terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Descubra as diferenças

(onde se mostra que uma mesma situação

pode suscitar reacções opostas)


Ontem foi dia de exame de solfejo. Fui buscar o Diogo à escola mais cedo. Que estava muito nervoso, maldisposto, com falta de ar, afónico. Apesar da overdose de pastilhas para a garganta. Fui o caminho todo a dizer-lhe que tinha de se acalmar, que ia correr tudo bem.

Depois, fomos buscar o Vasco. Vinha na boa. Aos saltinhos e a cantarolar, como sempre. A falar pelos cotovelos. Fui o caminho todo a dizer-lhe que tinha de se acalmar, senão as coisas podiam não correr bem.

Passámos por casa para lanchar rapidamente. O Diogo aproveitou para se agarrar ao piano e estudar mais um bocado. O Vasco enfiou-se na casa de banho com um “Tio Patinhas” debaixo do braço.

Durante o trajecto, o Diogo estudava as partituras. O Vasco lia o “Tio Patinhas”.

Chegámos. O Diogo continuava a estudar. O Vasco continuava a ler.

A coisa pequena foi a primeira a entrar. Anunciou logo em alto e bom som (tão alto que se ouviu cá fora…) que tinha decorado a partitura para impressionar o Director e que não precisava de a ler. A seguir, cantou afinadinho em alto e bom som (tão alto que se ouviu cá fora…). Quando acabou, continuou a falar. Que continuava a tocar violino, mas que também gostava muito do violoncelo. Que não sabia bem porquê só gostava de instrumentos de cordas. Que tinha entrado para o coro e que estava a adorar. Etc., etc., etc... Saiu de lá aos pulinhos juntamente com um colega, que arrastava os pés. Afinal, os exames eram feitos a dois. O outro nem o ouvi, coitado.

Depois, entrou o Diogo com uma colega. A suar em bica. Branco como a cal. Ele bem tinha esperança que fosse a desafinada da turma… calhou-lhe a bonitinha, afinada. Este exame era mais complexo, mais demorado, com uma leitura improvisada e outra preparada. O Diogo teve alguma dificuldade em colocar a sua nova voz de gente grande. Mas cantou afinadinho. Saiu de lá corado, aliviado, a rir.

E, pronto, por agora estamos despachados. O resultado logo se verá... De qualquer modo, as notas parecem-me bem menos importantes do que a reacção oposta dos meus rapazes a uma situação idêntica.



3 comentários:

  1. Também tenho um "Diogo" e um "Vasco" desses lá em casa ;) E ambas as reacções têm vantagens e desvantagens. É muito giro eles serem tão diferentes.

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  2. Moral da história: não há dois filhos iguais. O que já devias saber, porque não há irmãos iguais. Mas isso ainda poderia talvez ser atribuído a educações diferentes. Agora já sabes que não é principalmente isso... Generalizando um pouco mais a moral da história: não há duas pessoas iguais. Nem mesmo gémeos "iguais", educados pelos mesmos pais, são iguais...
    E a "coisa pequena" não me parece pior que uma filha minha, que era uma peste desde o início, não sei se te lembras...

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  3. Sim, mas eu gosto dessa diferença! Aliás, acho que também não sou a mesma mãe para um e para outro... exactamente porque respeito essa diferença.

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