(ou, no nosso caso, para o trabalho… :) )
Aos
poucos, a vida retoma o seu curso habitual. A tempestade passou
definitivamente. Em nossa casa, vivem-se novos tempos. Uma espécie de
Primavera, dentro e fora de portas. Os dias são mais longos, mais quentes.
Passamos muito tempo juntos, lá fora, a trabalhar no quintal. Há mais risos,
mais alegria, mais conversa. Mais momentos a quatro. Sinto que começamos
finalmente a aproveitar o ninho que fomos construindo aos poucos, durante estes
difíceis meses de Inverno. Tem sido muito bom assistir ao crescimento desta
família, onde cada um parece ter encontrado o seu lugar.
Agora
que já posso concentrar a minha energia em problemas mais triviais, decidi
mudar certos aspectos do nosso quotidiano com os quais não estava completamente
satisfeita. A começar pela nossa alimentação. Acho que comemos de forma
bastante saudável, mas gostaria de melhorar as refeições que fazemos fora de
casa. Uma vez que, na Bélgica, se come apenas sandes e sopa ao almoço, os
lanches ficam muito limitados. A verdade é que os miúdos acabam por comer mais
bolachas do que o desejado, porque não há o hábito de comer pão a meio da manhã
ou da tarde. Snacks, batatas-fritas e coca-colas são normalmente proibidos nas
escolas primárias… mas já percebi que, depois, os miúdos tendem a vingar-se,
quando entram no secundário e deixa de haver controlo sobre o que trazem de
casa. Para todos os efeitos, as bolachas, por aqui, são consideradas um mal
menor. Aliás, é alucinante a quantidade de marcas que vendem produtos já
divididos em várias embalagens unitárias para facilitar o trabalho dos pais.
Nos supermercados, há corredores inteiros de bolachas para levar para a escola.
Infelizmente, é muito difícil impingir-lhes fruta, quando todos os outros
miúdos só comem bolachas e outras porcarias do género. Portanto, decidi que, se
não posso vencê-los, é melhor juntar-me a eles… à minha maneira, claro.
A
partir de agora, vou passar a dedicar os fins de tarde de Domingo a preparar os
lanches da semana. A ideia é fazer coisas doces, que não destoem muito daquilo
que os colegas comem: bolos, bolachas, muffins, barras de cereais… a minha
imaginação mirabolante é o limite. O segredo é diminuir drasticamente o consumo
o açúcar refinado e, principalmente, substituí-lo por outras formas de adoçante
mais saudáveis (mel, açúcar mascavado, fruta, etc.).
Antes
de erradicar o consumo de bolachas, comecei por ler os rótulos com eles e
trocar as indicações por miúdos, isto é, por pacotes de açúcar. A medida não é
lá muito científica, mas eles visualizam-na mais facilmente. Fui buscar a caixa
das bolachas e pedi a cada um que me dissesse o que tinha comido naquele dia.
Juntámos um refrigerante, no caso do Diogo, e um pacote de leite, no caso do Vasco.
Chegámos à conclusão que diariamente ultrapassavam os oito ou nove pacotes de
açúcar… sem contar com os doces, propriamente ditos! Apesar de ser muito raro
ter doces em casa, de vez em quando comem chocolate, gomas ou rebuçados. Até
porque temos uma vizinha brasileira que é um amor de pessoa e que passa a vida
a mimá-los. Acho que a minha demonstração os chocou um bocadinho, porque eles
próprios começaram logo a pensar no que podiam fazer para reduzir o consumo de
açúcar. Outra coisa que os marcou foi mostrar-lhe os pães-de-leite
industrializados que por vezes também levam para a escola. A embalagem tinha
sido aberta uma semana antes de irem de férias para Portugal. Um mês depois, os
pães-de-leite continuavam fofos e prontos para consumo, sem quaisquer sinais de
bolor. Ou seja, a quantidade de conservantes que eles andavam a consumir também
deixava muito a desejar. Combinámos, então, que eu iria passar a fazer os
lanches para levarem para a escola durante a semana.
