(um
grande beijinho de parabéns, maninha)
Acordavas
sempre muito cedo. Espreitavas pelas grades do berço e chamavas, baixinho: “Tatá?”.
Eu mandava-te dormir, zangada. Mas tu continuavas. Sabias que eu acabava por
desistir. Levantava-me sem fazer barulho e metia-te na minha cama. E tu ali
ficavas, a brincar, enquanto eu dormitava mais um pouco. Mal ouvia passos no
andar de cima, voltava a pôr-te no berço. Às vezes, éramos apanhadas e eu ouvia
um ralhete. Porque no final do ano ia-me embora e não te podias habituar a
tanto mimo. Ouvi muitos ralhetes. Como naquele dia em que choramingavas doente
e fui terminantemente proibida de te meter na minha cama. Tinhas tanta febre. Peguei
no édredon e na almofada. Dormi a noite toda no chão, de mão dada contigo.
Quando
voltei, muitos meses depois, estranhaste-me. Andavas à minha volta, desconfiada.
Não vinhas para o meu colo. Já sabias dizer o meu nome e falavas pelos
cotovelos. No final dessa noite, aproximaste-te de mim e perguntaste, a medo: “Tatá?”.
As memórias demoraram a chegar, mas estavam lá.
<3
ResponderEliminarPosts para fazer chorar, assim sem aviso, não está certo.
ResponderEliminarMuito, mas mesmo muito, interessante...
ResponderEliminarTenho muitas histórias desse ano com a Bénédicte, mas esta é sem dúvida a minha preferida... :)
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