(que de uma assentada só compensa tudo o resto)
Dia
de ataques de riso. Começou de madrugada, a jantar na companhia de mis alumnos.
Apareceram quase todos para a entrega dos diplomas. Bem vestidos e orgulhosos. Com
mulheres, maridos, filhos. Um deles levou um espanhol “verdadeiro”, como me confidenciou
sorridente. O diabo do homem tinha uma pronúncia estranha e não dizia os “ss”.
Acho que o problema se devia mais à falta de dentes, do que pelo facto de vir da Andaluzia.
Fosse como fosse, animou a noite e provocou gargalhadas.
Dia
de folga. Com o meu amor a ir levar a coisa pequena à escola para me deixar dormir mais
um bocadinho. Mimos que me continuam a parecer estranhos e que ainda tenho relutância em aceitar. E eu lá em cima, a dormitar e a ouvi-los rir, cúmplices.
Entregues a conversas só deles sobre piratas e heróis mitológicos e animais
assustadores.
Dia
de entrega do boletim do Vasco. Excelentes notas e um menino tão humilde. Feliz. Seguiu-se
um piquenique no parque, ao sol. E a apresentação de final do ano do Coro na Académie. Há
poucas coisas que me emocionem tanto como ouvir o meu filho pequeno cantar e
dançar. Há poucas coisas que me emocionem tanto como ver um sorriso de orgulho estampado na
cara do meu amor, que o seguia com atenção. Com emoção. Que sabia as letras
todas de cor.
Dia
de discussão e de pazes. Dia inútil de férias de um adolescente que se tornou
rezingão e malcriado e indolente. Dia exasperante de férias de um adolescente
que ora grita quando se enerva, ora chora quando é chamado à atenção. Dia de uma conversa interessante, em que percebo mais uma vez que as dores de crescimento não são apenas físicas. E que ainda há espaço e necessidade de mimo de mãe.
Dia
de um anjo da guarda. Um empregado solícito da Belgacom que decidiu, por sua
própria iniciativa, vir cá a casa resolver finalmente o problema da internet. Que sabe-se lá
como desencantou a tomada maléfica na cave e a arranjou. E ainda me ofereceu
quilómetros de cabos, para finalmente ligarmos a internet sem termos fios a atravessarem a sala e a
enrolarem-se nas patas do D. Fuas.
Dia
de bolo de chocolate fondant com
chantilly para o menino do coro mais terrível do mundo. Que arrancou um sorriso ao adolescente comilão. Que fez o meu amor surripiar comida às escondidas na cozinha como um miúdo traquinas. Que me encheu o coração.
Dia simples. Dia bom.
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