(porque
a Primavera pede tempos de mudança)
Estas
férias que agora terminam marcaram o fim de uma época. Portanto, foram vividas
com uma certa nostalgia. Com saudade.
Voltei
a Portugal, mas já não sou da terra. Não há volta a dar, o meu olhar é
completamente diferente. Stranger in a Strange
Land. Espectadora da vida que continua. Voz passiva de uma realidade que já
não é minha.
Sinto que a roda voltou a girar e que uma nova mudança se
avizinha. Uma espécie de turbilhão de vento que se aproxima devagarinho e que ameaça
mandar pelos ares a acalmia que, aos poucos, se foi instalando nas nossas
vidas.
A
casa de Malempré tornou-se demasiado pequena para nós. Estas paredes azúis que
acolheram uma mãe e duas crianças parecem agora demasiado estreitas para dois
adultos que constroem os alicerces de uma relação, um adolescente que anseia
por privacidade e um menino que precisa de espaço para dar asas ao corpo. E um
cão. Mais um coelho, um porquinho-da-índia e um hamster. Todos meio malucos. Precisamos
de um espaço que não invada o espaço do outro. Um espaço que acolha esta nova dinâmica
que entretanto se criou.
A
escola de Malempré que, com o seu ambiente familiar e os seus vinte alunos fez
maravilhas pelo meu filho Diogo, não é o lugar ideal para a coisa pequena. O
Vasco precisa de mais gente. De mais mundo.
E,
de qualquer modo, eu preciso de o ter mais perto do meu novo trabalho, que já
começou a trazer desafios importantes. Traduções e adaptações. Co-autoria de novos
textos. E um friozinho bom na barriga.
Mais
do que um trabalho, um emprego. Com toda a segurança que isso implica. Que me permite ter as tardes livres e estar em casa quando os meninos chegam da escola. Que após
reorganização de horários, locais e turmas me permite levá-los às diversas
actividades musicais, desportivas e de lazer. Porque a malta também é dada à
folia. Mas este dia-a-dia é gerido ao minuto e começo a acusar algum cansaço.
Também é gerido ao cêntimo. Não
deixa de ser um emprego em part-time.
Tenho a sorte de conseguir conjugá-lo com as aulas em horário pós-laboral. Que
juntamente com os abonos de família permitem-me viver de forma muito
controlada. Mas independente.
E
depois pergunto a mim mesma se tenho mesmo de suportar este cansaço sozinha. Se
a luta pela minha independência não merecerá umas tréguas. No fundo, pergunto a
mim mesma se estarei preparada para não me perder numa nova cumplicidade.
Os
ventos de mudança começaram a soprar suavemente… A nossa vida vai novamente sofrer
alterações a médio prazo. Seremos já suficientemente fortes para dançarmos ao sabor do vento
ou será demasiado cedo?
Já dançaste no sopro de um furacão... este será ligeiro, não?
ResponderEliminarÉ verdade, Gabzia! Uma pessoa às vezes até se esquece do que passou... :)
ResponderEliminarAcho que já deu para perceber que a tua intuição é sábia e saberá o que fazer no meio da ventania.
ResponderEliminarVai sem medo, moça.
ResponderEliminarNunca se perde nada por experimentar novos ventos!
ResponderEliminarEu vou, meninas... com medo, mas vou. :)
ResponderEliminar