(ou
como saber que temos um adolescente em casa)
Sabemos
que temos um adolescente em casa quando estamos a ver um concurso na televisão e
ele diz: “Xiii… a celulite que aquela mulher tem nas pernas!” E quando somos
informadas que os trajectos diários de autocarro passaram a ter muito mais
piada desde que a Miss Bélgica começou a apanhar o 14A.
Sabemos
que temos um adolescente em casa quando a roupa que comprámos há um mês deixa
de servir. Quando começamos a herdar roupa do nosso próprio filho. E quando
aquela camisola lindíssima às riscas que o obrigamos a vestir aparece "por acaso" com um
buraco enorme. Quando o casaco encharcado que estava a secar no estendal
desaparece de manhã, porque os outros três casacos que ele tem não são tão
fixes.
Sabemos
que temos um adolescente em casa quando lhe ralhamos por causa de uma coisa
insignificante e ele desata num pranto sem fim, muito ofendido. Ou quando lhe gritamos porque
fez um disparate grave e ele desata à gargalhada. Quando tentamos descortinar
pela sua cara se temos perante nós o Dr. Jekyll ou o Mr. Hyde.
Sabemos
que temos um adolescente em casa quando tentamos equilibrar as compras do
supermercado e aquelas mãos que subitamente se fizeram grandes pegam naquilo
tudo sem qualquer dificuldade. Quando eu vou a arfar escada acima com o irmão
ao colo e ele o leva às costas como se fosse um peso pluma.
Sabemos
que temos um adolescente em casa quando deixamos de conseguir responder a
todas as suas perguntas e somos obrigadas a admitir que é melhor ir ver à Net. Quando aquilo
que dizemos começa a ser posto em causa. E aprendemos coisas novas quando
falamos com ele.
Sabemos
que temos um adolescente em casa quando cheira a trolha na casa de banho depois do banho. E na
lista de compras aparece, pela primeira vez, uma gilete e um after-shave
(esqueceu-se da espuma de barbear…). E damos por nós a palmilhar o corredor dos
desodorizantes de homem à procura do “Axe Marinho”, porque o colega só usa esse
e cheira mesmo bem a trolha.
Sabemos
que temos um adolescente em casa quando, de repente, somos estranguladas por dois
braços enormes e percebemos que é um abraço apertado do bebé
pequenino que nos puseram no colo há tão pouco tempo atrás. Quando a
voz grossa alterna com a voz fininha e nos perguntamos com quem estamos a falar. Quando tentamos abraçá-lo e ele se escapa de mansinho porque o mimo agora se faz discreto.
Sabemos
que temos um adolescente em casa quando o “amo-te, mãe” passa a ser “gosto muito de ti,
mãe”. E percebemos que em breve (muito em breve) estas palavras ficarão reservadas para outra mulher.
LINDO!
ResponderEliminarEspera só quando for o Gabriel que depois falamos! :)
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