quarta-feira, 1 de julho de 2015

Esta não estava no programa

(mas acho que nem me estou a sair nada mal…)


 

Há pessoas que crescem tardiamente, ainda que isso não se manifeste em centímetros ganhos. Pior, há pessoas que ganham juízo tardiamente. Parece que é o meu caso. Tenho os dentes do siso a nascer. A nascer não é bem assim... A ver se nascem. Só agora compreendo o choro intensivo do meu filho Vasco, quando aqueles dentes decidiram vir todos cá para fora ao mesmo tempo. Quer dizer, a verdade é que a criatura desdentada chorou com igual desespero nos seus primeiros meses de vida. Suponho que se há pessoas que crescem tardiamente, outras precisam de mais tempo para perceber que isto não é um sítio mau de todo para se viver.

O problema deste meu crescimento fora de prazo – para além das dores lancinantes – é que um dos sisos decidiu nascer torto. Suponho que isso quererá dizer que tenho o juízo um bocadinho retorcido. A única solução foi mesmo tirá-lo. Eu ia cheia de medo, que sou assumidamente uma mariquinhas. Felizmente, a dentista já me conhece. Com a quantidade de anestesia que levei, até me podia ter tirado os olhos que eu não teria sentido nada. A coisa correu bem… até começar a sentir novamente as minhas orelhas. Aí, com franqueza, só tive vontade de trepar pelas paredes. E fazer desaparecer os meus filhos por umas horas. Vá… por uns dias.

A dentista  disse a brincar que isto ainda me ia fazer bem à linha, porque tinha de ficar a líquidos uns dias. (Fui apanhada a ler uma revista de dietas, quando me foi buscar à sala de espera.) Fiz-lhe um sorriso tão amarelo quanto a anestesia para cavalos me permitiu. E, na realidade, tenho estado a líquidos (e a Voltaren), mas não me cheira que sejam os que ela tinha em mente… É melhor não subestimar a imaginação de uma criatura com fome, quando lhe tiram um pedacinho de juízo: gelado de speculoos, iogurte grego de maracujá, papas de banana e pêssego, massa de bolo de iogurte, o interior dos pastéis de nata morninhos. Não tenho culpa se o Vasco atacou a minha reserva de gelatinas zero e a canja. Ou se o Diogo devora os queijinhos frescos que desencantei no Luxemburgo. Contra a minha vontade, a dieta prescrita pelo cabeleireiro-vidente, corroborada pelo médico mais giro do planeta e confirmada agora pela dentista-anestesista, está em standby até ver.

 

[ Para vosso governo, ficam a saber que ainda caibo perfeitamente dentro das minhas calças de ganga preferidas. E dos calções do Verão passado. Não… é impossível serem do Verão passado. Esteve um frio polar por estes lados, no ano passado. Ainda caibo nos calções que comprei sabe Deus quando, que voltei a usar agora graças à vaga de calor que anda a dizimar os belgas e que nos tem sabido a pato... pronto, a batido de pato, no meu caso. Isto tudo para vos dizer que estou seriamente a pensar patentear esta dieta mágica. Chamar-lhe-ei “Dieta Imaginativa do Siso”. ]

2 comentários:

  1. Os meus dentes do siso nasceram lá pelos meus 22/25... nem por isso fiquei mais ajuizada...

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  2. Nááá... isso ainda não é idade para se ganhar juízo, Naná! :)

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