(porque há coisas difíceis de engolir)
Uma
pessoa pede ao outro lado para avançar
a sua parte do pagamento de um tratamento bastante dispendioso do filho. Como
seria de esperar, é recusado. Uma pessoa diz que não tem como pagar tal
quantia. A recusa mantém-se. Que apresente orçamento. Isso mesmo, orçamento.
Como se de uma empreitada se tratasse. Uma pessoa convida o outro lado a estar presente, no dia da
intervenção. E manda os contactos dos dois especialistas que aconselharam o
tratamento. A informação nunca é confirmada. Mas a recusa mantém-se.
Uma
pessoa faz um esforço sobre-humano para reunir a verba necessária, no tempo
requerido. No dia da consulta, é informada de que o procedimento, afinal, não
poderá ser efectuado. Apesar de ter de pagar esta notícia a peso de ouro. Uma
pessoa consulta os anteriores especialistas, que corroboram a mudança de
estratégia. É efectuado outro tipo de intervenção. Paga, evidentemente.
Uma
pessoa envia um e-mail ao outro lado a relatar todos
estes desenvolvimentos. Explica que, posteriormente, terá de ser feito outro
tipo de tratamento. Um mês volvido, continua sem resposta. E a vida avança. Como sempre.
Até
que o outro lado se lembra de
questionar o filho a este respeito. Argumentando que só tem acesso às
informações através do discurso infantil. Porque uma pessoa se recusa a prestar
esclarecimentos. Porque uma pessoa só está interessada no dinheiro. Porque obviamente o outro lado só
serve para pagar.
E, agora, como
pode uma pessoa defender-se destas acusações sem comprometer a imagem que o
filho tem do outro lado? Como pode
uma pessoa que é acusada de alienação parental há tanto tempo elucidar o filho
sem propositadamente “alienar” o outro
lado? Como pode uma pessoa não resvalar na armadilha que lhe estenderam,
sem perder a face perante o filho? Como pode uma pessoa engolir a raiva que
sente e manter o sorriso? Como pode uma pessoa pedir a outra que se mantenha
calada, quando, efectivamente, foi ela que esteve presente e se preocupou e deu
a mão e pagou a outra metade? São anos a fio desta guerrilha, estamos exaustos.
E o filho confuso.
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