quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Perspectiva infantil

(onde se compreende que o mais importante é o Halloween)

 
O Vasco, mais conhecido por coisa pequena (ou petite chose), nunca esteve doente na vida. Nunca teve febre, em quase 7 anos de existência. Mentira. Quando tinha 2 meses apanhou um vírus respiratório, que o ia levando desta para melhor e nos obrigou a passar uma temporada na Estefânia. Lugar muito agradável, que me deixou os primeiros cabelos brancos. Mas, pronto, excepto isso nunca teve nada. A especialidade do pequeno terrorista é partir coisas: cabeças (dele e de um colega), o queixo, a boca toda... e, agora, um pé.
 
Anteontem, a jogar à bola no recreio fez uma defesa aparatosa e caiu. Levantou-se (com as calças rasgadas) e continuou a jogar. Ontem ainda andou a trepar às árvores depois da escola. Mas o pé continuava a doer “um bocadinho”. Fomos ao hospital e lá veio o veredicto: está quase, quase partido. Coisa para dar umas dores insuportáveis (hum, hum…). Tem gesso até ao joelho e tem de ficar de repouso, no mínimo, dez dias (há-de ser certo…). As canadianas são uma potencial arma de arremesso e a cadeira de rodas um kart adaptado (ambos testados ainda antes de sairmos do hospital). Prevêem-se dias animados, nesta casa.
 
O Diogo tentava animar-me… “Ó mãe, pelo menos, já não tens de comprar um fato para o Halloween. Ele pode mascarar-se de múmia!”. De repente, a coisa pequena pareceu cair em si, pela primeira vez. Mandou um grito, aflito: “Nãoooo! Bolas! E, agora, como é que vou levar o saco dos doces no desfile de Halloween?!?!”. Responde o irmão: “Cala-te, parvo! De cadeira de rodas vão dar-me muito mais doces!” Suspiro aliviado da coisa pequena.
 
[Juro que só não lhes dei com a porcaria das canadianas em cima porque tinha uma enfermeira à minha frente.]

2 comentários:

  1. Não podes dizer que a tua vida é monótona. Com esses dois rapazes, é impossível.

    ResponderEliminar
  2. Não me digas nada, Sofia! Na 6a feira, quando o fui buscar à escola, o Vasco estava de castigo. Ainda perguntei a medo como era possível que tivesse asneirado se anda de cadeira de rodas... Parece que andou a usar a cadeira como se fosse um carrinho de choque para chocar contra as paredes no recreio! Bahhh!

    ResponderEliminar