(e
uma mãe descansada na Bélgica)
Filho
grande está em Paris com a escola esta semana. Todos os alunos do oitavo ano do
Sacré-Coeur vão ficar três dias num hotel, com professores e educadores. A
visita quer-se turística, não escolar. Vão passear pela cidade, ver alguns
museus menos conhecidos e visitar a Eurodisney na mais completa liberdade.
Uns
dias antes da partida, perguntou-me se estava nervosa. Se esta viagem me
deixava preocupada, como os outros pais. “Preocupada com o quê?”, perguntei. Respondi
automaticamente que não. Depois, pus-me a pensar no assunto. Parece que há quem
tenha medo de novos atentados, da autonomia precoce, da ausência de telemóveis,
do facto de dormirem sozinhos num hotel com saída para a rua, de ficarem
entregues a eles mesmos quando forem à Eurodisney... Na reunião de informação,
os pais expuseram todo o tipo de medos. Sem filtro e sem vergonha. Eu fiquei
calada, não estava preocupada. Continuo a não estar. Percebi que há vantagens no
facto de ser o filho mais velho de pais divorciados, que moram em dois países
diferentes. O Diogo já viajou tanto, já precisou de se desenvencilhar tantas
vezes sozinho, que tenho total confiança nas suas capacidades de desenrascanço. Portanto, deixei-o de partir de coração ao alto. Zero preocupações maternas.
Excepto com a
conta do telemóvel. Receios perfeitamente justificados, tendo em conta o
historial do Diogo. Filho grande tem SMS ilimitados e está habituado a mandar várias
mensagens telegráficas para fazer uma simples pergunta, tipo: “Tenho fome/Posso
fazer ovos?/Mexidos?/Há 3 ovos no frigorífico/Posso?/Então?”. Expliquei-lhe que
em Paris ia ter de ser mais conciso, mas já percebi que não me ligou nenhuma.
Esta manhã, teve acesso ao telemóvel. Disse que estava divertir-se muito, que ontem
não choveu, que tinha ido a Montmartre e ao Palais des Découvertes, que tinha
gasto 40 euros em prendas, que hoje ia subir à Torre Eiffel. Precisou
exactamente de oito SMS para me dar estas simples informações. Temo o dia em que
vá passar um mês a fazer o InterRail…
Também
estava preocupada com a comida, admito. Mais uma vez, medos perfeitamente justificados,
tendo em conta o historial alimentar da marabunta. Resolvemos o problema com
uma mala grande, recheada de comida. Entre levar boxers e meias ou um
carregamento de bolachas e leite de soja, não há margem para grandes
hesitações. As noitadas no quarto do hotel estão asseguradas. Na mochila, mandei
mini-pizzas, folhados de salsicha, pães-de-leite com chourição e meio bolo de
iogurte. Na esperança que desse para aguentar a viagem de quatro horas até Paris.
Parece que deu, apesar de a camioneta ter avariado a meio do caminho. Nada como
ser previdente. Quando passar o tal mês a fazer o InterRail, é que não sei como vai
ser…
Não há nada mais reconfortante do que nacional desenrascanço tuga!
ResponderEliminarE o bom do farnel na mala :)
O farnel... há tanto tempo que não "ouvia" essa palavra, Naná! Mas é mesmo isso... ;)
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