(onde
se faz jus ao provérbio da minha avó:
“A
ajuda do menino é pouca, mas quem não aproveita é louca”)
O
site de educação Montessori apresentou
há uns tempos uma lista de tarefas domésticas que as crianças podiam
desempenhar consoante a idade, que suscitou celeuma nas redes sociais.
Apesar
de defender a partilha equitativa das tarefas domésticas por todos os membros
da família – homens ou mulheres, adultos ou crianças – acho aquela lista um
bocado exagerada. Nunca me passaria pela cabeça pedir a um bebé de 2 anos para carregar
lenha ou a uma criança de 4 anos para desinfectar os puxadores das portas. Tal
como nunca deixaria um filho de 8 anos trocar uma lâmpada ou um de 12 fazer pão.
Sou a favor da ajuda infantil, não da exploração infantil. E há questões
mínimas de segurança que têm de ser acauteladas.
Posto
isto, aqui em casa todos trabalham na medida das suas possibilidades. Recuso-me
a criar filhos preguiçosos e malcriados, que pensam que tudo lhes é devido por
uma espécie de escrava a quem chamam mãe. Se a ideia é fazê-los ganharem asas
para voar, é suposto saberem tratar de si mesmos e de uma casa no dia em que decidirem
deixar o ninho.
Cada
um tem as suas tarefas diárias adaptadas à idade, que deve realizar o melhor
que puder. Mais importante do que a perfeição é tentar fazer. Eu depois passo
discretamente por trás e dou um jeito, mas são os rapazes que arrumam e limpam
o quarto. Fazem as camas e dobram os pijamas. Vêem se não há brinquedos, nem
roupa suja espalhada. Põem e levantam a mesa. E tratam de todos os animais, com excepção do passeio
matinal e nocturno do D. Fuas.
Depois
há aquelas tarefas que os rapazes até gostavam de fazer e que eu ainda não deixo…
O Vasco adorava passear o cão sozinho, só que não tem força suficiente
e arriscava-se a ir parar à aldeia mais próxima. Às vezes também pede para
lavar a loiça, mas a destreza manual não é o seu forte e eu tenho muito amor aos meus pratos. Quanto ao Diogo,
a grande luta são as suas incursões na minha cozinha. O sonho do meu filho crescido é ser
promovido a cozinheiro oficial do reino, mas eu não acho lá muita piada às
invenções culinárias e à pilha de loiça que depois tenho de lavar. Claro que há soluções de compromisso: o Vasco pode lavar os copos de plástico e o Diogo preparar os almoços para levar para a escola a contento.
Este
fim-de-semana finalmente esteve bom tempo e aproveitámos para fazer as "limpezas
da Primavera". Os longos meses de obras, que mergulharam a aldeia numa espécie
de estaleiro gigantesco, deixaram a casa num estado lamentável que exigia
medidas drásticas. Vestimos roupa velha, metemos a música a bombar e lançámos
mãos à obra. No Sábado, os rapazes limparam o quarto deles e as gaiolas da bicharada
pequena. Eu terminei de restaurar um móvel velho. No Domingo, tratámos do andar
de baixo. O Diogo, que já está bem maior do que eu, atacou as janelas todas,
por dentro e por fora. O Vasco limpou as cadeiras e os móveis pequenos. Eu
dediquei-me às paredes e chão. Passámos umas boas horas nisto. Pelo meio, houve
tempo para as aulas de equitação, um passeio e uma visita a um antiquário. Tínhamos
previsto terminar o fim-de-semana das limpezas na esplanada do gîte aqui em frente, a comer um belo
gelado caseiro… mas a patroa decidiu ir passear e fechou sem dar
cavaco a ninguém. A recompensa prometida ficou adiada, mas não esquecida,
afinal há que motivar a mão-de-obra juvenil.
Mas quem é que desinfecta as maçanetas das portas??
ResponderEliminarQuem me dera que já estivesse bom tempo aqui para fazer as limpezas de Primavera. Já nem falo em passeios e gelados, chuif...
LOL! Esqueci-me das maçanetas das portas, Gralha! :)
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