(onde se inicia uma nova rubrica do tipo Do It Yourself
em tempos de crise)
Pois
que esta que vos escreve tem um talento escondido. Um talento escondido é como
quem diz. Não será bem um talento. Talvez seja mais um jeito. Vá, sejamos
sinceros... Esta que vos escreve tem uma paixão secreta. Ao diabo com o talento
e o jeito.
Sabem
aquela coisa do DIY, mais conhecida
entre nós por “Faça Você Mesmo”? E aquela outra do “No poupar é que está o
ganho”? Pois eu cá consegui juntar as duas numa só e ainda elevar a cena a
passatempo. Hobby, para ser mais
fino. Toda uma inovação, portanto.
E
que raio de hobby é esse, perguntam
vocês? E eu respondo, honestamente. Até podia mentir que ninguém ia perceber,
mas prefiro ser honesta. É tipo “Faça Você Mesmo Para Poupar Dinheiro”, onde a
poupança está longe de ser o mais importante. O meu hobby preferido consiste em ter uma desculpa perfeitamente válida
para me pôr a fazer as coisas mais estapafúrdias cá em casa com as minhas
próprias manitas. Que eu sou pessoa que até tem um certo jeito de mãos. Ou,
pelo menos, que está convencida que tem. Pronto, não é bem convencida… Bom, na
verdade, o jeito também não interessa por aí além, como já devem ter percebido.
Na
prática, por vezes até acabo por gastar mais dinheiro do que se comprasse o
objecto já feito numa loja qualquer. A soma
das partes é frequentemente mais cara do que o resultado final. Mas tento. E
isso é suficiente para me deixar de consciência tranquila. Porque posso
dedicar-me ao meu hobby sossegadinha,
sabendo que um dos objectivos é tentar poupar dinheiro. Não estou apenas a divertir-me…
estou a divertir-me sem gastar muito dinheiro com isso. O que, bem vistas as
coisas, é bastante nobre. Nobre talvez não seja a melhor palavra. É apaziguador
para o eterno sentimento de culpa tipicamente materno.
Mas,
afinal, estamos a falar exactamente do quê? De tudo e mais um par de botas,
basicamente. Porque desde que seja exequível e sirva para poupar, já é positivo.
A utilidade também é importante. Quanto mais não seja, a utilidade decorativa.
Ah… e o facto de ser um desafio para as minhas supostas competências manuais.
Ou para a minha imaginação.
Neste
caso concreto, iniciamos esta nova rubrica com algo que é útil e que, de facto,
me permitiu poupar imenso dinheiro. É pá…
parece que a desculpa da poupança não é assim tão esfarrapada quanto isso, bem
vistas as coisas.
Findo
o preâmbulo para introduzir a nova rubrica, passamos à apresentação propriamente
dita. Quem nos segue, conhece a nossa paixão por animais. Bem… a paixão de três
dos quatro humanos que habitam nesta casa. O adolescente, entretanto, cresceu e
deixou de achar piada à bicharada. Se me permitem um aparte, devo admitir que
estou convencida de que a paixão pelos animais é uma fase típica da infância
que acaba sempre por passar, mais cedo ou mais tarde. O meu amor e eu ainda
estamos à espera que passe. Felizmente, parece que não está para breve.
Ora
a questão é que a bicharada é uma fonte inesgotável de despesa. Há que comprar
os bichos, as gaiolas, os diferentes objectos que as compõem, a alimentação das
feras… Podem argumentar que, normalmente, a maior despesa é feita no início. Depois,
é só comprar a comida. E pagar uma ida ao veterinário, de vez em quando. Sim,
sim… mas o problema aqui reside precisamente no facto de que o adjectivo “feras”
não é uma hipérbole. Se quisermos ser rigorosos, será mesmo um eufemismo. Todos
os nossos roedores são armas de destruição massiva. O coelho e o porquinho já
destruíram três gaiolas. O hamster já vai em quatro. Portanto, há que ser inventivo no
que toca a estas bestas. Invenção essa que esteve logo na base da compra do
aquário das tartarugas. Vai daí, comecei a pensar numa maneira de melhorar as
condições dos bichos e de poupar dinheiro. Eis, então, as minhas novas três invenções:
uma gaiola exterior para o Peanuts e o Dó Ré Mi, uma nova gaiola “insonorizante”
para a Belle e um aquário transportável para as tartarugas.
