(mãe
e professores à beira de um ataque de nervos)
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O
Vasco não consegue estar quieto um minuto. Não tem bichos-carpinteiros… todo
ele é um bicho-carpinteiro. Mesmo engessado até ao joelho continua a correr, a
saltar, a jogar à bola.
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Está
constantemente a falar. Quer a professora e os colegas estejam a ouvir ou não. Quando isolado de todos, num canto, o
Vasco continua a falar consigo próprio. Em voz alta. Diz que às vezes também canta.
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Está sempre a cair
(da cama, do sofá, da cadeira da escola, etc.).
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As
coisas que o Vasco tem na mão estão sempre a cair (os lápis, as canetas, os cadernos,
etc.). Também pode acontecer saltarem-lhe das mãos, normalmente para cima de
algum desgraçado.
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Não
tem qualquer destreza manual. Quando pega na tesoura, todos se afastam. Gasta
um tubo de cola inteiro para colar um simples recorte. Quando começa a pintar,
não pára nas linhas e continua pela secretária a fora, mãos, folha do colega do
lado…
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É
desleixado e badalhoco. Não lhe faz confusão nenhuma entregar um trabalho de
casa amachucado, pisado, rasgado,
escrito-apagado-reescrito-apagado-re-reescrito. O conteúdo é mais importante
que a forma.
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É
preguiçoso. Demora tanto tempo a escrever um A maiúsculo como uma criança
chinesa a escrever 25 caracteres.
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Não
tem qualquer noção do tempo, do stress, da pressa.
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Por
sistema, é contra a lei, a ordem, as obrigações, as regras.
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É
completamente imune a ralhetes, ameaças e castigos. O medo é coisa que não lhe
assiste.
Contraditório:
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O
Vasco tem 6 anos, é o menino mais novo no 2º ano. E na aula de solfejo. E na
aula de violino.
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É
muito bom aluno. Detesta ter más notas. Um 6/10 é coisa para o deixar a chorar
uma tarde inteira.
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Tem
uma memória de elefante. E uma esperteza de rato.
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Salta
do português para o francês e vice-versa a uma velocidade estonteante. E fala
igualmente bem as duas línguas. Tem um excelente ouvido e já diz alguma frases em inglês, muito úteis: "May the force be with you", "You shall not pass!"...
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É uma criança naturalmente feliz, de riso fácil.
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É
muito meiguinho.
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Tem
sempre uma última palavra a dizer, uma resposta pronta, uma tirada que não
lembra ao diabo. Consegue arrancar gargalhadas a um mimo. E, para mal dos nossos pecados, este último ponto tem o poder
de anular todos os outros.
[Quando
cheguei da reunião na escola, perguntou se podia comer um doce. O irmão
respondeu por mim: "Achas que é a melhor altura para pedires doces?! A mãe
acabou de falar com a tua professora, Vasco...". Virou-se para mim todo
dengoso, abraçou-me e pôs-me as mãos na testa: "Estás tão quentinha, mãe!
Acho que tens febre. Coitadinha!" Hum, hum... obviamente, o problema é meu, não dele.]
É tão giro ter filhos completamente diferentes, que nos baralham o jogo :)
ResponderEliminarÀs vezes sinto que não tenho dois filhos, sou é duas vezes mãe. É baralhar e voltar a dar... ;)
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