(embonecada
como se fosse para um encontro romântico)
Alugar
casa, na Bélgica, é uma tarefa esgotante. Os alugueres são muito cobiçados e há
poucas casas disponíveis. Para piorar as coisas, quando se passa de um T2 para
um T3, o preço aumenta exponencialmente.
Em
Malempré, pura e simplesmente não há nenhuma casa para alugar. E, mesmo para
venda, só há duas. Ou seja, se quero uma casa maior, vou ter de sair
daqui.
Tendo
em conta que o Diogo está muitíssimo bem adaptado à escola, não quero
afastar-me muito de Vielsalm. Ou de uma terra onde haja transportes públicos directos.
Portanto, aproximar-me mais do meu trabalho está fora de questão. De qualquer
modo, os preços são demasiado elevados para aquelas bandas.
Tenho
dado voltas à cabeça a pensar na melhor solução. Por um lado, apetece-me
continuar numa aldeia no meio do campo. Gosto mesmo desta vida bucólica! Por
outro lado, o Diogo está a crescer a olhos vistos e talvez não seja má ideia
mudar-me para uma cidade pequena, que lhe permita começar a ganhar uma certa
liberdade (ir comer um gelado com os amigos, deslocar-se sozinho de transportes
públicos, ir às compras, etc.).
Fiel
à minha filosofia de vida de que as coisas se hão-de acabar por resolver de algum modo, decidi
não me preocupar muito e deixar andar. Estou calmamente à procura de casa em
aldeolas perdidas e em cidades mais cosmopolitas. Mais perto de Malempré e a
meio-caminho do meu trabalho. Em Vielsalm, propriamente dita. Apartamentos
modernos e casas antigas com quintal. Com dois ou três quartos.
Por
enquanto, não tenho tido muito sucesso. Não ajuda estar sozinha com duas
crianças e ter um cão. E não poder pagar muito. Mas alguma coisa se há-de
arranjar. Já começo a ter experiência neste tipo de entrevistas. Tenho todo um
esquema montado: telefono sempre do trabalho, onde não corro o risco de ter o
estafermo do cão a ladrar e os miúdos aos gritos; vou visitar as casas sozinha,
a verdade é que a coisa pequena não é cartão-de-visita que se apresente;
visto-me bem, pois sei que uma saia e saltos altos causam melhor impressão do
que umas calças de ganga e uns ténis velhos. Chego sempre a horas. E vou sem
pressas, com tempo para ficar à conversa. A fazer charme. Nego sempre com
veemência qualquer ligação familiar com o Barroso da Comunidade Europeia. Serve
sempre para quebrar o gelo e arrancar um primeiro sorriso.
E
se depois desta trabalheira toda não surgir nada, também não faz mal. Quer
dizer que é aqui mesmo que devemos ficar. A casa parece-me cada vez mais pequena, mas
nós somos cada vez mais felizes.
A minha actual empregada (ucraniana) perguntou-me isso também: "É familiar do Durão Barroso?" "ARGH, NOJO, NÃO!" respondi eu :D
ResponderEliminarEste Barroso não há meio de desamparar a loja, "prima"! :)
ResponderEliminarGosto tanto de te ler!
ResponderEliminarE eu gosto tanto de ter leitores como tu, Gabzia ! Muito obrigada pelo carinho!
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