(e
as que nunca lhes darei)
Só
dou prendas aos miúdos no Natal e nos aniversários, mais umas prendinhas na
Páscoa e no Dia da Criança. E um ou outro brinquedo em segunda mão, se
descobrirmos algum a bom preço numa venda de garagem. Se há coisa que nunca me
aconteceu na vida foi entrar num hipermercado para comprar leite e sair de lá
com um brinquedo ou um jogo. E como isto nunca aconteceu, os meus filhos sabem
que não vale a pena pedincharem quando vamos às compras.
Os
adultos queixam-se que as crianças já não dão valor a nada, que não sabem
esperar por um brinquedo, que não têm noção nenhuma de quanto custa a vida…
Mas, depois, enchem os filhos de prendas todos os meses: brinquedos, jogos,
consolas. Eu não percebo. Juro que não percebo. Nem sequer é o preço que está
aqui em causa. É o princípio. Como é que uma criança pode dar valor a algo que
não desejou, que não namorou, que não esperou para ter? Como é que uma criança
pode dar valor a uma coisa que recebeu mal pediu? E quem diz criança, diz
adolescente. Nós entramos muitas vezes nas lojas de brinquedos só para ver… com
os olhos e com as mãos, claro. É assim uma espécie de sonhar acordado, que faz
bem à alma.
Os
meus filhos sabem perfeitamente que tipo de prenda me podem pedir. Sabem que não
sou mãe para dar 75 euros por um jogo que acabou de sair para a Wii. Mas sou
mãe para palmilhar lojas e sites em
segunda mão para tentar encontrar a penúltima versão. Não sou mãe para dar 149
euros por uns Legos do Star Wars. Mas
sou mãe para correr tudo à procura da versão Star Wars
do jogo de sociedade “Risco”. Os meus filhos sabem que escusam de
pedir coisas da moda, coisas que acabaram de sair, coisas caríssimas, coisas
que aparecem inflaccionadas nos catálogos de Natal, porque eu não entro nesse
tipo de consumismo. Recuso-me a comprar coisas que, uma semana depois, estão
esquecidas a um canto porque passaram de moda.
Eu
gosto de lhes dar prendas que tenham a ver com eles, que os surpreendam. Muitas
prendas. Normalmente, são coisas que nem sequer se lembraram de pedir, mas que
eu sei que vão gostar. Também aproveito para lhes comprar coisas que estejam a
precisar. Não têm de ser necessariamente novas, desde que sejam novas para
eles. Compro sempre muitos livros em segunda mão. E Cd’s. Uma touca para a
natação. Jogos. Uma máquina para fazer gauffres. Um estojo novo. Uma bomba para
encher os pneus da bicicleta. Doces. Um quebra-cabeças. Plasticinas, pinturas,
barro. Uma caneta de tinta permanente. Um brinquedo fora do vulgar. Uma máquina
para fazer algodão-doce. As primeiras três temporadas do “Criminal Minds”. Uns
ténis com luzes.
O
Diogo já está habituado à catapulta de prendas disparatadas e farta-se de rir.
Aliás, quando lhe perguntei o que queria para o Natal, respondeu logo: “Uma das
tuas ideias”. Malucas, subentenda-se. À família, vai pedir dinheiro para comprar
uma Playstation 3. Em segunda mão, obviamente, que ele é filho de sua mãe. O Vasco tem
gostos mais sofisticados e pediu um violino que custa perto de mil euros. É um
sonhador, está visto. Mas eu não desisto, isto com o tempo vai lá…
Eis
uma das prendas que recebeu nos anos: aulas de esgrima. As lutas com sabres de luz vão começar a ter outro estilo!
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