(ou
uma outra maneira de descomplicar as coisas)
Este
ano não recebi o impresso para fazer a minha declaração de impostos, como nos
anos anteriores. Pensei que tivesse havido alguma confusão, visto termos mudado
de casa. Na Bélgica, o IRS pode ser entregue em papel ou pela internet, desde
que se tenha o código de acesso e um “leitor de cartões” (uma maquineta que lê
o chip do cartão de identidade que contém todas as nossas informações).
Evidentemente,
como boa portuguesa que sou, decidi-me a ir às Finanças aqui do burgo hoje… data
limite para entregar o IRS. Não contente com isso, apareci por lá por volta das
10h30… uma hora antes da reunião de pais na escola do Vasco.
A
sala de espera, que costuma estar sempre vazia, estava à pinha. Era o número 25.
Como ainda estava no 14, aproveitei para ir à biblioteca entregar os livros do
Vasco. Quando voltámos, pouco tinha avançado. Decidi ir a casa do amigo do
Diogo buscar o boletim que tinha recebido quando a coisa pequena e eu ainda
estávamos no sono dos justos. Dei uma olhada rápida nos resultados dos exames
nacionais e nas notas finais, dei-lhe um beijinho de parabéns (e um merecido calduço
pelo 13 a Ciências) e apressei-me a regressar às Finanças. Só faltava um
número. Mas os minutos passavam e nada. Fui obrigada a desistir para não chegar
atrasada à reunião do Vasco. À saída, tirei uma nova senha.
Recebi
o boletim do Vasco, que a medo perguntou se tinha passado para o 4º ano. As
professoras largaram as duas a rir. A coisa pequena não tem noção das notas absolutamente
fantásticas que tem. Ouvi rasgados elogios, sai de lá a correr de coração
cheio. À porta, perguntei pelos impressos da inscrição. “Já está! Era aquele
talão que entregou no outro dia a dizer que o queria reinscrever”,
responderam-me.
Nas
Finanças, o meu número já tinha passado. As poucas pessoas que restavam na sala
deixaram-me passar, quando o Vasco anunciou em alto e bom som que afinal até tinha
recebido um bom boletim. A senhora que me atendeu começou por pedir o cartão de
identidade, introduziu-o na maquineta e confirmou os dados. O Vasco certificou
de imediato que tinha um irmão mais velho. Que lhe batia. Muito. Aproveitou também
para explicar que estava a ler o “Schtroumpf Financier”, bastante adequado à
ocasião. Só fechou a matraca quando o mandei calar no meu português mais
zangado. A pobre senhora estava morta de riso, mas tentava manter a compostura.
Perguntou se tinha trazido as atestações fiscais que podia apresentar. Respondi
que não, que só vinha buscar os impressos ou o código de acesso, tanto fazia. “Não,
minha senhora, que disparate… a gente faz isto aqui num instantinho. Ninguém
gosta de preencher a declaração de impostos. E cheira-me que também não deve
ter muito sossego lá por casa… Depois, quando puder, passe por cá para deixar
as atestações que eu corrijo-lhe a declaração.” Em cinco minutos estava
despachada, declaração do estorno incluída.
A
isto chama-se simplex, não? Ou talvez apenas vontade de descomplicar, não sei…
Tu arranja-me p´lamor de deus uma casa aí que eu mudo-me já! O que gostava de viver num país assim, sei lá... civilizado!
ResponderEliminarO tradutor é por definição uma criatura móvel, certo? E as casas nesta zona até são bastante baratas... :)
ResponderEliminar(Fica por resolver o problema do marido, pronto...)
Xinapá... é tal e qual como cá! Só que ao contrário...
ResponderEliminarTu vais às Finanças e levas rosnadelas mesmo sem teres feito nada.... e tens que saber mais de direito fiscal e patrimonial dos que os funcionários, para não seres engrupida!
LOL!!! Segundo me lembro, era mais ou menos assim, era... :)
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