Na Bélgica,
todos os coelhos domésticos têm uma espécie de casinhas exteriores onde vivem
no Verão. Só que custam uma verdadeira fortuna… assim, qualquer coisa entre os
150 e os 200 euros. Eu resolvi o assunto por 15 euros, com um parque para bebés
que comprei numa loja em segunda-mão da Cruz Vermelha e que vedei com rede. Esta
minha invenção permite-me deixar os bichos no quintal durante o dia, evitando
que o Peaunuts tenha os seus ataques de animal enraivecido que destroem gaiola
atrás de gaiola. Por outro lado, como posso ir deslocando o parque todos os
dias, eles vão comendo ervas diferentes, permitindo-me economizar
na comida e fazendo de “cortador de relva ecológico”.
A
Belle também vivia na casinha do quintal, juntamente com os outros bichos. O
problema é que começou a fazer demasiado frio para ela e tivemos mesmo que a
trazer para dentro de casa… a salvo dos avanços caçadores do D. Fuas, evidentemente. O
Vasco ficou todo feliz por tê-la no quarto, mas o barulho à noite era
ensurdecedor. Mal as luzes se apagavam, a bicha parecia possuída pelo diabo e
começava a roer furiosamente as grades. Experimentámos tirar as grades de cima
e pôr um livro pesado a tapar a entrada. Nunca percebemos muito como, mas de manhã
íamos sempre dar com ela enroscada no meio dos brinquedos. Foi, então, que me
lembrei de adaptar uma simples caixa de plástico transparente que me custou 12
euros. Uma caixa alta, muito alta… que enchi de coisas para ela brincar, porque
os hamsters são animais espertos como tudo e precisam de desafios constantes.
A ponte que construí é, sem dúvida, o preferido. Há que dizer que a Belle é o animal mais asseado que conheço. Preferiu fazer o
ninho cá fora e usar a casinha para fazer as necessidades.
As
tartarugas fomentaram toda uma discussão nesta casa. O meu amor tinha prometido
ao Vasco um piriquito como prenda de passagem de ano. Mas eu tive medo que o
bicho acabasse esfrangalhado pelo D. Fuas. A minha ideia de substituir o
passarinho por duas tartarugas foi bastante mal acolhida. Porque as tartarugas
não têm piada nenhuma, porque as tartarugas precisam de uma lâmpada de
aquecimento senão morrem de frio, porque as tartarugas são um bicho hiper
sensível… A verdade é que as bichas já cá andam há umas boas semanas e até já
cresceram. Não me perguntem é os nomes, que eu não sei. O Vasco vai mudando os
nomes e já desisti de os fixar. O aquário também é uma caixa transparente de
plástico comprida que custou 8 euros, que decorámos com umas pedras do quintal
e uns peixes de brincar. A vantagem é que podemos passar o dia atrás do sol com
a caixa. E elas lá andam, com a cabecita toda esticada a apanharem banhos de
sol. Quando ficar frio, espeto com elas ao lado do aquecedor e pronto. E não
pensem que são uns bichos inertes sem piada nenhuma. Já se habituaram a nós e
adoram festinhas na cabeça e massagens na carapaça com uma escova de dentes.
Pronto, não é exactamente o “Faça Você Mesmo” mais artístico do mundo. Mas
diverti-me à brava a fazer estas coisas, a magicá-las. Foram baratas e garanto que são mesmoooo úteis. Prometo que, mal estiver
pronta, vos mostro a cama de casal que comecei a construir. Não que
sejamos umas bestas, até somos uns seres com hábitos noctívagos bastante
discretos. Mas devo admitir que a cama que veio de Malempré já estava imprópria
para consumo… :)
"Out of the box" design thinking ;-)
ResponderEliminar