(porque mais importante do que as respostas, são as perguntas...)
Fiz 40 anos. Quatro décadas. É difícil acreditar. Sinto
que já vivi muitas vidas, mas não tenho a seriedade requerida. Espero nunca vir
a ter. Ando a fazer o caminho ao contrário. Era muito mais velha aos 25 anos do
que sou agora. Levava o mundo às costas. Era uma chata. Queria controlar tudo.
Tinha muitas certezas. E um futuro todo traçado. Aos poucos, tenho aprendido a
libertar-me. A não me levar muito a sério. A praticar o desapego. A viajar
ligeirinha, como se quer. Preciso de tão pouco para ser feliz! Preciso dos
meus. E de tempo. Tudo o resto é acessório. Por este andar, ainda espero vir a
ser uma velha gaiteira. Trabalho alegremente para isso. Espero cumprir-me.
Mais importante do que as respostas, são as perguntas. A pergunta. “Você tem fome de quê?” Tenho
fome dos meus filhos. Sempre. A tribo. Tenho fome do meu compagnon de route. Porque juntos somos melhores. Tenho fome de
gente. Dos meus. Tenho fome de mundo. Tenho fome de viajar. De aprender mais, ver
mais, ler mais, ouvir mais. Rir mais. Tenho fome de compreender. De apreender. Tenho
fome de mudança. De ter poucas certezas. Tenho fome de escrever. Tenho fome de
fazer coisas. De fazer amigos. Tenho fome de aventura. De peripécias. Principalmente,
tenho fome de ter fome. Mais importante do que realizar sonhos, é ter sonhos. E
eu tenho fome de sonhos.
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