(com final feliz, obviamente)
Fiquei
toda contente quando soube que ia ter uma semana de férias. E fiquei ainda mais
contente quando soube que a Primavera ia finalmente chegar por estes dias. OK…
é o início da Primavera parte II, mas tenhamos esperança que desta seja de vez.
Já não posso ver neve.
Seguindo
à risca os meus planos, aceitei uma tradução mais longa para esta semana. E
comecei a pintar a parede da sala. E um móvel. Entre uma demão e outra, ia
traduzindo calmamente. Pensei que estivesse no céu.
Entretanto
o Diogo lembrou-me que a partir de 4ª feira também estaria de férias. E o meu
paraíso ficou um bocadinho toldado. Tanto mais que se avizinhavam muitoooos
trabalhos de grupo com muitoooos colegas barulhentos. Não sei por que diabo têm
de vir sempre cá para casa, mas estou desconfiada que tem a ver com os meus
bolos. A ver se na próxima vez me esqueço de os alimentar.
Depois,
foi a coisa pequena. A escola dele também ia fazer ponte. Duas vezes na mesma
semana. A Bélgica deve ser o único país no mundo onde se faz ponte entre um dia
de trabalho e um feriado. Mais a ponte verdadeira, por assim dizer, entre o
feriado e o fim-de-semana. Ou seja, íamos estar todos de férias uns dias em
casa. Aí, admito que o meu idílio se esfumou definitivamente.
Estava
eu a tentar traduzir, pintar e pensar no que raio ia fazer com dois miúdos
fechados em casa no dia seguinte… quando fui mordida pelo cão da minha vizinha.
Como o cão é “pequenino” (sinónimo de esfregona suja pulguenta), a vizinha lembrou-se de
soltá-lo no nosso quintal para “brincar” com o D. Fuas. Mas o nosso cão é uma
criatura territorial, pouco dada a brincadeiras. Saltou-lhe em cima mal pôs o
focinho à porta de nossa casa. O problema é que, depois, não queria largá-lo. E a
vizinha também não queria largar o cão dela. E eu não queria largar o meu.
Ficámos largos minutos naquilo, todos agarrados uns aos outros. Até que o
estupor do rafeiro da vizinha consegue virar a cabeça e abocanhar-me a mão. Mandei
um grito. D. Fuas Roupinho largou-lhe rapidamente a orelha, chegou-se atrás
e, com uma pontaria certeira, saltou-lhe ao pescoço, sem apelo nem agravo.
Felizmente, o meu amor apareceu e conseguiu pôr fim ao imbróglio de cães e
vizinhas tudo agarrado uns aos outros. O focinho do Fuas estava cheio de
sangue. O do outro cão também. Mas inacreditavelmente nenhum deles estava seriamente
ferido. O sangue era meu.
As
pinturas ficaram definitivamente para trás e a tradução intermitente. Estou a
antibiótico e analgésicos e gelo. Fiquei com uma mão digna de um urso. E o
braço contrário dorido com a vacina do tétano que tive de apanhar.
O meu amor decidiu salvar a situação. À sua
maneira, pois claro. Decretou que se impunham uns dias fora, já que estávamos
todos de férias e eu precisava de repouso. Preferencialmente à beira mar, para
aproveitar este calor inesperado. Acho que o meu Belga já apanhou aquele velho hábito
português que consiste em pensar que o mar cura tudo. Decidimos espreitar o
Airbnb. Depressa percebemos que os franceses, os belgas e os holandeses devem
ter tido todos a mesma ideia. Desde Le Havre, em França, até Haia, na Holanda,
não havia uma única casa livre. Dentro do nosso orçamento muito limitado, obviamente.
Alargámos a pesquisa à costa alemã… e percebemos que aquela malta trabalhadora
não decidiu invadir as praias todas do país, contrariamente aos países vizinhos.
Marcamos uma casinha jeitosa, a um preço ainda mais jeitoso. Quando recebo as
indicações do proprietário, percebo a razão do preço convidativo. No anúncio
dizia “apartamento inteiro”, quando na realidade eram apenas dois quartos.
Gosto pouco de chico-espertos, mesmo que sejam alemães. Especialmente se forem
alemães. Não liguem, acho que também já adoptei as pequenas idiossincrasias belgas.
Seja como for, escrevi ao Airbnb a reclamar e a exigir o pagamento do
cancelamento. Telefonaram-me quase de imediato lá dos States. Não só me
devolveram o pagamento na totalidade, como me ofereceram uma redução generosa
num próximo aluguer. O meu amor, que não gosta lá muito de alemães, mas que
ainda gosta menos de reclamar, nem queria acreditar na nossa sorte.
Eis-nos, então, daqui a pouco a caminho
do norte da Alemanha, rumo à praia. Praticamente na Dinamarca. Logo se vê o que
nos espera. A mão está quase boa. A tradução quase entregue. As pinturas quase
terminadas. Tudo está bem, quando acaba bem, certo? Mesmo que pelo meio aconteçam
aquelas coisas à Rita…
Mesmo quando as "cenas" metem dentadas, sangue, vacinas, trafulhices e férias inesperadas, ainda por cima em países diferentes, a gente ri-se muito e concorda com a autora do post: são COISAS À RITA! Divirtam-se, tragam fotos...e beijinhos!
ResponderEliminarPronto, especialmente para a Mariana, as fotos da escapadela maluca já cá estão! Beijinhos!
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