(uma tragicomédia em seis actos)
Acto
I
Esta
manhã, os rapazes anunciam que têm exame de solfejo. Quer dizer, o anúncio foi
feito pelo Diogo, que a coisa pequena anda sempre a Leste (pensava eu que era o único). Peço o “journal de classe” para verificar as
horas… infelizmente, a última página está em branco. O Vasco teve consulta de
ortodontia em Liège e faltou à última aula.
Acto
II
Mando
uma mensagem à professora a justificar a ausência da aula anterior e a perguntar a que horas é o
exame de HOJE do Vasco. Responde-me que é às 17h30, sendo que o Vasco passa em
7º lugar. Faço contas por alto… provavelmente, não haverá tempo para a aula de
violino. Volto a mandar mensagem a agradecer a informação e a perguntar se há
aula de violino a seguir. Recebo um lacónico “não” com resposta.
Acto
II
Vou
buscar o Vasco à escola ao meio-dia e dou-lhe um raspanete porque ainda não
estudou nada para o exame de solfejo. Coisa pequena almoça calmamente e, a seguir, estuda rapidamente.
O meu amor apanha-o a brincar no quintal, dá-lhe novo raspanete e tranca-se com
ele no quarto a estudar as partituras.
Acto
IV
O
Diogo vai fazer o seu exame às 16h30 e manda-nos uma mensagem a dizer que afinal há
aulas, não exames. Mando uma nova mensagem à professora a perguntar se o Vasco
devia ter ido à aula de solfejo, anterior ao suposto exame do Diogo… e ela responde-me com outro lacónico “sim”. E aí
eu perco a paciência. Mando uma última mensagem: “Perguntei-lhe esta manhã se o Vasco
tinha exame se solfejo hoje e a senhora disse-me que sim, às 17h30!!! E, afinal,
ele acabou por faltar à última aula de solfejo!!!”. Não obtive resposta.
Acto
V
Contrariamente
a mim, os meus filhos tiveram resposta… Em plena aula, a professora lê a
mensagem e, olhando para o Diogo, diz que está a ser insultada… logo agora, no
final do ano, mesmo antes dos exames. E deixa a ameaça a pairar no ar. A
seguir, quando o Vasco entra na aula de violino para onde foi levado à pressa, diz-lhe que ele é que está em
falta porque não foi à aula de solfejo, que se a mamã quer ralhar e insultar alguém, que o faça com ele… não com
ela, que não está para essas coisas.
Acto
VI
Hesitei
entre ir lá directamente ou ligar-lhe a pedir explicações. Acabei por deixar
falar a Rita belga e fiquei quietinha no meu canto. Enfim… é como quem diz. Belga,
mas pouco. Amanhã tenciono ligar ao director da Académie a fazer queixa. E
aproveito para lhe dizer tudo o que tenho aqui guardado há dois anos sobre
aquele portento de pedagogia, que nunca se dignou a fazer um único elogio ao
Vasco. Como se fosse possível evoluir na crítica cerrada! Entretanto, revirei a
Net do avesso à procura de uma professora em Liège que aceitasse ajudar a coisa pequena na
próxima semana a preparar as duas partições que tem de tocar no exame de
violino. Não vá aquele estafermo lembrar-se de aproveitar para me chumbar
airosamente o filho… Como dizia a minha avó Clarisse, gente maluca é pior que
ladrões. Credo!
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