Ontem,
deitei mãos ao trabalho. Sinceramente, não demorei tanto tempo como
inicialmente julguei que fosse demorar. E, pelo meio, ainda aproveitei para
fazer o jantar. Depois de fazer as contas por alto, cheguei à conclusão que, em
termos financeiros, também deve compensar fazer lanches caseiros. Tenho de
confirmar melhor, nas próximas semanas. Desta vez, limitei-me a utilizar o que
tinha em casa. Comecei por fazer 12 barras de cereais, adoçadas apenas com duas
colheres de mel e uma banana. Acondicionadas em saquinhos individuais,
mantém-se frescas durante uma semana. Enquanto coziam, fiz um bolo de limão com
uma chávena e meia de açúcar amarelo. Este é para cortar às fatias e levar em
caixinhas para a escola, nos primeiros dois dias. A seguir, fiz 12 muffins de
banana, praticamente sem açúcar. Numa fornada, juntei pepitas de chocolate
preto e, noutra, juntei nozes partidas. Vou congelá-los para poderem
levar para a escola no final da semana (e evitar que desapareçam entretanto).
Por fim, lembrei-me de fazer muffins de atum com cenoura, para levarem como
almoço hoje. Não provei porque detesto atum, mas os homens da casa comeram logo
uns quantos antes do jantar e elogiaram a invenção. Para a semana, hei-de
voltar a fazer qualquer coisa do género. Por enquanto, resta-me ver quanto
tempo dura esta comezaina toda nas mãos das minhas marabuntas preferidas…
O meu leva fruta, ovos cozidos, nozes e outras sementes, gelatinas, queijo (e eu também) Quero lá saber se os outros comem todos bollycaos.
ResponderEliminarPois... isso e cenouras cruas é basicamente o que mando para os almoços da coisa pequena (quando não sobra nada do jantar da noite anterior, ie, quase sempre). O Vasco não gosta de pôr nada no pão e custa-me mandar-lhe só pão com manteiga para o almoço. :( Mas depois fico mesmo sem ideias para os lanches.
ResponderEliminarPor aqui, não há gelatinas, é uma pena porque ele adora (e eu também...).
Também me ralo pouco com o que os outros comem, mas lembro-me bem de deitar fora o lanche que a minha mãe me mandava quando não gostava... portanto, tento sempre o meio-termo. :)
Como sou a freak anti-plástico, faço a gelatina em casa e encho frasquinhos de vidro. As embalagens de comida pré-feita de bebé (vade retro) são boas para isso. Felizmente, aqui os almoços são três pratos. Cada vez que me lembro que os meus bebés andaram a comer sandes de manteiga de amendoim e doce como almoço nos EUA ainda me benzo toda. Gosto de descontrair e dar-lhes porcarias de vez em quando mas para isso tenho de conseguir que a generalidade da alimentação seja boa.
ResponderEliminarAh, mulher... aqui, também não se vê gelatinas em pó à venda. A gelatina é uma coisa muito tuga, infelizmente! Mas, de qualquer modo, seria impossível mandar o que quer que fosse em frascos de vidro na mochila do Vasco. Aliás, o Vasco está proibido de pôr e levantar a loiça da mesa. Só mesmo os talheres e é quando não está ninguém à frente, tal é o perigo...
ResponderEliminarOs miúdos belgas comem todos combinações esquisitíssimas de sandes, é assombroso. E molham tudo na sopa, para piorar... bah! :(
Não há gelatina na Bélgique??!!!
ResponderEliminarIrra povo esquisito, pá!
Ah, esqueci-me de dizer que fiquei aqui a babar pelas tuas barritas de cereais...
ResponderEliminarEu infelizmente já perdi a criatividade para os lanches do meu filho mais velho... e também, para ser sincera não tenho tempo....
Pois, é tudo uma questão de perspectiva... eles também acham esquisito comer gelatina! :)
ResponderEliminarQuando é que me vens fazer os lanchinhos? :p
ResponderEliminarPrometo que, na próxima vez que for a Portugal, faço um úorquexope de lanches fixes. :)
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