(onde a vida floresce e se cuida da natureza)
Digo
muitas vezes que me volto a apaixonar por este país todos os Outonos, quando a
natureza nos oferece um espectáculo de cores lindíssimo. Mas também poderia
perfeitamente dizer que me volto a apaixonar pela minha commune todos os Verões. Quando o calor aparece ainda meio tímido,
Vielsalm renasce. As entradas e os parapeitos das casas enchem-se de flores. A
câmara instala canteiros nas ruas e no cimo dos candeeiros. E hotéis para insectos.
Os monumentos dedicados às duas Grandes Guerras são limpos e engalanados. Como
todas as vilas e aldeolas perdidas das Ardenas, Vielsalm também sofreu muito
com a guerra e a memória quer-se bem presente nas novas gerações. Os miúdos voltam
a andar em grupos pelas ruas, vinte ou mais em fila, com um só professor à
cabeça. É normal a escola vir para a rua, quando o tempo assim o permite. Vão
ver exposições, buscar livros à biblioteca, fazer ginástica em frente ao lago
ou simplesmente passear. No outro dia, a directora da escola do Vasco invadiu a
esplanada em frente à nossa casa com os pequeninos da creche para comer um
gelado. Os pais nunca são avisados destas saídas e é sempre engraçado
deparar-me com o Vasco a meio do dia, sem estar à espera.
Este
ano, houve novas alterações que me agradaram especialmente. Todo o caminho à
volta do lago foi arranjado. Construíram espaços de piquenique, bancos de
madeira com canteiros e instalaram maquinetas para fazer exercício. Apesar de
correr por ali quase diariamente, ainda não tive coragem de os experimentar…
contrariamente aos velhotes todos da commune!
Na zona do lago dedicada à pesca, construíram um espaço específico para as
cadeiras de rodas, abrindo a actividade a um novo leque de utilizadores
normalmente afastados destas lides. Além disso, ao longo das ruas, foram criadas
hortas públicas com ervas aromáticas e pequenos legumes biológicos, onde a
população se pode servir. Segundo me explicou um trabalhador da câmara oriundo
de um centro de refugiados, há um cuidado especial em manter os insectos e
abelhas da commune durante a época de
polonização, pelo que não são utilizados quaisquer pesticidas. E eu que pensava
que as flores que nos invadem nesta época eram apenas uma questão estética!
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