(post saído ali dos rascunhos,
onde
andava a marinar há demasiado tempo)
Acho
que nunca vos contei que tenho uma stalker.
A verdade é que ninguém presta muita atenção à sua própria sombra, pois não? É uma
coisa tão banal que anda por ali, que uma pessoa até se esquece. Também nunca
usei este espaço para me dirigir a semelhante criatura, apesar da sua
fidelidade ao meu blog. Tenho esta ideia arreigada de que as pessoas medíocres,
que procuram desesperadamente protagonismo, ficam bem mais lixadas quando são
ignoradas. Gente pequenina deve ser confinada à sua pequenez. Nem sequer merecem
os cinco minutos de fama que tanto almejam.
Esta
personagem irrompeu na minha vida há três anos atrás, a esbracejar aos pulinhos
para tentar chamar a atenção. Enfim, vamos fingir que não foi há mais tempo... As
vãs tentativas de comunicação oscilam entre os ataques vilipendiosos e as
súplicas delicodoces. Entre a guerra e a pacificação. Perfeitamente bipolar, a
criatura. Acima de tudo, é tão insistente como uma testemunha de Jeová que leva
sistematicamente com a mesma porta na cara. Ora, então, vejamos:
A
personagem insinua-se na minha vida para a destruir, parto para outra profundamente
agradecida.
A
personagem açambarca os pertences que deixei para trás, encolho os ombros.A personagem quer à força apresentar-se, não estou interessada.
A personagem telefona, não atendo.
A personagem manda sms, não respondo.
A personagem manda e-mail, vai para o spam.
A personagem contorna este problema, escrevendo no meio de um e-mail enviado pela sua marioneta, passo à frente.
A personagem deposita dinheiro na minha conta, gasto-o numa parvoíce qualquer. (NT: se acrescentar um zero aos 25 a malta agradece)
A personagem chantageia a nossa família e tenta confraternizar, é ignorada.
A personagem deixa flores à minha porta, vão para o lixo.
A personagem ataca via facebook, é bloqueada.
A personagem ataca via facebook de um menor, é bloqueada.
A personagem usa o facebook de uma menor para entrar em contacto comigo, a menor é bloqueada. (NT: já se percebeu que a stalker gosta muito do facebook… e de usar menores)
E
assim sucessivamente, que isto não há-de ficar por aqui.
Se
o assédio dura há tanto tempo e sempre o ignorei, por que raio decido quebrar
agora esta minha regra? Eu explico. Sempre disse que a criatura em questão seria
ignorada até ao dia em que atacasse directamente o meu ponto sensível. Aí a situação
muda de figura. Sou assumidamente mãe-leoa. Quando se faz o mal trasvestido de
bem – ou pelo menos de benzinho – a coisa ainda pode passar. Quando se tenta
vender o mal como bem – ou pelo menos como benzinho – a coisa ainda pode passar.
Só que, um dia, a máscara cai e a maldade começa a ser visível. E aí a coisa
deixa de ter filtros, podendo tornar-se perigosa. Foi-me pedido a medo que
guardasse segredo, que não desvendasse as confidências que me foram feitas por
quem já topou o puppet master show.
Porque a única pessoa capaz de conter esta maldade toda não passa agora de uma
marioneta. Vou manter a promessa que fiz, a custo. No entanto, decidi abrir uma
excepção para dizer à minha stalker que
acabou de ultrapassar o limite. Cuidadinho.
Fica
a versão mais bonita desta música, que até para passar mensagens é sempre
melhor manter o nível…
PS: Aproveito este primeiro e último canal de comunicação unilateral para informar que tudo isto está arquivado. O assédio é crime. A maldade, não. A estupidez, também não. Infelizmente. Mas a vida há-de encarregar-se de pôr tudo nos devidos lugares. É só dar tempo ao tempo. E não esticar muito a corda, sim? Estou rodeada por gente que me ama… e que ama ainda mais os seres que de mim dependem. Há olhos em todo o lado, que chegam onde eu já não chego por opção. Por isso, aqui fica só mais um recadinho risível: “Vien” não é “emigrês”. A bem dizer da verdade, seria “emigrantês”, se quiséssemos ser fiéis à lógica de construção de neologismos. Viens é a segunda pessoa do singular do verbo francês venir no presente do indicativo, muitíssimo utilizado nesta casa com todo o orgulho por dois adultos que falam sete línguas, no total. É que a consoante final é muda… portanto, não se ouve! Até para se fazer piadinhas mordazes é preciso inteligência, que neste caso… como se diz em francês, n’est pas au rendez-vous!
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