(porque
diz que é tempo de fazer balanços e fechar contas)
Desde
que me lembro de ser gente que rejo a minha existência ao sabor dos anos
lectivos. Setembro é sinónimo de recomeços. Ainda estava na faculdade quando
tive o meu primeiro filho, portanto sempre houve anos lectivos na nossa vida.
Mas, de há uns tempos para cá, Janeiro tem adquirido outra importância. Talvez
porque a passagem dos anos seja inexorável. Talvez porque, entretanto, cresci.
Não sei.
Neste
final de ano, dei por mim cansada. Extremamente cansada. Cada vez aprecio mais os
momentos sem filhos, a dois. As verdadeiras férias, sem obrigações, nem
horários. Quando os fui levar ao aeroporto esta segunda-feira – depois de mil e
uma atribulações que me mostraram bem o quão exausta ando – senti um alívio
imenso. E isto é novo. E estranho. Mas é uma estranheza boa. Sem um vislumbre
de culpa. Demorei muito a chegar aqui. Amo os meus rapazes e toda a minha vida
gira em torno deles. A nossa vida gira em torno deles. Só que os rapazes
cresceram e, agora, começa a ser o meu tempo. O nosso tempo. Estas pequenas
pausas são apenas primícias do que me espera, nos anos vindouros.
Na
viagem de regresso, feita pela primeira vez com o coração levezinho, pus-me a
pensar no ano que passou. Tive de fazer um esforço para ir bem lá atrás, ao
início de tudo. Percebi que a minha memória é mesmo muito curta. Provavelmente
faço demasiados “reset”. O ano de
2015 foi duríssimo. Apesar de ter este blog, apesar de ter as nossas memórias
aqui escritas e fotografadas… fica tanto por dizer. Ainda bem, não me entendam
mal. Este “tanto por dizer” é propositado. É a nossa intimidade que também deve
ser salvaguardada. Tenho é pena que a minha memória seja demasiado lesta a
descartar-se do lado mais negro da nossa vida. Quando as coisas más passam,
tendo a confiná-las às masmorras da memória a uma velocidade alucinante. Eu sei
que fundamentalmente isto é bastante saudável, psicologicamente falando. Mas às
vezes precisava que estas más lembranças fizessem um pequenino aceno, lá dos
confins da memória, para me recordar o caminho percorrido. Porque também me
parece positivo conseguir dar pancadinhas nas nossas próprias costas, enquanto
dizemos: “Caraças, pá! Olha lá bem de onde vieste… Repara no caminho que
percorreste este ano… Bolas, isso é que foi viver! Fantástico, estás de
parabéns! Estiveste à altura dos acontecimentos”.
O
ano que hoje termina foi um ano de muito trabalho, que deu os seus frutos. Viajámos
muito, vivemos novas experiências, passámos por grandes aventuras. Escapámos tão
incólumes à tempestade que quase nos esquecemos. Mas, em 2015, houve uma batalha
judicial de proporções kafkianas pela guarda do meu filho Diogo. Uma descida
aos infernos que durou meses e consumiu uma energia considerável. Saímos
ilesos. Mais… saímos todos fortalecidos. Enquanto pessoas, enquanto mãe e filhos,
enquanto casal, enquanto família. Não precisámos de assinar um contrato para nos casarmos.
Bastou este ano. Agora, somos uma família, na verdadeira acepção do termo. O
Diogo agradeceu várias vezes termo-nos batido por ele e isso, para nós, foi o ponto
final efectivo nesta história absurda. O Vasco ficou um bocadinho esquecido no
meio do tumulto, mas isso esteve longe de ser negativo. A coisa pequena
cresceu, que é algo que faz sempre com enorme dificuldade. Nos últimos tempos
(semanas, mesmo), começámos a assistir a ligeiros prelúdios de uma
pré-adolescência anunciada. Dizer-vos que é assustador é pouco, mas não deixa
de ser delicioso. Vá… é deliciosamente assustador. O meu amor fez um acto de
abnegação sem limites, neste ano que passou. Dedicou-se por inteiro a nós, aos
miúdos. E isto não tem agradecimento possível. Embora eu tente todos os dias
cuidar dele com um amor, um desvelo, uma atenção, que nunca dediquei a ninguém
na minha vida. É a única forma de tentar retribuir o que não tem compensação. Mas
2016 terá de ser o ano dele, com todas as mudanças que isso nos obrigará a
fazer. O ano que se avizinha promete transformações profundas na nossa vida…
porque será que não estou minimamente assustada?
[
Nós, na patetice. Como sempre. ]
Um
excelente 2016 a quem por cá passa e nos estima. Que o próximo ano vos dê a
coragem e os meios para concretizarem os vossos sonhos mais doidos!
Venha o que vier, espero que 2016 vos traga muitas coisas boas, inclusive a dose necessária de patetice :) Beijinhos
ResponderEliminarHaja patetice que o resto vem por acréscimo, não é o que se costuma dizer?! ;)
EliminarBeijnhos e um excelente 2016 para vocês!
Que seja um ano feliz para todos nós! E obrigada ao Vasco pelo postal! Gostei muito...principalmente da neve!
ResponderEliminarAi, Tina... neve foi uma gracinha que fez alguma sujidade por estes lados! :)
EliminarUm bom ano para ti também!
Com algum atraso por culpa destas comemorações que nunca mais acabam, venho aqui desejar que 2016 seja levezinho mas saboroso, com aventuras para nos encantar e fazer gargalhar! Beijinhos, Rita & Companhia
ResponderEliminarObrigada, Mariana. Um óptimo 2016 para vocês também! Beijinhos.
ResponderEliminar