sexta-feira, 26 de junho de 2015

Férias de sonho para esta família

(onde a sinceridade tem primazia sobre o politicamente correcto)


 

Provavelmente, este meu conceito de férias de sonho não terá muitos adeptos. Admito que seja bastante pessoal. Talvez algo egoísta. São umas férias-modelo que funcionam apenas na nossa família.  Além disso, tenho a noção de que é difícil pô-las em prática, tendo em conta a multiplicidade de factores que é necessário conjugar. Uma espécie de Cubo Mágico com muitas peças coloridas pequeninas que se imbricam umas nas outras. Milagrosamente, este ano as nossas férias de sonho vão mesmo realizar-se. Não serão perfeitas, perfeitas… mas, honestamente, acho que não vão andar muito longe disso. Ou seja, com algum esforço e imaginação, vamos mesmo conseguir fazer tudo o que queremos. Tudo o que queremos e precisamos, todos nós.

Este ano absolutamente extenuante deixou-nos a todos de rastos, adultos, adolescente e coisa pequena. Começámos numa luta aguerrida e terminamos com uma vitória inesperada. Esta casa está finalmente em paz. Nunca me passou pela cabeça perder o meu filho mais velho. Separar os irmãos. Parecia-me pura e simplesmente inconcebível. Sobretudo, parecia-me que essa não seria a verdadeira vontade do Diogo. Felizmente a juíza foi da mesma opinião. Acho que não me enganei. Passado um ano, o Diogo é outro. Um miúdo feliz, risonho e falador, de bem com a vida, rodeado de amigos (e namorada pispineta!). Um miúdo que voltou a ser o que sempre foi, meiguinho e melado, agora com 1.72 metros, picos de hormonas e de resmunguice. Com opiniões fortes. É estranho ver o meu Diogo num corpo de gente grande, com outra maturidade. É estranho ver um filho adolescer, tomar subitamente consciência das coisas, porque isso acarreta sempre algum sofrimento. Faz parte da vida, eu sei, mas gostaria de ter conseguido protegê-lo durante mais um bocadinho.

Não creio que esteja a ser injusta se disser que este foi o ano do Diogo. Da luta pelo Diogo. O Vasco não esteve no centro das nossas preocupações, apesar de tentarmos ferozmente mantê-lo dentro de uma redoma protectora. O meu amor e eu dedicámo-nos muito mais aos miúdos do que a nós próprios, à nossa vida pessoal, ao nosso trabalho. Isto seria perfeitamente normal se fôssemos ambos pais destes miúdos, o que não é o caso. Pedir a um homem que escolheu conscientemente a liberdade à paternidade para se dedicar em exclusivo a duas crianças, é pedir o impossível. No entanto, ele fê-lo. E de forma absolutamente excepcional. Não sem algumas crises de consciência, não sem algumas crises pessoais. Não sem mossas na nossa vida de casal, sejamos sinceros. Não somos a família perfeita, nem pretendemos sê-lo. Somos a família possível, a que conseguimos ser. A que tentamos construir, no meio do tumulto que é o nosso quotidiano. Esforço-me para não trazer para aqui o lado mais sombrio da nossa vida. Acho contraproducente responder à maldade e à insanidade com protagonismo. Ainda há dias recebi novos ataques a dizer que não valho nada, que sou uma vergonha de mãe, que sou uma emigrante fracassada, sem dinheiro. E isto é difícil de gerir. Porque é constante. Porque visa destruir a minha autoestima, a minha força. Porque é cada vez mais complicado esconder este tipo de situações do Diogo. Porque exige uma paciência extraordinária da pessoa que amo, que nada fez para merecer ter de dividir este fardo pesado comigo.

Por tudo isto, merecíamos ter férias. Umas férias em guisa de celebração, de consagração da vitória que constituiu este ano. Umas férias de sonho, nada menos do que isso. Finalmente. Cada um de nós, em particular. Todos juntos, em família. O Diogo porque se portou como um herói este ano e amadureceu imenso, conseguindo construir uma relação envolta de ternura com cada membro desta família. O Vasco porque continuou simplesmente a ser a minha deliciosa coisa pequena, que me espanta e me comove diariamente. Que mantém uma cumplicidade única com o nosso Belga, mostrando que há filiações que vão muito para além do código genético. O meu amor porque merece usufruir do aspecto positivo de fazer parte de um todo, que ele ajudou a solidificar. Porque vai poder partir à aventura connosco no seu território, no seu habitat natural, e mostrar-nos um novo país que não conhecemos. E eu… eu porque sobrevivi a este ano, sem nunca deixar de acreditar no nosso projecto. Aprendi a ter fé. Porque consegui ir poupando, aqui e ali, de modo a conseguir oferecer estas férias à minha família. Serão umas férias em modo low-cost, bem entendido. Ainda não sei muito bem como vamos conseguir fazer tudo o que queremos, mas alguma coisa se há-de arranjar. Gostamos de cultivar o improviso.

Ora, então, vamos lá enunciar as premissas essenciais para umas férias de sonho:
1-    Férias só com os meus filhos, enquanto o meu amor descansa uns tempos desta família de doidos.
2-    Alguns dias exclusivamente com um dos rapazes, para poder mimá-los à vez.
3-    Partir à aventura a quatro no estrangeiro, numas férias itinerantes e atribuladas.
4-    Um momento a dois, num sítio calmo, para namorar.
5-     Muitas visitas da família e amigos, para encher o coração.

Os planos estão mais ou menos delineados, as férias começam na próxima segunda-feira. Pensando bem, as férias começam já amanhã. O bebé mais fofinho do (meu) mundo vem passar o fim-de-semana com a tia. Infelizmente traz os pais atrás, mas havemos de conseguir despachá-los para algum lado...

4 comentários:

  1. Que sonhes muito nas tuas férias, e que as férias sejam de sonho!

    Grande juíza, pá!

    E vozes de burro, não chegam aos céus!

    Bjs

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    1. Hum... o melhor quando se tira férias com miúdos é sonhar muito... antes! :)

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  2. Que sejam férias já é muito bom! Que sejam feitas em grupo, em duo ou "a dois" já é o resultado das decisões democráticas da vossa vida...e costuma correr bem! É aproveitar que o Verão irá acabar...

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  3. Não, não... o Verão aqui ainda agora começou! E este ano tem estado mesmoooooo bom tempo! :)

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