(onde
se mostra que é melhor ajustar as expectativas à nossa realidade)
Os
nossos mandarins andam há longos meses a tentar ser pais. O problema é que as
competências parentais são basicamente nulas. No entanto, tentam compensar o
que lhes falta com persistência e motivação a rodos.
Mal
a fêmea começou a pôr ovos no comedouro, comprei um ninho. Transferimos
cuidadosamente os ovos, mas ela deve ter achado melhor não arriscar e… comeu-os.
Semanas depois, já tinham o ninho cheio de ovos outra vez. Os dois mandarins revezavam-se
a chocá-los, embora a fêmea passasse bastante mais tempo a servir de
chocadeira. Passado um mês, desistiram. Não havia meio de nascer o que quer que
fosse. Andávamos nós a pensar o que fazer com o diabo dos ovos, quando eles decidiram
por nós e… voltaram a comê-los.
Uns
tempos depois, já o ninho estava novamente com ovos. Desta vez, nasceram dois mandarins
que continuaram a dividir o ninho com o irmãos-ovos. O Diogo conseguiu assistir
emocionado ao nascimento. Comprámos uma alpista especial para passarinhos bebés
e uns fios artificiais para encher o ninho. Os desgraçados dos bichos eram
horrorosos, mas lá iam crescendo. Até que a mãe decidiu mandar
um deles para fora do ninho, matando-o. Além de ter comido os ovos que
restavam. Dias depois, cansou-se de ser chocadeira e abandonou o único passarinho
que restava no ninho. O mini-alien morreu gordinho, despenado e completamente enregelado
nas mãos do meu amor. Fartei-me de chorar, feita parva. E decidi tirar o ninho
da gaiola, antes que os mandarins morressem com uma crise de fígado de tanto ovo enfardarem.
Infelizmente, a bicha voltou a pôr ovos no comedouro e tive de capitular. Mais
uma vez, a passagem dos ovos para o ninho resultou num banquete.
Durante
uns tempos, tivemos descanso. Quer dizer… a palavra exacta não deve ser bem
esta. Quando não estão a chocar, os mandarins passam o dia a andar
freneticamente de baloiço e a fazer um barulho medonho. Cheguei a pensar que os
bichos tinham desistido definitivamente de ser pais com a chegada do Inverno. Até
que voltou a aparecer um ovo no ninho. Um único ovo minúsculo. Contrariamente
ao que é habitual, a fêmea decidiu começar de imediato a chocá-lo, sem pôr mais
ovos. Os dias passavam e o ovo lá continuava. O bicho nasceu durante a noite.
Em pleno inverno, com temperaturas de -17º. Numa sala que não é aquecida
durante a semana, porque só a usamos à hora de jantar, quando o calorzinho da
cozinha já se propagou. Desta vez, o macho passa tanto tempo a chocar como a
fêmea. O mini-alien rosado já tem penas nas costas. Ainda não abre os
olhos. As asas começaram a crescer. É bom que cresçam bastante, que está gordo
que nem um peru. Passa o dia de bico aberto, a piar como se estivesse a
asfixiar. Suponho que não deve ser fácil ter sempre um dos pais repimpado em
cima dele. Faz hoje dez dias. Suponho que já posso dar os meus parabéns aos
malfadados pais. Nisto da parentalidade (e suponho que na vida também) tudo se
consegue por tentativa e erro. Hum… e
por ajustar as nossas expectativas, claro. Os mandarins lá acabaram por
compreender que o melhor era limitarem-se ao filho único e desistirem da ideia
da prole numerosa.
Também tive que me conformar com a filha única...mas foi por causa de uma pré-eclâmpsia! Adoro a casinha do novo bebé da casa...Parabéns!
ResponderEliminarAh... mas aposto que esse pássaro único foi tratado com muito miminho, Mariana! ;)
EliminarAcho que sim...e ainda continua! Segundo ela, fui feita para ser mummy...Mas convém nunca esquecer que os filhotes nos apareceram sempre sem livros de instruções, há muita tentativa que saiu com erro, é isto que se chama viver...não é? Uma melhor semana, Rita! Por aqui vai haver muito rescaldo de eleições...
ResponderEliminarClaro... nisto de educar filhos é um passo à frente e dois atrás, sempre! :p
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