(onde se mostra um menino feliz)
A
chegada da prenda de anos do Diogo estava prevista para a próxima 6ª feira mas,
entretanto, o país começou a meter água por todos os lados. Literalmente. Ahhh…
e para não variar, tem havido greves. Desta vez, é dos transportes. O pessoal
dos comboios reivindica, os outros são solidários (não vos digo o motivo da reivindicação,
porque vocês atiravam-se para o chão a rir à gargalhada e depois não liam o resto do
post…). Como sempre, quem paga é o povo. Neste caso, o povo que anda nas
estradas, completamente abarrotadas de filas intermináveis de trânsito. É que a
Primavera é a época escolhida para reparar os estragos
feitos pela neve durante o Inverno. Ou seja, há sempre várias vias cortadas ao
trânsito.
Resumindo,
entre as estradas inundadas, atulhadas ou cortadas, tive medo que o piano não
chegasse a tempo. Posto isto, decidi mandar um e-mail à pessoa de contacto da Thomann
para o mercado francófono, que também achou melhor não arriscar. E o bom do
piano aterrou ontem à nossa porta… minutos antes de começar a desabar outra
enorme tempestade. O senhor da transportadora avisou logo que o mono pesava 80
quilos… distribuídos por uma única caixa gigantesca.
A
solução foi meter a caixa na garagem à pressa e ir trazendo aos poucos as
peças separadamente para cima. Quando terminámos a empreitada, tínhamos a sala
cheia de bocados do mono. Ainda pensámos esconder aquilo tudo pela casa, mas
tivemos medo de perder alguma parte do puzzle pelo caminho. Decidimos, então,
montá-lo. Sim, sim… tipo Ikea. Felizmente, tivemos a inteligência de montar o
mono já no seu futuro poiso… porque depressa percebemos que seria completamente
impossível tirá-lo da sala montado. Tapámo-lo com um lençol preto para ver se
disfarçava e se conseguíamos manter a surpresa até 6ª feira… Nada feito. Mesmo
escondido, o mono tinha a forma inequívoca de um piano.
O
que não tem remédio, remediado está… Ficou decidido que daríamos a prenda ao quase aniversariante no próprio dia. O meu
amor foi buscar o rolo de fita que tinha sobrado dos meus anos. Avisou que já
faltava pouco para o Diogo chegar da escola e que era melhor despacharmo-nos a “embrulhar”
o mono. Depois, pus-me em cima do sofá com a máquina a postos à espera… Nem
sequer foi preciso esperar muito. O Diogo fez os 5 minutos que separam a escola
de nossa casa a correr, para fugir da bátega de água que caía.
Breves
notas:
- Se alguém estiver a pensar encomendar um mono (ou algo mais maneirinho, há para todos os géneros musicais), recomendo vivamente a Thomann. Foram incansáveis a dar conselhos e a tentar encontrar o piano digital mais adequado às necessidades do Diogo, super eficientes a despachar a encomenda e imaginativos a encontrar soluções. Além disso, têm um site fantástico! A empresa está sediada na Alemanha, mas entregam no resto da Europa.
- É injusto dizer que sou “mãe solteira” – designação que aliás abomino – quando estou rodeada por tanta gente, nesta tarefa de educar e mimar os meus rapazes. A compra do piano-mais-próximo-do-órgão-de-igreja-que-encontrei foi uma prenda familiar. Obrigada aos tios além-mancha, ao avô Artur e à Véro, à avó verdadeira e à avodrasta, à tia Ana... Sois os maiores! Este miúdo tem a sorte de ter uma família única que o adora.
- O menino que aparece ali em baixo a tocar tem quase 15 anos, mas a mãe dele continua a achar que nasceu ontem. É o melhor filho do mundo e merecia uma prenda à altura.
- O menino que aparece ali em baixo a tocar começou a ter aulas – uma aula semanal de 25 minutos – há oito meses atrás. Acho que a mãe (que o viu nascer ontem) tem razões para estar orgulhosa…
- Aquele senhor que se ouve a falar todo embevecido ali em baixo é o meu Belga, o amor mais doce, o melhor companheiro de aventuras, o homem-sem-filhos mais amoroso que podia ter cruzado o nosso caminho.
- Fica a dica para quem tem casas suficientemente grandes para os miúdos na idade do armário se perderem nelas: descubram o objecto de desejo do adolescente e instalem-no no meio da sala. Tipo mono, mesmo. Vão ver que nunca mais se encafuam no quarto!
- Se o objecto cobiçado for… digamos… sonoro, comprem igualmente uns bons phones. Nós optámos por comprar o piano digital em pack, banco e auscultadores incluídos. Não estou nada arrependida. No início, é um bocado estranho vê-lo para ali a tocar horas a fio (é mesmooooo horas!), sem um único som. Mas, depois de ouvir a mesma música vezes sem conta, os ouvidos agradecem. A vizinha tísica também, parece-me.
- Para instalar o mono, tivemos de mudar o sofá pequeno de sítio. A bem dizer da verdade, é o sofá do D. Fuas, onde ele passa os dias a espreitar a rua e a dormitar em cima do elefante de peluche. Vai alternando, consoante lhe dá a moleza nos ossos. Não sei porquê, não lhe agradou a mudança. Recusa-se terminantemente a subir para cima do sofá. Há dois dias que se arrasta a suspirar pela casa, amuado. Anda tão triste que me parte o coração, coitado! Esperemos que lhe passe, porque o novo proprietário do spot anda encantado com a localização solarenga do mono.
- O meu amor foi de propósito a correr buscar a coisa pequena à escola, mesmo à hora da saída, para assistir ao desembrulhar da surpresa. Infelizmente, quando foi pôr a mochila no quarto, a leitura de uma BD pela enésima vez pareceu-lhe mais premente. Apareceu já a festa tinha acabado, por assim dizer. Andou por ali a tentar colar-se, mas o irmão avisou-o logo de que está proibido de tocar no mono. O Vasco aproximou-se de mim e disse: “Gosto tanto de o ver assim tão feliz!”. Mas eu, que o conheço de ginjeira, respondi-lhe que não fazia mal ter ciúmes. Coisa pequena pareceu aliviada por poder admitir os seus sentimentos contraditórios e, mal viu o irmão pelas costas, tocou no mono com a pontinha do dedo, quase como se fosse um objecto sagrado. E lançou discretamente a ideia de que 10 anos também são uma data importante…
E o belíssimo som do órgão:
Há lá coisa melhor nesta vida do que ver um filho feliz!?
Maravilhoso :)
ResponderEliminarObrigada, Gralha. :)
ResponderEliminarParabéns, este "pequeno" nunca vai esquecer este aniversário! E muitos parabéns à mãe "pequenina"...Foi estranho ouvi-los falar numa língua que nunca apareceu aqui nos diálogos...Beijinhos, mãe Rita!
ResponderEliminarObrigada, Mariana. A língua que se fala nesta casa é o francês... vivemos com um belga, na Bélgica! :) Só entre nós é que falamos português.
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