quarta-feira, 11 de junho de 2014

Há 13 anos

(e literalmente uma vida atrás)


Há 13 anos, acabava de acordar de uma noite mal dormida. De uma primeira noite de vigília que – mal eu sabia – nunca mais teria fim. Acordei e olhei para o estranho que dormia a sono solto ao meu lado. Senti uma espécie de incredulidade. De religiosidade. Era tão perfeito. Meu. Horas depois, continuava a não conseguir acreditar que fosse mesmo verdade. Que ele estava finalmente ali. Que era mesmo meu, nascido da minha imaginação, do meu coração, do meu corpo. E um amor imenso. O mais surpreendente era o amor imenso que me apertava garganta e me impedia de respirar. O sentimento de responsabilidade solene. Sim, era um sentimento de solenidade que eu nunca tinha sentido antes. Como se tivesse sido investida por um qualquer poder transcendente de uma missão que me ultrapassava, para a qual tinha consciência de que nunca estaria devidamente preparada, sem direito a erro, cujo caminho não tinha retorno possível. Tantas dúvidas. Tantas incertezas. E um medo enorme de falhar. De o perder. Senti-me adulta pela primeira vez na vida. Responsável por outra existência que não a minha. Por outro futuro que não o meu. Unida para sempre por um amor maior a outra pessoa. Com dois corações. E, no entanto, tão sozinha.

4 comentários:

  1. Muitos parabéns ao teu rapazolas e a toda a família, espero que tenham um dia muito feliz :)

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  2. Muitos parabéns a ele e a ti! Estou certa que não houve assim erros de maior!

    Sentiste-te sozinha?
    Curioso, eu senti que nunca mais estaria sozinha...

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  3. Percebo o que queres dizer, Naná. Eu senti que estava sozinha na missão de educar e amar para sempre aquele ser. A vida veio a revelar-me que estava certa, infelizmente.

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