(onde
se percebe a importância das denominações)
Os
bilhetes para a estreia do Star Wars,
na quarta-feira passada, ficaram um bocadinho mais caros do que o esperado.
Porque as criaturas estavam com fome antes do filme, durante o filme e depois do
filme. Porque era preciso comprar um “pack Star Wars” pipocas e bebida para ter
direito ao cartaz oficial. Porque o Chewbacca de peluche era mesmo amoroso.
Porque fomos tirar uma fotografia no photomaton
para marcar o dia pelo qual as criaturas esperaram tantoooos anos e o meu iPhone desapareceu para parte incerta, no
meio disto tudo. Saiu barata a festa, portanto.
Ontem
saí atrasada do trabalho. Chovia. Apanhei trânsito. A entrada da autoestrada
estava cortada. E eu sem telemóvel para avisar alguém em casa. Cheguei à escola
do Vasco já depois das 17h, pela primeira vez. Numa pilha de nervos, porque
dali a pouco tinha de ir dar aula de Espanhol (é mais uma farra, mas pronto).
Já estava escuro e não vi o Vasco. Uns miúdos começaram à procura dele. Que
ainda há pouco ali estava. Que tinham estado a jogar à bola. Que parecia
impossível ter desaparecido assim. Até que apareceu a educadora ao longe, que andava
a apagar as luzes. Quando me viu feita barata tonta no recreio, gritou-me que o
Vasco já se tinha ido embora. Senti-me desfalecer. Perguntei com quem. Só ouvi
um qualquer-coisa-papa. Senti-me
tonta. E fiquei ali especada, sem me conseguir mexer.
A
educadora entretanto aproximou-se de mim. Pôs-me uma mão no ombro e repetiu meigamente
“Il est parti avec son beau-papa”. Perguntei-lhe
se tinha mesmo a certeza, ele não me tinha avisado que ia buscá-lo. Pois claro
que não, eu não tinha telemóvel, lembrou-me ela. Aquilo é que era um homem! Que
às 17h quando não me viu em casa percebeu que tinha havido um contratempo e foi
a correr buscar o menino. Que homem! Recomecei a respirar normalmente. Disse-lhe
que em nossa casa não usamos esse termo… beau-père.
Ela riu-se. Que já tinha percebido. Que o Vasco lhe chama “mon Pascal”. Que é
exactamente a mesma coisa. Que posso chamar-lhe o que quiser, mas é isso que
ele é. Que homem!
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