(enquanto uns crescem, outros regridem)
Filho
crescido começou finalmente a estudar! Não… não é estudar para os testes. É
mesmo estudar diariamente para ter sempre a matéria em dia. A carga de trabalho
neste país, a partir do 10.º ano, é assombrosa. Todos os dias há trabalhos de
casa, apresentações orais, trabalhos de grupo e testes para preparar. Todos os
dias. Para todas as disciplinas. É muito fácil perder o Norte, mas acho que o
Diogo se está a sair bastante bem. Em dois meses, adquiriu hábitos de estudo. Parece que, quanto mais ocupado está, melhor se consegue organizar. É espantoso. Continua a dedicar imenso tempo ao órgão de igreja. E um bocadinho mais ao
trompete, para minha grande alegria. Gere sozinho todas as suas deslocações e
tornou-se autónomo numa série de coisas. Está sempre atrasado como o coelho da
Alice, mas tem tempo para tudo. Digamos que é uma calma apressada. Alargou a
rede de amizades. Nos últimos tempos, tem sido um corrupio de gente lá em casa.
E continua a trabalhar no restaurante ao sábado, de quinze em quinze dias. Acho
que o meu filho crescido deu um pulo enorme, desde o início do ano. É estranho.
Mas é um estranho bom.
Filho
pequeno começou finalmente a ler! É de dizer que o Vasco é um leitor
voraz, mas as suas preferências deixavam um bocadinho a desejar. Como qualquer
miúdo belga, a BD tem um lugar de destaque… ehhh…
exageradamente destacado, passe o pleonasmo. De resto, devora tudo o que é “livro
técnico”, por assim dizer. Principalmente, livros sobre mitologia, heróis e
animais. Ou ciências, de uma maneira geral. Prefere nitidamente ler em francês,
mas também lê em português. Aqui há uns tempos, o meu amor ofereceu-lhe um
livro sobre lendas marítimas que ele devorou, apesar de ser um livro para
adultos com mais de 300 páginas. O único problema é que o Vasco se recusava
terminantemente a ler ficção. Fosse ela qual fosse. A recusa era categórica. No
mês passado comprei-lhe o primeiro livro do Harry Potter numa brocante, por insistência do irmão. Claro
que o Vasco se negou a lê-lo. Não lhe interessava. Já tinha visto o filme.
Conhecia a história. Não era nada de especial. Finquei pé e neguei-me a
levá-los à exposição do Harry Potter que está, neste momento, em Bruxelas. Anunciei
que só iria depois de a coisa pequena ter lido o livro. Admito que não foi uma
chantagem inocente… eu sabia que o Diogo havia de tratar do assunto. Não me
enganei. Na semana passada, o Vasco começou a ler. E nunca mais parou. Já está
a terminar o segundo volume. Lê a comer, lê a andar, lê na cama, lê na casa de
banho. Quando o chamamos e não aparece, é porque está a ler. Despacha os
trabalhos de casa a correr para ler. Ontem foi o caminho todo para o solfejo
calado. Só quando chegámos é que reparei que estava a ler… às escuras. Não me
contive: “Se não te tivesse obrigado, já viste o que terias perdido?!” Lá me
confessou que não tinha começado a ler por obrigação materna, mas por medo
fraterno. O Diogo ameaçou queimar-lhe a colecção de BD se não
lesse o livro a tempo de irmos a exposição. Fiquei impressionada com o método usado, mas não tive coragem de ralhar com o torcionário em
questão porque resultou.
Por
fim, a última boa notícia. Vaidosa qb, mas enfim… Voltei a caber numas calças
27! Quer dizer, voltei a caber e consigo respirar normalmente. Pior… Já não consigo usar as calças de ganga que a minha querida mãezinha
me trouxe, aquando da sua última visita à Bélgica. Quando desembrulhei a prenda,
fiquei um bocadinho chocada, apesar de já estar habituada. É de referir que a minha mãe insiste em comprar-me
roupa na Zara. Na secção de criança, obviamente. As ditas calças eram para 14
anos. E, agora, caiem-me rabo abaixo. Bem sei que é triste que uma coisa tão
comezinha e fútil me deixe feliz, mas pronto…
A inconstância faz parte do meu charme natural.☺
Ohh, estão de parabéns, os três!!
ResponderEliminarE assim se abre um mundo fantástico para o Vasco! (fiquei tão feliz com esta boa notícia!) <3
Só quem respira literatura compreende bem a felicidade que o mundo ficcional nos consegue oferecer, hein?! ;)
EliminarTudo se encaixa, isso é que interessa! Dou-lhe os parabéns pelos dois primeiros motivos acima relatados, o terceiro deixa-me ainda mais deprimida com o peso que o Verão deixou...Raio dos gelados e das bolas de Berlim! Ainda bem que estive hoje a organizar fotos recentes, vão empurrar-me para muita sopinha sem hidratos de carbono e grelhadinhos...E o objectivo é continuar a roupa que tenho, não é descer números! Beijinhos, mãe (cada vez mais) pequenina!Ah, e gosto dos métodos do filho crescido...
ResponderEliminarAh... eu bem me parecia que tinha de haver vantagens em não haver bolas de berlim aqui por estes lados! Nem travesseiros, nem pastéis de nata, nem farinheiras, nem gelados Olá... Confesso que assim é bem mais fácil.
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