(porque a última semana foi rica em coisas várias)
As
melhores primas do mundo fizeram-nos uma visita-relâmpago. Nevava. Pouco deu
para fazer, excepto estarmos uns com os outros. O essencial, portanto. Só
faltava uma para a pandilha ficar completa (e fez falta). A caminho do
aeroporto, lembraram-se que não tinham tirado fotografias. “Estive demasiado
ocupada a viver para fotografar”, comentou a Sara (a prima que está mais perto
da geração do Diogo do que da nossa). Fiquei a pensar naquilo. Percebi que
também tenho feito isso, nos últimos tempos.
A
reunião no safari de Aywaille, na segunda-feira passada, ficou marcada pela
tristeza. Já lá tinha estado, no nosso primeiro ano na Bélgica. E não me lembro
de ter sentido esta melancolia. Achei os espaços demasiado pequenos. Os animais
pareciam deprimidos. Talvez fosse do frio. Não é bonito ver girafas debaixo da
neve. Nem elefantes. Os orangotangos nem sequer saíram dos abrigos aquecidos. Se
eu pudesse, teria feito a mesma coisa. Uma colega desculpava-se com as hormonas
destrambelhadas pela amamentação. Mas nós – os outros três – não tínhamos
qualquer desculpa. Excepto a triste realidade que nos rodeava. Sempre adorei
jardins zoológicos e reservas de animais, pelo extraordinário trabalho de
conservação e reprodução de espécies. Mas com boas condições e respeito pelos
animais. Assim, não.
Filho
grande voltou a adolescer com a lua. Não sei porque diabo chamam à adolescência
a “idade do armário”. Só se for porque uma pessoa tem vontade de os atirar lá
para dentro e trancar a porta. Seria melhor chamar-lhe a “idade Disneyland”: é
só montanhas-russas, carrocéis, coisas de crianças pequenas e miúdos crescidos.
Com muita parvoíce à mistura. É tãoooo
cansativo. Ora está numa boa-disposição parva, ora está prestes a cortar os
pulsos. Numa questão de segundos. Uma pessoa nunca sabe quem lá vem, quando a
criatura desce as escadas. Despacha potes de meio quilo de iogurte e bolos
inteiros à velocidade da luz. E está sempre com fome. Felizmente, arranjou trabalho
para o Verão num restaurante. Estou seriamente desconfiada de que vai dar
prejuízo à casa, mas pronto. Está a crescer feliz, é o que interessa. E
continua a lambuzar-me de beijos, mesmo quando ralho com ele.
Filho
pequeno continua a crescer pouquinho. Saudável e feliz e bicho-carpinteiro e
espertalhão. Mas pequenino. A endocrinologista voltou a rever as suas previsões
em baixa, nesta última consulta. E depois, pôs-se a olhar fixamente para mim. “Chegue-se
lá aqui!” e aponta para o aparelhómetro para medir os minorcas que por lá
passam. “Duvido muito que tenha 1.52 m, sabe?”. Encolhi os ombros. É o que diz
o BI há tantos anos, nunca pensei muito nisso. Sempre convivi bem com o meu
tamanho. Sou a Migalha desde que me conheço. Mas foi preciso chegar aos 40 para
ficar a saber que sou mesmo pequenina: 1.48 m. Desatei a rir. “Não há milagres,
certo?” Coisa pequena ficou com um sorriso de esperança... Teve na mesma que ir
tirar muitoooo sangue, para mais uma
bateria de testes. Os últimos, garantem-me. Caíam-lhe as lágrimas, mas não
soltou um som. Eu ia desmaiando. Passamos o resto do dia a passear por Liège,
mão na mão. Filho papel-químico. Filho cópia-conforme.
Tem
nevado a semana toda. E faz um frio desgraçado. É difícil manter a
boa-disposição. Ainda assim, o que me faz mais falta é a luz. Os miúdos seguem
a moda reinante: é primavera, arrumam-se os Kispos. Parecem belgas (mas o Belga
parece português, sempre a queixar-se do frio). Sinto-me gelar só de olhar para
eles, tão pouco agasalhados. A verdade é que nunca passaram invernos como os
últimos quatro, sem doenças, nem constipações. Eu mantenho os camisolões, os
cachecóis, os gorros e as botas. E as mantas. A única vantagem de viver neste reino
gelado é que tive direito a férias forçadas para a semana, porque estamos com um
problema no aquecimento central no escritório. E a chefe ainda pediu desculpa
pelo incómodo da pausa imposta…
Vou
aproveitar o tempo livre para… trabalhar, pois claro! Estou tão feliz por ter
voltado ao meu mundo da tradução e legendagem. Embora tenha sido difícil de
gerir os tempos-livres, sinto que comecei a entrar numa certa rotina. Numa
espécie de equilíbrio instável, possível. Até consegui manter os mesmos hábitos
de leitura devoradores, que iniciei nas últimas férias-de-filhos-da-Páscoa. Assim
a minha madrasta me mande finalmente o terceiro volume de “A amiga genial”... Também
quero fazer mudanças, aqui em casa. Pintar uma parede da sala e alguns móveis
pequenos. A Primavera exige uma nova decoração mais leve e luminosa. Tipo, a
condizer com os grossos flocos de neve que caiem lá fora!
Se a endocrinologista visse a mãe e o filho pequeno ao longe iria pensar que são irmãos...e isso é um elogio! Gosto de a ver animada, com planos para mudar a decoração: faz muito bem à cabeça, ainda que alguns trabalhos tragam um stress inesperado! Beijinhos e um bom fim de semana, aqui parece que vamos ter uns dias de sol...
ResponderEliminarAqui tanmbém temos soooolllll... finalmente! A vida atá parece mais bonita! :)
EliminarUma boa semana, Mariana! Beijinhos.