(aproveito para agradecer o carinho e preocupação de
todos os que hoje se lembraram de nós)
Hoje
acordámos com a notícia dos atentados em Bruxelas. Ficámos em choque, mas não
posso dizer que tenhamos ficado surpreendidos. Desde Novembro, que estávamos no
nível 3 de segurança nacional. Desde que conseguiram desmantelar um atentado
pouco depois, que se sabia que seríamos o próximo alvo. Era apenas uma questão
de tempo. Provavelmente a prisão de Salah Abdeslam, na commune de Molenbeek em
Bruxelas, na 6ª feira passada, veio apenas acelerar os acontecimentos.
Engana-se
quem pensa que é isto são ataques isolados, lá longe.
Engana-se
quem pensa que é isto são ataques à França ou à Bélgica, onde as comunidades
árabes estão revoltadas pela maneira como são ostracizadas.
Engana-se
quem pensa que é isto são ataques perpetrados por radicais islâmicos que vieram
infiltrados no meio dos refugiados.
Isto
é um ataque às políticas ocidentais dos últimos anos, em pleno centro nevrálgico
da Europa, executado por europeus que se converteram ao Estado islâmico. E não
vai por aqui. Fechar as portas da Europa a quem foge desesperado destes loucos
só vai piorar as coisas.
Não
faço ideia nenhuma de como se irá resolver este problema, nas “altas instâncias”.
Até lá, vamos vivendo tranquilamente, sem medos. Não somos temerários, claro.
Quando há duas semanas comprei as passagens para os meus filhos irem a Portugal
nas próximas férias, escolhi um aeroporto na Holanda. Nos próximos tempos, não
tencionamos ir a Bruxelas. Nem sequer ao centro de Verviers, perto do meu
trabalho, outro enxame conhecido de terroristas. Mas recuso-me a entrar no jogo
desta gente. Nisto (como em muitas outras coisas) sou assumidamente belga. E
com muito orgulho.
Há 11 anos fui com a minha filha alguns dias conhecer a Bélgica, com base em Bruxelas. Quando desembarquei tive o primeiro momento de "portuguesa chegada das berças" porque nunca tinha visto uma tal concentração de passageiros com origem nitidamente árabe...Em Bruxelas, procurando uma das feiras da ladra, acabámos perdidas no bairro de Molenbeek e a pensar como a cidade se alterava de um momento para o outro! Os "outros" não são sempre piores mas a integração de novas gerações é uma tarefa muito polémica, tenho uma visão muito pessoal porque trabalhei cerca de 20 anos numa escola a que pertence a conhecida Cova da Moura, nos arredores de Lisboa. E também estou pessimista quanto ao que aí vem, tanto "empurrar com a barriga" os problemas que todos conhecem desde as primaveras árabes vai desfazer a nossa vivência como cidadãos de uma Europa sem fronteiras! Boa noite, Rita!
ResponderEliminarQuando viemos para a Bélgica, os miúdos também ficaram impressionados com a quantidade de árabes que se vê nas ruas, em certas cidades. A auxiliar na escola de Malempré é muçulmana e usa um lenço na cabeça. Um dia tive de lhe pedir para mostrar o cabelo aos rapazes, porque eles estavam convencidos de que a Miriam tinha cancro. As únicas mulheres que tinham visto de lenço na cabeça em Portugal andavam a fazer quimioterapia!
EliminarA diversidade cultural é muito grande e concordo com a Mariana, quando diz que é muito difícil integrar estas novas gerações. Mais as 2ºas e 3ºas do que as 1ºas... É complicado gerir duas culturas e raízes diferentes, facilmente se tende a cair para o lado da que nos dá mais "certezas" e "segurança" de valores.
Ontem pensei em vocês e fico feliz por estarem todos bem! Beijinhos e uma boa Páscoa. Célia
EliminarObrigada pelo carinho, Célia. Um beijinho.
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