(onde se dá tempo ao tempo)
Filho
grande andava com nervoso miudinho há dias. Não que a entrada no 10º ano seja
uma coisa muito marcante, na Bélgica. Poucas diferenças há em relação ao ano
anterior. Ou com o seguinte, diga-se de passagem. Não é preciso escolher área
nenhuma, nem hipotecar o futuro por falta de maturidade. Como se fosse sinónimo
de imaturidade não saber o que se quer fazer na vida aos 15 anos. Por acaso, se
ainda estivéssemos em Portugal, a escolha do Diogo não seria problemática. É
daqueles miúdos que sempre teve uma única paixão na vida. Mas a Criminologia
por que tanto anseia acabaria por afastá-lo das Ciências e da Matemática. E eu
– pessoa altamente avessa a tais matérias – acho que isso, sim… seria
criminoso. Uma pessoa pode sempre aprender uma língua estrangeira mais tarde.
Ou pôr-se a par dos clássicos da literatura. Agarrar numa mochila e partir à
descoberta da geografia exacta da terra. Ler uns bons livros de história. O que
uma pessoa dificilmente conseguirá fazer, na idade adulta, é pôr-se a resolver
equações sozinha e fazer experiências num laboratório. Daí estar encantada por
o ensino na Bélgica ainda ser muito tradicional e não haver cá grandes escolhas
para ninguém. O Diogo limitou-se a optar por Ciências Sociais e por cinco horas
semanais de Ciências, no ano passado. Sendo que esta última opção foi uma
imposição nossa. Deu origem a uma avalanche de contestações e fui praticamente
acusada de manter um regime ditatorial nesta casa. Sinceramente, não tive pejo
nenhum em impor a minha vontade. Não me arrependi, agora é uma das disciplinas
preferidas do filho crescido. Devo ser uma ditadora iluminada.
Filho
grande andava com nervoso miudinho há dias, porque estava desejoso de voltar à
escola. De rever os amigos. Os professores. Os espaços. De estudar. O Diogo
adora a escola onde anda. E isto é o essencial, nestas idades. Quanto ao resto,
há tempo.
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