(onde
a sinceridade tem primazia sobre o politicamente correcto)
Provavelmente,
este meu conceito de férias de sonho não terá muitos adeptos. Admito que seja bastante pessoal. Talvez algo egoísta. São umas férias-modelo que funcionam
apenas na nossa família. Além disso, tenho a noção de que é difícil pô-las em prática,
tendo em conta a multiplicidade de factores que é necessário conjugar. Uma
espécie de Cubo Mágico com muitas peças coloridas pequeninas que se imbricam
umas nas outras. Milagrosamente, este ano as nossas férias de sonho vão mesmo
realizar-se. Não serão perfeitas, perfeitas… mas, honestamente, acho que não vão andar
muito longe disso. Ou seja, com algum esforço e imaginação, vamos mesmo conseguir
fazer tudo o que queremos. Tudo o que queremos e precisamos, todos nós.
Este
ano absolutamente extenuante deixou-nos a todos de rastos, adultos, adolescente
e coisa pequena. Começámos numa luta aguerrida e terminamos com uma vitória inesperada.
Esta casa está finalmente em paz. Nunca me passou pela cabeça perder o meu
filho mais velho. Separar os irmãos. Parecia-me pura e simplesmente inconcebível.
Sobretudo, parecia-me que essa não seria a verdadeira vontade do Diogo. Felizmente
a juíza foi da mesma opinião. Acho que não me enganei. Passado um ano, o Diogo
é outro. Um miúdo feliz, risonho e falador, de bem com a vida, rodeado de
amigos (e namorada pispineta!). Um miúdo que voltou a ser o que sempre foi, meiguinho
e melado, agora com 1.72 metros, picos de hormonas e de resmunguice. Com
opiniões fortes. É estranho ver o meu Diogo num corpo de gente grande, com
outra maturidade. É estranho ver um filho adolescer, tomar subitamente
consciência das coisas, porque isso acarreta sempre algum sofrimento. Faz parte
da vida, eu sei, mas gostaria de ter conseguido protegê-lo durante mais um
bocadinho.
Não
creio que esteja a ser injusta se disser que este foi o ano do Diogo. Da luta
pelo Diogo. O Vasco não esteve no centro das nossas preocupações, apesar de
tentarmos ferozmente mantê-lo dentro de uma redoma protectora. O meu amor e eu
dedicámo-nos muito mais aos miúdos do que a nós próprios, à nossa vida pessoal,
ao nosso trabalho. Isto seria perfeitamente normal se fôssemos ambos pais
destes miúdos, o que não é o caso. Pedir a um homem que escolheu
conscientemente a liberdade à paternidade para se dedicar em exclusivo a duas
crianças, é pedir o impossível. No entanto, ele fê-lo. E de forma absolutamente
excepcional. Não sem algumas crises de consciência, não sem algumas crises
pessoais. Não sem mossas na nossa vida de casal, sejamos sinceros. Não somos a
família perfeita, nem pretendemos sê-lo. Somos a família possível, a que
conseguimos ser. A que tentamos construir, no meio do tumulto que é o nosso
quotidiano. Esforço-me para não trazer para aqui o lado mais sombrio da nossa
vida. Acho contraproducente responder à maldade e à insanidade com protagonismo.
Ainda há dias recebi novos ataques a dizer que não valho nada, que sou uma
vergonha de mãe, que sou uma emigrante fracassada, sem dinheiro. E isto é difícil
de gerir. Porque é constante. Porque visa destruir a minha autoestima, a minha
força. Porque é cada vez mais complicado esconder este tipo de situações do
Diogo. Porque exige uma paciência extraordinária da pessoa que amo, que nada
fez para merecer ter de dividir este fardo pesado comigo.
Por
tudo isto, merecíamos ter férias. Umas férias em guisa de celebração, de consagração da vitória que constituiu este ano. Umas férias de sonho, nada menos do que isso.
Finalmente. Cada um de nós, em particular. Todos juntos, em família. O Diogo
porque se portou como um herói este ano e amadureceu imenso, conseguindo
construir uma relação envolta de ternura com cada membro desta família. O Vasco
porque continuou simplesmente a ser a minha deliciosa coisa pequena, que me
espanta e me comove diariamente. Que mantém uma cumplicidade única com o nosso Belga, mostrando que há filiações que vão muito para além do código genético. O
meu amor porque merece usufruir do aspecto positivo de fazer parte de um todo,
que ele ajudou a solidificar. Porque vai poder partir à aventura connosco no
seu território, no seu habitat natural, e mostrar-nos um novo país que não
conhecemos. E eu… eu porque sobrevivi a este ano, sem nunca deixar de acreditar
no nosso projecto. Aprendi a ter fé. Porque consegui ir poupando, aqui e ali,
de modo a conseguir oferecer estas férias à minha família. Serão umas férias em modo low-cost, bem entendido. Ainda não sei muito
bem como vamos conseguir fazer tudo o que queremos, mas alguma coisa se há-de
arranjar. Gostamos de cultivar o improviso.
Ora,
então, vamos lá enunciar as premissas essenciais para umas férias de sonho:
1- Férias só com os meus filhos, enquanto
o meu amor descansa uns tempos desta família de doidos.
2- Alguns dias exclusivamente com um dos rapazes,
para poder mimá-los à vez.
3- Partir à aventura a quatro no
estrangeiro, numas férias itinerantes e atribuladas.
4- Um momento a dois, num sítio calmo,
para namorar.
5- Muitas visitas da família e amigos, para
encher o coração.
Os
planos estão mais ou menos delineados, as férias começam na próxima segunda-feira.
Pensando bem, as férias começam já amanhã. O bebé mais fofinho do (meu) mundo
vem passar o fim-de-semana com a tia. Infelizmente traz os pais atrás, mas havemos
de conseguir despachá-los para algum lado...
Que sonhes muito nas tuas férias, e que as férias sejam de sonho!
ResponderEliminarGrande juíza, pá!
E vozes de burro, não chegam aos céus!
Bjs
Hum... o melhor quando se tira férias com miúdos é sonhar muito... antes! :)
EliminarQue sejam férias já é muito bom! Que sejam feitas em grupo, em duo ou "a dois" já é o resultado das decisões democráticas da vossa vida...e costuma correr bem! É aproveitar que o Verão irá acabar...
ResponderEliminarNão, não... o Verão aqui ainda agora começou! E este ano tem estado mesmoooooo bom tempo! :)
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