domingo, 26 de março de 2017

Quando a única defesa possível é o ataque

(porque há coisas difíceis de engolir)



Uma pessoa pede ao outro lado para avançar a sua parte do pagamento de um tratamento bastante dispendioso do filho. Como seria de esperar, é recusado. Uma pessoa diz que não tem como pagar tal quantia. A recusa mantém-se. Que apresente orçamento. Isso mesmo, orçamento. Como se de uma empreitada se tratasse. Uma pessoa convida o outro lado a estar presente, no dia da intervenção. E manda os contactos dos dois especialistas que aconselharam o tratamento. A informação nunca é confirmada. Mas a recusa mantém-se.

Uma pessoa faz um esforço sobre-humano para reunir a verba necessária, no tempo requerido. No dia da consulta, é informada de que o procedimento, afinal, não poderá ser efectuado. Apesar de ter de pagar esta notícia a peso de ouro. Uma pessoa consulta os anteriores especialistas, que corroboram a mudança de estratégia. É efectuado outro tipo de intervenção. Paga, evidentemente.

Uma pessoa envia um e-mail ao outro lado a relatar todos estes desenvolvimentos. Explica que, posteriormente, terá de ser feito outro tipo de tratamento. Um mês volvido, continua sem resposta. E a vida avança. Como sempre.

Até que o outro lado se lembra de questionar o filho a este respeito. Argumentando que só tem acesso às informações através do discurso infantil. Porque uma pessoa se recusa a prestar esclarecimentos. Porque uma pessoa só está interessada no dinheiro. Porque obviamente o outro lado só serve para pagar.

E, agora, como pode uma pessoa defender-se destas acusações sem comprometer a imagem que o filho tem do outro lado? Como pode uma pessoa que é acusada de alienação parental há tanto tempo elucidar o filho sem propositadamente “alienar” o outro lado? Como pode uma pessoa não resvalar na armadilha que lhe estenderam, sem perder a face perante o filho? Como pode uma pessoa engolir a raiva que sente e manter o sorriso? Como pode uma pessoa pedir a outra que se mantenha calada, quando, efectivamente, foi ela que esteve presente e se preocupou e deu a mão e pagou a outra metade? São anos a fio desta guerrilha, estamos exaustos. E o filho confuso.

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