(onde se mostra que viver num cochicho ou num palácio
não muda a nossa essência)
Nos
últimos tempos que passámos na casinha de paredes azuis em Malempré, eu
revirava os olhos porque já não aguentava o barulho dos miúdos. Acho que tinha
chegado ao meu limite de convivência a quatro (mais bicharada) num espaço tão exíguo.
O meu amor dizia-me para ter calma, que estávamos quase a mudar de casa, que
aquela era muito pequenina, que estávamos sempre todos uns em cima dos outros,
que a culpa não era deles. Dizia-me que em Vielsalm é que era, que tudo ia mudar,
uma casa nova, um palácio com quatro andares, um quintal a perder de vista…
Ele
falava, falava, falava e eu nunca o interrompia. Mas nááá… Algo me dizia para
não acreditar muito naquele cenário idílico: o meu amor a trabalhar em silêncio
no computador na sala, o Diogo refugiado a ler no seu quarto no sótão, o Vasco
a correr lá fora em busca de aventuras, D. Fuas a apanhar banhos de sol (com o coelho
a saltitar também por ali) e eu a ler um livro estiraçada no banco do quintal.
Parecia-me… Como explicar? Parecia-me muito “Uma casa na pradaria”. E, como se
sabe, nós é mais “Família Adams”.
Um
mês depois das mudanças, o que tenho eu a dizer sobre este assunto? Pois… O meu
amor continua a trabalhar no computador com tampões nos ouvidos, escondido na
casa de jantar. O Diogo está sempre a descer as escadas como se fosse um ogre
enraivecido para vir chatear o Vasco. Se fica meia-hora trancado na sua torre
de marfim já é muito. Passam o dia no sofá da sala à bulha. O Vasco quando se
decide finalmente a ir lá para fora brincar, é para atirar a bola para o
quintal dos vizinhos ou fazer um banzé desgraçado a lançá-la contra a parede (vulgo, jogar ténis). D. Fuas divide os seus
dias entre percorrer a cerca do quintal para encontrar um ponto de fuga e abrir
a porta da casinha dos outros bichos para os caçar. O coelho a única vez que
saltitou no quintal meteu-se num buraco e foi o cabo dos trabalhos para o tirar
de lá, porque está gordo que nem um porco. Eu… eu acho que a única vez em que
me sentei no banco do quintal foi quando ia a correr atrás do estupor do cão que
ia a fugir e tropecei.
Fora
isto, está tudo bem. Somos muito felizes na nova casa.
Acho que ainda estão na fase "ensaio geral", que é a teoria oposta à da "lua-de-mel" no início das relações. A Casa na Pradaria segue dentro de instantes :)
ResponderEliminarCá ficamos à espera... :p
ResponderEliminar