(começo a ficar seriamente desconfiada
de que o provincianismo é mesmo universal)
Recebi
o programa das festas do meu bairro. Isso mesmo… do meu bairro, apenas e só. É a pomposa
“Fête du Quartier de la Gare”. Três
dias de festa para celebrar pouco mais de uma dúzia de casas situadas em frente
à estação dos comboios. Na minha modesta opinião, isto mete qualquer arraial de
santos populares a um canto. Para mim, nada e criada em Lisboa, o arraial de Santo António
era o expoente máximo da festa bairrista. Até aterrar nesta terra, à beira do
lago plantada, e passar a fazer parte do quarteirão da estação. Vá… do quartier de la gare, que isto em francês
sempre parece mais fino.
Já
percebi que a data escolhida não é o mais importante. O que interessa é unir a
malta, confraternizar. À falta de um santo padroeiro para abençoar o bairro,
escolhe-se o fim-de-semana anterior à festa municipal. Que coincide com a festa
nacional. No dia 21 de Julho, enquanto o resto da Bélgica festeja a
independência, Vielsalm festeja o dia do mirtilo e das bruxas típicas da nossa
região, as Macralles. Onde o meu bairro também participa, claro está. Feitas as contas por alto, os meus
vizinhos vão andar quase uma semana em festa. São uns foliões.
O
programa da “Fête du Quartier de la Gare” apareceu na caixa do correio há uns
dias atrás. A vizinhança apressou-se a colar os cartazes nos vidros traseiros
dos carros. Se me dissessem que era o programa das festas anuais de Moimenta da
Beira eu teria acreditado. As festividades abrem com um karaoke, na sexta-feira
à noite. No sábado, há uma demonstração de perícia de camiões, seguida de uma
demonstração de Wrestling. O serão promete ser longo com um baile animado pelo duo
Roby & Caroline. No dia seguinte, às 11h da manhã já estão a servir o
aperitivo para acompanhar o mui
reputado almoço do bairro da estação.
Como
me fiz de desentendida, voltaram a pôr-me mais um cartaz na caixa do correio...
não fosse o outro ter-se extraviado por artes mágicas, nunca se sabe. Obviamente,
este também acabou no caixote do lixo. Mas parece que o bairro da estação é
composto por gente de fibra. Gente que não baixa os braços e vai à luta. A
minha vizinha estranhou a falta de entusiasmo e, ontem à noite, foi lá a casa
entregar mais um programa. Desta vez, bastante detalhado… “para abrir o apetite”,
segundo me explicou sorridente. Mostrei-me mortificada. Nessas datas, vamos
estar em Marrocos. É uma pena. Uiiii… o que eu queria ver os camiões do
Choffray! Ou dançar ao som das músicas românticas do Roby e da Caroline! Mas,
não… não dá mesmo. Quem sabe para o ano? Hummm...
Sem comentários:
Enviar um comentário