quinta-feira, 20 de março de 2014

A ver casas

(embonecada como se fosse para um encontro romântico)


Alugar casa, na Bélgica, é uma tarefa esgotante. Os alugueres são muito cobiçados e há poucas casas disponíveis. Para piorar as coisas, quando se passa de um T2 para um T3, o preço aumenta exponencialmente.

Em Malempré, pura e simplesmente não há nenhuma casa para alugar. E, mesmo para venda, só há duas. Ou seja, se quero uma casa maior, vou ter de sair daqui.

Tendo em conta que o Diogo está muitíssimo bem adaptado à escola, não quero afastar-me muito de Vielsalm. Ou de uma terra onde haja transportes públicos directos. Portanto, aproximar-me mais do meu trabalho está fora de questão. De qualquer modo, os preços são demasiado elevados para aquelas bandas.

Tenho dado voltas à cabeça a pensar na melhor solução. Por um lado, apetece-me continuar numa aldeia no meio do campo. Gosto mesmo desta vida bucólica! Por outro lado, o Diogo está a crescer a olhos vistos e talvez não seja má ideia mudar-me para uma cidade pequena, que lhe permita começar a ganhar uma certa liberdade (ir comer um gelado com os amigos, deslocar-se sozinho de transportes públicos, ir às compras, etc.).

Fiel à minha filosofia de vida de que as coisas se hão-de acabar por resolver de algum modo, decidi não me preocupar muito e deixar andar. Estou calmamente à procura de casa em aldeolas perdidas e em cidades mais cosmopolitas. Mais perto de Malempré e a meio-caminho do meu trabalho. Em Vielsalm, propriamente dita. Apartamentos modernos e casas antigas com quintal. Com dois ou três quartos.

Por enquanto, não tenho tido muito sucesso. Não ajuda estar sozinha com duas crianças e ter um cão. E não poder pagar muito. Mas alguma coisa se há-de arranjar. Já começo a ter experiência neste tipo de entrevistas. Tenho todo um esquema montado: telefono sempre do trabalho, onde não corro o risco de ter o estafermo do cão a ladrar e os miúdos aos gritos; vou visitar as casas sozinha, a verdade é que a coisa pequena não é cartão-de-visita que se apresente; visto-me bem, pois sei que uma saia e saltos altos causam melhor impressão do que umas calças de ganga e uns ténis velhos. Chego sempre a horas. E vou sem pressas, com tempo para ficar à conversa. A fazer charme. Nego sempre com veemência qualquer ligação familiar com o Barroso da Comunidade Europeia. Serve sempre para quebrar o gelo e arrancar um primeiro sorriso.

E se depois desta trabalheira toda não surgir nada, também não faz mal. Quer dizer que é aqui mesmo que devemos ficar. A casa parece-me cada vez mais pequena, mas nós somos cada vez mais felizes.

4 comentários:

  1. A minha actual empregada (ucraniana) perguntou-me isso também: "É familiar do Durão Barroso?" "ARGH, NOJO, NÃO!" respondi eu :D

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  2. Este Barroso não há meio de desamparar a loja, "prima"! :)

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  3. E eu gosto tanto de ter leitores como tu, Gabzia ! Muito obrigada pelo carinho!

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