(porque hoje não tive resposta a todas as perguntas dos meus rapazes,
nem soube o
que não lhes dizer)
Não,
os ataques terroristas perpetrados em Paris ontem à noite não se devem à
política externa francesa, nomeadamente na Síria. Começaram muito antes.
Não,
isto não foi “mais um ataque terrorista”, igual a tantos outros. O modus operandi deles mudou e isso merece
ampla reflexão.
Não,
os terroristas não entraram todos na Europa de barco, com as armas escondidas nos
coletes, disfarçados de refugiados. Andamos todos a fugir do mesmo.
Não,
a verdade boçal “Nem todos os muçulmanos são terroristas, mas todos os
terroristas são muçulmanos” que li por aí é voluntariamente falaciosa.
Não,
o Corão não diz em lado nenhum que se deve dizimar populações em nome de Alá.
Não,
os terroristas não falavam árabe, coisíssima nenhuma. Várias testemunhas
ouviram-nos falar um francês perfeito, sem sotaque. Tal como os meus filhos,
que estão neste país desde pequenos.
Não,
#JenesuispasCharlie#JenesuispasParis, nem porra nenhuma. Isto não é um hashtag,
isto não é uma moda, isto não é uma foto de perfil de facebook com a bandeira
da França durante uma semana.
Não,
não tenho medo de actos terroristas que aconteceram a três horas de minha casa.
A única maneira de lutarmos contra isto é recusando-nos a entrar nessa vaga
explosiva de medo+xenofobia. Disso, sim, tenho muito medo.
Não,
a maior comunidade estrangeira a viver em Bruxelas, contrariamente ao que se
pensa, não é árabe… é francesa. Ninguém dá por eles e não param de chegar, é uma
maçada. Mas não é por isso que vamos deixar de acolher refugiados.
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