(onde se espera com certeza uma confirmação disparatada)
Lembram-se da viagem
infernal para ir buscar a avódrasta ao aeroporto do Luxemburgo, no final de
Julho? A tal que me custou uma caixa de velocidades, sabe-se lá como. Que me
custou um carro novo. Menos mal, porque estou perdidamente apaixonada. Enfim…
tão apaixonada quanto imagino que seja possível estar uma pessoa normal (mas
não muito, convém não exagerar…) por um carro. Ou seja, bastante. E eu não sou
uma pessoa de carros, como se sabe. Sou, definitivamente, uma pessoa de
cavalos. Mas talvez fosse demasiado complicado ir de cavalo para o trabalho. O
caminho pela floresta ainda se fazia, o pior seria a auto-estrada. Não… estou
melhor servida com um carro. Azul-escuro, como sempre quis. E alto (tenho de
dar um pulinho discreto para entrar). E não tem rigorosamente nada automático,
o que é uma bênção para quem vive aterrorizada com os efeitos bloqueadores da
neve. Só lamento a ausência de direcção assistida. Quer dizer, lamentava. A
minha cinesioterapeuta ficou encantada por ter arranjado quem lhe faça metade
do trabalho (literalmente) braçal. Diz que, assim, só preciso de lá ir uma vez
por ano para controlar. Quem diz controlar, diz pôr os ossos no sítio. Ora aqui
está uma poupança inesperada.
O problema é que as minhas
finanças funcionam como os vasos comunicantes. Tendem a equilibrar-se
naturalmente. Nunca falha, é fantástico. Esta entrada súbita tinha de se
reflectir, mais tarde ou mais cedo, numa saída ainda mais rápida. Foi o que eu
expliquei ao Belga. Que me respondeu que isso era um perfeito disparate. Que
as leis da física não se aplicam à economia doméstica. Contra-argumentei com
provas cabais. Perdi um carro, ganhei outro. E fiquei a pagar praticamente o
mesmo. Ah… eis um indício irrefutável da minha teoria! “E a poupança com a
cinesioterapia?”, perguntou ele. “Espera e verás…”, respondi confiante.
E pronto. Chegou hoje.
Parece que aquela tenebrosa viagem teve mais um custo retroactivo. Os amigos
polícias do país vizinho decidiram engrossar o tesouro público. Lembro-me de ter
pensado que tinha sido “flashada” e de ter comentado com o Diogo que era
impossível, pois estava no limite da velocidade permitida. Bom, estava no
limite à portuguesa. Assim, tipo… a velocidade máxima mais umas migalhas. Coisa
pouca. Peanuts. Não estava a contar
com o rigor luxemburguês. Entre as contas por alto à Tuga e as contas certas à
nórdico, venceram as contas exactas. Oito quilómetros, para sermos mais precisos.
Oito quilómetros a mais que me valeram 50 euros a menos. A multa mais absurda
de sempre. Expectável, mas absurda. Mas, pronto, veio confirmar a minha teoria
dos vasos comunicantes. O Belga teve de aceitar que a física se aplica na
perfeição às minhas finanças. No entanto, mostrou-se bastante mais surpreendido
com a exactidão luxemburguesa do que com a minha.
Tenho de confessar que fiquei algo desiludida por não ter recebido um elogio merecido. Até porque uma sessão de
cinesioterapia custa 25 euros…
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