(e
estava mesmo)
Chega
uma pessoa à casa e, mal entra, cheira a limpo. Casa varrida. Chão
lavado. Pilha de loiça a secar no escorredor. Recebemos uma ordem seca para
descalçarmos as botas à porta. Olho para o meu filho crescido e faço uma
pergunta muda. Ele encolhe os ombros e diz simplesmente: “Ontem à noite estavas
mesmo cansada”.
Todos
os dias descubro novas nuances neste
estranho que agora vive cá em casa. Percebo que já tem maturidade para perceber que os adultos, por vezes, sentem um cansaço na alma. E tenta ajudar. De forma muito prática, claro, não
deixa de ser um gajo.
É
certo que, às vezes, ainda tenho de lhe ralhar. De dizer as mesmas coisas vezes
sem conta, numa ladainha que parece não ter fim. Ainda me zango a sério. E dou uns
berros. Ainda o castigo. Mas é cada vez mais raro. E as nossas discussões também são
diferentes.
Lembro que, apesar
de ser mais alto, eu é que sou a mãe. Independentemente do crescente poder de decisão, quem manda aqui sou eu. Embora já saiba muita coisa, ainda não sabe
tudo. A voz mais grossa não lhe dá o direito de levantar o tom de voz. Podemos
brincar, mas o respeito é a fronteira. Agradeço a ajuda que dá com o irmão, mas
cabe-me a mim definir a educação que lhe dou. Podemos ser amigos e até companheiros de aventuras. Sem esquecer que,
em primeiro lugar, somos mãe e filho. Eu, a mãe. Ele, o filho. O meu filho grande, que eu amo de um amor espantado.
Isso é um tesouro, é o que é :)
ResponderEliminar:) a vida é mesmo assim - chama-se aprender a ser, e tem curvas, e solavancos, e dá dores-de-mãe...
ResponderEliminarÉ a lei da compensação, Gralha! O outro anda a dar comigo em doida... :)
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