domingo, 7 de agosto de 2016

Filhos do mundo

(porque de nada vale conhecer o mundo,

 quando não se conhece as suas origens)



Nestas férias de Verão, viajei para quatro países diferentes: Alemanha, Dinamarca, Suécia e Portugal. Não contando com o nosso país do coração, a Bélgica. Ah… e o Luxemburgo, que fica mesmo aqui ao lado, onde fazemos compras e atestamos o depósito semanalmente. Bem vistas as coisas, num espaço de apenas um mês, estive em seis países, sendo que dois foram estreias absolutas no meu mapa-múndi. Ou seja, Julho foi um mês de verdadeira rambóia. O Diogo também visitou estes mesmos seis países. O Vasco não foi connosco a Berlim, para seu grande desgosto, mas foi à Holanda com a avó. O meu amor trocou de boa vontade a Alemanha, que não aprecia por aí além, pela sua adorada Itália. Acho que posso dizer com toda a propriedade que, este ano, a tribo teve umas férias de Verão em cheio, em diferentes longitudes. Não há nada que nos dê maior satisfação do que dar a conhecer o mundo aos rapazes. Alargar-lhes os horizontes.

Se durante o mês de Agosto, quando estão de férias em Portugal, os meus filhos passeassem tanto pelo seu país como passeiam pelo mundo afora connosco… seriam umas crianças verdadeiramente afortunadas! Infelizmente, não é o caso. Após quatro anos, já percebemos que Portugal está restrito à zona de Lisboa e a uma terriola imutável no Algarve. Pelo que já ficou decidido que, a nossa próxima prioridade, é dar a conhecer o país aos “emigras” pequenos. Ninguém pode ser cidadão do mundo quando não conhece as suas origens. O meu sonho era alugar uma autocaravana e calcorrear o Norte com eles. Vá… e percorrer também a costa da Galiza, que é lindíssima. Ou ir até aos Açores. Hum… temos 300 dias pela frente para sonharmos com as próximas férias. Sonhar também faz parte da viagem. Aliás, uma das melhores partes da viagem é alinhavar o projecto. Pesquisar. Recolher informações. Comparar preços. Medir distâncias. Poupar dinheiro.

Há muitas formas de família. Cada uma saberá o que resulta melhor para si. Cada uma saberá onde acha mais importante “investir”. Há quem pense que o melhor investimento é alargando a própria célula familiar, oferecendo muitos irmãos aos filhos. Há quem pense que a segurança de um vasto património imobiliário é que é importante. Ou a estabilidade de um bom emprego. A exibição de um estilo de vida desafogado. A acumulação de bens. Há famílias que valorizam o tempo. Uma vida centrípeta. Campestre, em conexão com a natureza. Ou urbana. Há famílias que giram à volta de valores espirituais. Nós escolhemos investir no conhecimento do mundo. Da geografia humana e da geografia física. Cultural. Política. Da geografia dos afectos. Podemos não ter a televisão do vizinho. Podemos não ter o carro do vizinho (neste preciso momento, não temos mesmo nenhum). Podemos não ter muitos bens materiais. Em nossa casa há apenas o essencial. Não se acumula nada. Tudo o que está a mais vendemos ou damos a quem precisa. E investimos tudo o que temos em viagens. Não temos muito, não se pense. Mas felizmente nascemos numa época em que já se consegue viajar por pouco. Assim haja vontade e organização. Daí começarmos já a planear as próximas férias. Nunca é demasiado cedo para sonhar.

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