quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Espírito muito pouco natalício

(onde se tenta um “Ho, ho, ho!” e só nos sai um suspiro)


Faltam pouco mais de duas semanas para o Natal. E, este ano, ainda não montei a árvore, nem decorei a casa. Praticamente ainda não comprei prendas nenhumas. A bem dizer da verdade, ainda nem sequer pensei muito nisso. Muito menos na ementa da consoada.

Não sei se por andar noutra onda, completamente anti-consumista. Mais virada para dentro do que para fora. Mais adepta do ser do que do ter. Não sei se por os dias estarem bonitos e solarengos, apesar de frios. Sem indícios de neve. Não sei se por sentir que, entre os anos do Vasco e o Saint-Nicolas, já houve prendas e doces que cheguem por aqui. Ou talvez seja pelo excesso de trabalho. As traduções sucedem-se e, com muita ginástica, lá as vou encaixando nos meus dias de trabalho. Mais os problemas sem fim que vão surgindo em catadupa.

Este ano não posso alegremente saltar o Natal, como faço de dois em dois anos. As férias escolares, na Bélgica, só começam oficialmente a 26 de Dezembro. Os miúdos têm aulas até às 16 horas, no dia 23. Ou seja, só vão partir no dia seguinte à tardinha. E já decretaram que festejam o Natal aqui. Quer dizer, decretou o filho pequeno. Para ele, os festejos nunca são demais. O filho grande, este ano, está como eu… muito pouco imbuído de espírito natalício. Curiosamente, é o único que já tem prenda. Apesar de apregoar aos quatro ventos que não quer prendas, que o Natal é uma festa consumista, que não precisa de nada. Fez-lhe mal ver o Captain Fantastic. Ou por outra… fez-lhe muito bem. Eu ainda tentei argumentar que devíamos começar a festejar o "Noam Chomsky Day", mas ninguém me ligou nenhuma.

Ontem, quando me meti no carro para levar o Vasco à aula de violino, aproveitei para lhe perguntar o que queria como prenda de Natal. A pergunta saiu-me naturalmente, sem que tivesse pensado nisso. Acho que ele ficou tão surpreendido quanto eu. Nunca na minha vida me lembro de ter pedido uma lista de prendas aos meus filhos. Claro que depressa lhe passou o espanto. Foi o caminho todo até Malmedy a ditar-me a sua lista de desejos. Vinte e cinco minutos ininterruptos de prendas. Pensei que me tinha safado. A falta de ideias, este ano, estava definitivamente resolvida. Tanto mais que o Vasco não é uma criatura difícil, tanto pede prendas de uns míseros euros, como de largas centenas. Se é para pedir que seja em grande, certo? Só que no fim – já no finalzinho, quando estava a apetrechar-se com o cachecol, gorro e luvas para sair – lançou-me: “Ou, então, escolhe tu! Sim, mãe… prefiro que me dês uma daquelas tuas ideias!”. Não tive coragem para lhe dizer que, este Natal, não tenho nenhuma daquelas minhas ideias… nada. O espírito natalício anda definitivamente por outras paragens.

2 comentários:

  1. Já fui a vários espaços comerciais, com multidões cheias de sacos enooormes e não bati em ninguém! Já vi várias decorações de Natal e até fotografei as ditas...Tenho a casa decorada em modo "mínimos" e comprei as lembranças deste ano com muita antecedência! E estou relativamente calma...É este o meu espírito natalício!

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    1. Lá em casa também acabámos por nos deixar levar. Este fim-de-semana montámos a árvore e comprámos os presentes que faltavam. Está tudo pronto, uffffa! ;)

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