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