segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Diz que é anão

(porque às vezes o amor faz verdadeiros milagres)


 

Não sabemos ao certo quanto anos terá. Talvez três. Provavelmente quatro. Foi-nos oferecido por aquela vizinha maluca de Malempré, no nosso primeiro Verão na Bélgica. É a prova viva de que não se deve julgar um animal adoptado pelas aparências. Ou pelo contacto inicial. É preciso uma paciência sem fim. E dar tempo ao tempo. Decidimos chamar-lhe Peanuts. Era uma espécie de coelho selvagem que mal se podia tocar. Supostamente anão. Passou dias a fio (e noites… principalmente, noites) a atirar-se contra as grades da gaiola para se libertar. Não suportava estar fechado, mas em liberdade destruía tudo à sua volta. Não gostava de colo, nem de festas. Mordia. Batia furiosamente com a pata no chão quando se enfurecia. Roía tudo o que apanhava a jeito. Só comia granulados. Escusado será dizer que não foi exactamente amor à primeira vista.

Passaram-se dois anos. O Peanuts já faz parte da família. Sobreviveu a um ataque furioso do D. Fuas e, agora, só bate com a pata no chão quando sente que ele anda por perto. Tornou-se um autêntico mimado. E um comilão. É muito asseado, faz sempre as necessidades numa caixinha com serradura. Já pensámos arranjar-lhe uma namorada, mas ainda não encontrámos nenhuma suficientemente grande. Vive numa gaiola enorme, numa casinha do quintal. No Inverno, fica coberto por um espesso manto de pêlo quentinho. Quando está bom tempo, fica no parque, lá fora. Há uns meses, decidimos começar a soltá-lo no quintal, dentro do canteiro de flores que o meu amor construiu. Raramente sai dali, gosta de ficar a mordiscar as flores e a apanhar banhos de sol.

São os rapazes que tratam da bicharada toda da casa. Excepto do Peanuts. Gosto de ser eu a tratar do meu coelho. Mas o Vasco também lhe tem um carinho especial…




4 comentários:

  1. Minúsculo, de facto. Ainda bem, assim há mais espaço no teu coração para mais um ou outro animal de estimação ;)

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  2. Ah, ah, ah! Estava mesmo a precisar destas gargalhadas, Gralha! Mas, não, o meu coração já esgotou a sua capacidade máxima de bichos!

    Vá... excepto aquele espacinho mesmo muito pequenino que está ali guardado à espera de um cavalo. :)

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  3. Também um dia me calhou uma coelha num apartamento...wrong idea! Mal era posta em liberdade não havia cano que escapasse, mantas que não fossem roídas, pernas de cadeiras em madeira eram apreciadas. Até que um dia teve ordem de marcha para uma quinta lá para o Norte, espero que tenha apreciado o ar livre!

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  4. Tenho a certeza de que essa coelha ficou muito mais feliz a viver no campo, Mariana!

    O problema destes bichos "modificados", que estão na moda como animais domésticos, é que só perdem em tamanho (o nosso, nem isso...), mas mantêm todas as características da raça. O nosso acalmou muito quando começámos a deixá-lo correr no quintal...

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