(porque há semanas que mais vale saltarmos)
Por
momentos, pensei que não chegássemos vivos a
segunda-feira. Esta semana que passou foi um verdadeiro suplício. Começámos por
fazer planos para as nossas mini-férias de Carnaval. Nada de especial, apenas
algumas coisas simples que gostaríamos de fazer juntos. A correria dos dias nem
sempre permite grandes loucuras e, normalmente, as férias dos rapazes são
passadas em Portugal. Dividimos a lista em três colunas: coisas más, coisas
mais ou menos e coisas boas. Como somos espertos, despachámos primeiro as más.
Ou assim pensávamos nós… Quando nos estávamos a preparar para as boas, o mundo
começou a ruir aos bocadinhos.
Fiquei doente, como há muito tempo não ficava. E a tradução que
tinha entre mãos eternizou-se. O programa para traduzir de ouvido revelou-se um
quebra-cabeças, no meio dos meus picos de febre, da tosse e de uma valente
otite.
O Vasco descobriu que tinha deixado na escola o livro que devia
ler nas férias... Ler, fazer uma ficha de leitura e preparar uma apresentação
oral para o primeiro dia de aulas. Eis-nos então a calcorrear as bibliotecas das Ardenas à procura do dito livro. Nunca mais me hei-de esquecer do título: "A
invasão da Sícilia pelos ursos". Interessantíssimo
na certa.
Quando estava na recta final da tradução, o meu computador morreu.
Morte súbita, sem apelo nem agravo. Impossível recuperar o que quer que seja. Pela
primeira vez na minha vida, falhei a entrega de um trabalho. E devo ter
obrigado alguma colega desgraçada a fazer uma directa para cumprir o meu prazo.
Já para não falar que fiquei sem o meu instrumento de trabalho. Embora odiasse aquele velho computador com todas as minhas forças.
Tentei
ver as coisas pelo lado positivo: podia finalmente começar a gozar as férias
com os rapazes... Isto se o Twingo não tivesse decidido morrer também, quase à porta
de casa. Os efeitos de ter passado tantas horas enfiado na neve, no dia em que
fomos a Marche no meio da tempestade, fizeram-se finalmente sentir. Descobri
que os seguros normais nesta terra não incluem reboque, o que é sempre bom de
descobrir… não vá o carro decidir morrer uma noite serrada em plena auto-estrada,
por exemplo. Felizmente, desencantei um mecânico amoroso que soube ressuscitá-lo
o suficiente para chegar à garagem. E que mo veio trazer à porta, depois de
arranjado. Com tanta simpatia e diligência quase nem consegui odiá-lo, quando
apresentou a factura. Quase.
No
primeiro dia em que acordei sem febre, o meu amor adoeceu. Menos mal, a doença era
exactamente a mesma. Bastou comprar mais uma caixa de antibióticos. Sempre me
irritou a quantidade absurda de restinhos de medicamentos que se vão acumulando.
Connosco isto raramente acontece. Sabe-se lá porquê, o homem tem a mania de
ficar doente a seguir a mim, com a mesmíssima coisa. E consegue pôr-se bom quando
os medicamentos estão mesmo a chegar ao fim. É um doente bastante económico,
portanto.
No fim-de-semana, poderíamos talvez ter aproveitado o pouco que
restava das férias. Se tivesse parado de chover e/ou de nevar um bocadinho de
fosse. Tipo cinco minutos. Mas não. Durante toda uma semana, do
início ao fim, o céu não parou de nos cair em cima sob uma forma mais ou menos
líquida. Uma autêntica emoção. O que vale é que os rapazes convidaram amigos e
a casa ficou cheia. O meu amor e eu continuamos meio surdos, o que se revelou
uma vantagem tremenda.
Ontem foi dia dos namorados. Lá nos arrastámos até ao chinês ao
fundo da rua para um jantar muito romântico a quatro. Os chineses aqui não são
tão baratos como em Portugal, mas a comida é bastante melhor. Pedi desculpa aos
miúdos pela porcaria de férias que lhes ofereci. Parece que eles gostaram. Parece
que só cozinhei coisas pouco saudáveis. Parece que tive todo o tempo do mundo
para fazer jogos e alapar-me no sofá agarrada a eles. Parece que, às vezes,
também gostam de não fazer nenhum e não têm coragem de nos dizer. Parece que
sabe bem ficar no quentinho da sala agarrados a nós, a ver a neve a cair lá fora.
Parece que não fazer nenhum é um programa bestial.
Felizmente
hoje é segunda-feira. A vida pode seguir.
Desejo ardentemente que essa má onda já tenha desaparecido...Esse "falecimento" do computador lembrou-me que devo copiar algumas pastinhas para um disco externo, hoje na clínica informática da FNAC bem ouvi um telefonema para a dona de um computador sobre o desaparecimento de dados e até me doeu...Resto de boa semana, Rita!
ResponderEliminarPois... a onda de má sorte passou, sim. Mas tudo o que não fui gravando desde 2012 no disco externo está perdido, infelizmente. Bah!
ResponderEliminarFelizmente este blog funciona como disco externo da vossa vida desde que iniciaram o caminho belga, além da regressão que vai aparecendo a páginas tantas...
ResponderEliminarTem toda a razão, Mariana. Felizmente que este blog existe e que fui deixando aqui pequenas pegadas! :D
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