terça-feira, 19 de maio de 2015

Paixão à primeira vista

(onde se faz uma espécie de mea culpa materno)


O problema de se ter um pequeno jardim zoológico em casa é que passamos a vida em lojas de animais. É preciso comprar comida, feno, serradura, areia, pellets, etc. Ou seja, a nossa paixão pela bicharada está constantemente a ser posta à prova. Quando vou às compras com o meu filho Vasco, a pedinchice começa logo à entrada da loja e só termina mesmo no final, quando saímos. Porque é só mais um, porque só custa 8 euros, porque até já temos uma gaiola e tudo... Prefiro de longe ir com ele a uma loja de brinquedos ou a um supermercado. Com o Diogo a coisa não é muito melhor, só não faz olhinhos de Bambi.

Desta vez, julgava-me a salvo porque levámos o meu amor a reboque. Normalmente, ele refreia melhor os ímpetos dos miúdos do que eu. Não porque não goste de animais ou defenda que já excedemos largamente a cota. O diabo do homem é muito mais perigoso do que os meus dois filhos juntos. O objectivo dele são os animais um bocadinho maiores… galinhas, patos, cabras, burros. Se não fosse o D. Fuas, o nosso quintal estaria repleto de bichos de grande porte. Vá… de médio porte. Volta e meia, lá me apresenta mais um plano engenhoso para driblar o zelo de caça canino. Até agora, ainda não me conseguiu convencer…

Na semana passada, lá fomos nós reabastecermo-nos ao Tom&Co. Com paragem obrigatória no corredor dos roedores, claro. Onde eu me apaixonei perdidamente por uma porquinha-da-índia bebé. É preciso que se diga que nenhum dos presentes me tentou demover. Bem pelo contrário. Quer dizer, o meu amor ainda tentou dissuadir-me, mas só porque tinham decidido oferecer-me um porquinho como prenda de anos e lhes estraguei a surpresa. Portanto, para todos os efeitos, festejei o meu aniversário antecipadamente. Apenas isso. A culpa não é, decididamente, minha.

Depois de chegarmos a casa, quando os remorsos da minha loucura me começaram ligeiramente a atacar, verifiquei que o bichinho tinha mordidelas no corpo e nas orelhas. Ou seja, salvei mais um animal maltratado, foi o que foi. A desgraçada passou três dias a um canto, sem comer. Agora, que já está perfeitamente adaptada, é adorável. Estamos todos apaixonados por esta fofura.

Tendo em conta que, para todos os efeitos, se trata da minha prenda de anos, não houve discussão possível quanto ao nome. Até porque já estou um bocado farta de nomes de inspiração StarWarsdesca. Tive uma porquinha chamada Carlota que me acompanhou durante toda a minha adolescência. Inclusivamente, passou um ano comigo na Bélgica, quando fiz o intercâmbio de estudantes. Em homenagem a esse bichinho fantástico, ficou Constança.

A Constança foi de imediato para o andar de cima, a salvo do D. Fuas. O Diogo pediu para a levar para o quarto dele, mostrando que a suposta indiferença adolescente pela paixão familiar já lhe passou definitivamente. O Vasco argumentou que a bicharada está quase toda junta nos seus domínios, de longe a maior divisão da casa. E a verdade é que não há barulho selvagem que consiga acordar a coisa pequena durante a noite. Portanto, por ali ficou, depois de devidamente apresentada à vizinhança animal.

Neste momento, o reino animal domina claramente nesta casa. Somos quatro humanos para nove bichos. Parece um bocado tresloucado, mas a malta entende-se.





2 comentários:

  1. Esta Constança vai crescer tanto como a Carlota? É que Carlota era MUITO GRANDE, aliás muito viajada, com experiência de aeroportos e aviões e que, nunca percebi se também já grunhia em belga, ou não...

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  2. A Carlota era perfeitamente bilingue! Tal como todos os nossos animais agora são. Exceptuando talvez o D. Fuas que é "selectivamente bilingue" consoante lhe interessa ou não... :)

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