(onde se mostra que uma mesma situação
pode suscitar reacções opostas)
Ontem
foi dia de exame de solfejo. Fui buscar o Diogo à escola mais cedo. Que estava
muito nervoso, maldisposto, com falta de ar, afónico. Apesar da overdose de pastilhas para a garganta. Fui
o caminho todo a dizer-lhe que tinha de se acalmar, que ia correr tudo bem.
Depois,
fomos buscar o Vasco. Vinha na boa. Aos saltinhos e a cantarolar, como
sempre. A falar pelos cotovelos. Fui o caminho todo a dizer-lhe que tinha de se
acalmar, senão as coisas podiam não correr bem.
Passámos
por casa para lanchar rapidamente. O Diogo aproveitou para se agarrar ao piano
e estudar mais um bocado. O Vasco enfiou-se na casa de banho com um “Tio
Patinhas” debaixo do braço.
Durante
o trajecto, o Diogo estudava as partituras. O Vasco lia o “Tio Patinhas”.
Chegámos.
O Diogo continuava a estudar. O Vasco continuava a ler.
A
coisa pequena foi a primeira a entrar. Anunciou logo em alto e bom som (tão
alto que se ouviu cá fora…) que tinha decorado a partitura para impressionar o
Director e que não precisava de a ler. A seguir, cantou afinadinho em alto e bom som
(tão alto que se ouviu cá fora…). Quando acabou, continuou a falar. Que
continuava a tocar violino, mas que também gostava muito do violoncelo. Que não
sabia bem porquê só gostava de instrumentos de cordas. Que tinha entrado para o
coro e que estava a adorar. Etc., etc., etc... Saiu de lá aos pulinhos juntamente com um colega, que arrastava os pés. Afinal, os exames
eram feitos a dois. O outro nem o ouvi, coitado.
Depois,
entrou o Diogo com uma colega. A suar em bica. Branco como a cal. Ele bem tinha
esperança que fosse a desafinada da turma… calhou-lhe a bonitinha, afinada.
Este exame era mais complexo, mais demorado, com uma leitura improvisada e
outra preparada. O Diogo teve alguma dificuldade em colocar a sua nova voz de
gente grande. Mas cantou afinadinho. Saiu de lá corado, aliviado, a rir.
E,
pronto, por agora estamos despachados. O resultado logo se verá... De qualquer modo, as notas parecem-me bem menos importantes do que a reacção oposta dos meus rapazes a uma situação idêntica.
Também tenho um "Diogo" e um "Vasco" desses lá em casa ;) E ambas as reacções têm vantagens e desvantagens. É muito giro eles serem tão diferentes.
ResponderEliminarMoral da história: não há dois filhos iguais. O que já devias saber, porque não há irmãos iguais. Mas isso ainda poderia talvez ser atribuído a educações diferentes. Agora já sabes que não é principalmente isso... Generalizando um pouco mais a moral da história: não há duas pessoas iguais. Nem mesmo gémeos "iguais", educados pelos mesmos pais, são iguais...
ResponderEliminarE a "coisa pequena" não me parece pior que uma filha minha, que era uma peste desde o início, não sei se te lembras...
Sim, mas eu gosto dessa diferença! Aliás, acho que também não sou a mesma mãe para um e para outro... exactamente porque respeito essa diferença.
ResponderEliminar